quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

NOVO TEMPO - 2014 - Nazareno Lima




   ANDANÇAS – 19/02/2014
              Nazareno Lima


Andei por muitos lugares;
Olhei em muitos olhares,
Vi algo que não se diz ...
É a Razão que me faz crer;
Vi prazeres... Vi sofrer,
Mas não me senti feliz!

Fui descendo... Fui subindo ...
Vi mulheres que, fingindo
Enganavam multidões ...
Pela Fé que me guiava,
Em reflexos, eu me alertava
Pra fugir destes quinhões!

Vi mulheres revoltadas
Por amar sem ser amadas.
Vi Crianças à chorar...
Vi casais desentendidos,
Vi homens sendo traídos
Por não ter amor pra dar!

Vi idosos como Eu,
Lutando mais que Orfeu
Por uma esmola de amor...
Mas nas lutas só perdiam
E a traição que recebiam
Aumentava a sua dor!

Vi crianças rejeitadas,
Suas mães desesperadas,
Na idade prematura ...
Por não ter algo de novo,
A revolta desse povo
Já virando uma cultura!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

AQUI - 1993 - Nazareno Lima

                 - II -
Herdei-te pois, esta triste cinda:
Meu fraco corpo sob ti, habita
Mas, minha alma tristemente aflita
S'tá na floresta habitando ainda !

Este teu castigo, enquanto não abranda
E nem o meu nome a tua boca chama:
Meu magro corpo por justiças clama
E minh'alma triste entre vales anda!

Enquanto errada, contra mim se vingas:
Meu corpo frágil por tuas praças vaga
E minh'alma alva enquanto não se apaga
Vive nas matas à cortar seringas !

Enquanto trair-me-á por anos vindouros,
Meu corpo trilha por teus sujos becos
E minh'alma odiando estes matos secos,
Anda tristonha pelos varadouros !

Enquanto me exploras à cada vez mais,
Com tamanha mágoa, a qual me consome:
Meu pobre corpo vive à passar fome
E minh'alma vaga pelos tabocais !

Enquanto negares os direitos meus
Com estas tuas leis ultra-corrompidas:
Meu corpo anda à mendigar comidas
E minh'alma vive à se lembrar de Deus !


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

MAIOS - 20-05-2002 - Nazareno Lima


-VI -
Esta pobreza que nos desatina...
Nesta oficina da desigualdade
É a caridade da missão divina
Para quem domina a sociedade!

Que seja fina a vil ansiedade,
Dessa verdade de quem trouxe a sina:
A equidade da função ferina
Que contamina nossa honestidade!

Esta pobreza que nos conceitua,
Que há tantos tempos sobre nós atua,
Alimentando a poderosa usura...

É inconformável pois, se conformar,
Mas, essas cousas há nos explorar,
É a Dialética da nossa cultura!

A BOCA DO VARADOURO -2008 - Nazareno Lima - Org. Prof. Isaac Ronaltti





    05 de Setembro de 2003
    ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Grande tristeza me chegou agora
Pois, a melhora foi pura ilusão ...
A euforia do meu coração,
Foi utopia e já não mais vigora !

Tanta fumaça da floresta à fora ...
Fosse mentira pois, será traição ?
Ou talvez, quem sabe? Foi desatenção
Dos companheiros por multi - labora !

Tal a paisagem dos anos 80,
A minha classe deve estar atenta:
Eu só espero que ela então não finjas ...

Devo voltar aos meus antigos brados:
O genocídio dos anos passados
Ressuscitou de suas próprias cinzas !!!
          ************


     Os Anos Passados  -  25/11/2003
      ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Que me desculpem os anos passados
Que me ajudaram tanto a aprender...
Obrigando-me pois, a entender ...
As clarividências dos desesperados!

Que me desculpem os anos passados
Pela triste literatura do maldizer:
Quando só a injustiça vinha atender
A necessidade de nós, explorados!

Que me desculpem os anos passados
Por serem tanto bem interpretados
Por todas as bocas que mentiram ...

