segunda-feira, 21 de dezembro de 2015



INTERROGAÇÕES - 1992
Nazareno Lima

Pôr que este castigo multiforme?
Qual é a causa desta grande maldição?
Pôr mais que solicitemos na oração,
Nosso maldito perseguidor não dorme?

Pôr que ó Deus, sofremos tal exploração,
Se temos uma pobreza uniforme ?
Qual é a culpa deste padecer enorme,
Se jamais exploramos sequer um cão?

Ó Deus, após 30 anos de pedido,
Só ganhamos o pobre tempo vivido
E um imenso castigo estrangulador ...

Esperamos estar-nos enganando
E que seja falso o que estamos pensando:
Que até tu nos seja também explorador!

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INQUIETUDE - 1992
Nazareno Lima

Na depressão emocional mutante
Que, periodicamente, variável, carrego ...
Na indiferença estúpida de um cego,
Aceito, inerme, como hospedeiro errante!

Falta Deus, Natureza, Energia e avante
Eu sigo. E só sigo, não me entrego
Pois, não há para quem. Com quem me apego,
É em vão. Não há resultado transfigurante !

Como precisam os Capitalistas, dos capitais:
Eu preciso de realidades materiais
Para içar minhas esperanças mortas ...

Eu preciso de positivas energias,
Para esquentar minhas idéias frias,
Que já cansaram de bater-me às portas !

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domingo, 20 de dezembro de 2015

O AMOR E A ARTE - 13-02-2013
Nazareno Lima

Na vida nem tudo é fel;
Há também paz no caminho.
Se registram esse alinho,
É a paz do menestrel!
E assim segue o tropel,
Publicando o "pergaminho":
Os Parabéns do Martinho
E V da Vila Isabel!
E enfim o amor do amante
Chega a forma mais brilhante
Que a alma pode aceitar...
E livre de qualquer crença
Tem o ser a recompensa
Das agruras de lutar!

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SAUDAÇÃO A 2004 - 29/01/2004
Nazareno Lima

2004, fizeste bem em vir ...
Que sejas justo, produtivo e santo !
Que me permitas todo este encanto
Que é a minha mente poder produzir !

Até agora, tal quanto um faquir,
Vivi à experimentar, portanto
A triste vida dos que sofrem tanto
Transformando-a nesta arte aqui !

Mas, a tristeza me atacou de novo
Pois, se não fosse este triste povo ...
Talvez quem sabe? Eu fizesse nada !...

Será possível que um pensador,
Tem que viver à perseguir a dor
Para viver da profissão alada ?
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sábado, 19 de dezembro de 2015

Hino da Luta dos
Seringueiros - 1982
  
 Nazareno Lima e Chico Mendes

Sem saber lutar, lutamos,
Sem saber pedir, pedimos,
Sem saber exigir, exigimos,
Sem poder ficar ficamos!

Sem poder morrer, morremos,
Sem saber falar, falamos,
Sem poder ganhar, ganhamos,
Sem poder viver, vivemos!

Sem poder empatar, empatamos,
Sem saber fingir, fingimos,
Sem poder reunir, reunimos,
Sem poder gritar, gritamos!

Sem saber fazer, faremos,
Sem poder odiar, odiamos,
Sem poder amar, amamos,
Sem poder saber, sabemos!
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

V  VISÃO - 2004
Nazereno Lima

- III -

Eu vi ...
O logro do Presidente,
A fome matando gente
Em São José da Tapera !
Rugindo como uma fera,
ACM - disse eu peço,
"Mudem o painel do Congresso
Pra eu ver quem votou em mim !"
Três homens num botequim
Na orla de Diadema,
Tramavam um bom esquema
Para matarem um Prefeito
Que tornou-se incoerente !

Eu vi ...
É pensar pra conferir:
Algo que não sei dizer...
Vi o Governo à vender
O que o país possuía ...
A entrega prosseguia
Sem embaraço e preguiça,
Com o aval da Justiça
E do Congresso espreiteiro.
O Capital estrangeiro
Vinha aqui fazer a festa ...
Onde a Cultura modesta ...
Dava motivos pra rir !

Eu vi ...
Antes que alguém me visse
"Esqueçam tudo que eu disse