Mesmo ofuscado pelas minhas dores ...
Não consegui observar as flores
Que estes anos todos produziram !
          **********

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

NOVO TEMPO - Nazareno Lima - 2014


         A Sombra - 18/01/2014
         Para Franciete V. Silva
                 Nazareno Lima

Como uma Sombra eu te conhecia
Não percebia e nem podia crer
Que um certo dia, sem eu perceber
Me dominasse, por Telepatia!

Meu ser inerme, não se defendia
Só atraía um vil padecer:
Meu magro corpo a se estremecer
Convalescia da Hipotermia!

Mas essa Sombra que fingia Mau
Criava um efeito colateral,
Preparando minhas idoneidades ...

Amando enfim a essa Sombra-mulher,
Ganhei forças, coragem, paz e fé
E a mais completa das felicidades!
      ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

SOLILÓQUIO Á MINHA MÃE - Nazareno Lima e Chico Mendes - 1982









⦁    VI –

Ao ver a orfandade futura, meu tino
Sofre um terrível susto ...
Tal aquele que sofreu Augusto
Quando escrevia “As Cismas do Destino”.

Tua derrota, ó Mãe, é tudo aquilo...
Onde não há forças que à abrande...
Te vejo como Alexandre, o grande
Tentando descobrir as nascentes do Nilo!

O seringueiro entrou em extinção ...
A seringueira também entrou:
Foi o capitalismo quem obrigou,
Esta destruição de irmão sobre irmão!

Tal o seringueiro amava o látex forte,
O sulista no Acre ama a grilagem
E tal qual a hévea odeia a friagem;
Tu foges sem poder, do poder da morte!

Quando as chuvas de Janeiro te encharcam,
Do teu duvidoso futuro não me lembro
E as flores das héveas no mes de Setembro,
São as poucas cousas que ainda me marcam!

Ó Mãe! Tal qual causa pena um aborto,
O teu genocídio causa pena ...
Essa gente te olha tal como a hiena,
Ao aproximar-se de um animal morto!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


        REI DO DESCONFORTO      
                             Nazareno Lima
Há  algo no mundo que não acredito:
É na grande miséria que estou passando!            
Pôr isso mesmo eu vivo estudando,
Este mau tempo, pôr demais desdito!

Enquanto eu vivo, pôr demais aflito
E os homens me vão multidescriminando,
A Natureza vai fenomenalizando,
A minha alma para ser um mito!

E nesta luta de injustiça e guerra,
Sou desvalido nesta tosca terra
E o que ainda peço é que ela me perdoe...

Mas... Ainda serei Rei neste desconforto,
Mesmo que seja depois de morto,
Tal Inês de Castro depois de morta, foi!
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                    VISÃO  -  II
                                      Nazareno Lima
Trocando olhares com a Natureza
E, vendo a beleza que ao homem fez:
Eu percebia a minha mesquinhez,
Diante daquela divinal grandeza!

Eu perguntei com grande estranheza,
A todas as energias que Deus perfez:
Pôr que o homem com sua hediondez,
Ataca aquela que lhe deu firmeza?

Eu vi, exatamente nesta ocasião,
A humanidade indo para a extinção
E dizendo-se a espécie que não erra...

E foi nesta infeliz introspecção
Que descobri a precoce finalização,
Da Espécie Humana pela própria Terra!
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             IDEALIZAÇÕES
                             Nazareno Lima
Pôr um desespero hediondo, perseguido ...
Pôr um descrédito social, crucificado ...
De uma luta sem resultado, cansado:
Vivo um momento sem ter sentido!

Para tudo isto pois, não fui nascido:
Eu tenho um ideal obcecado ...
Pôr que o mundo me considera errado,
Se é do mundo o que tenho aprendido?

Sei que não nasci para tudo isso:
Eu tenho neste mundo um compromisso
E está claro na minha raridade!

Hoje sem ter qualquer espaço aberto
Vejo que o próprio mundo me faz incerto,
Causando ao homem a inutilidade!
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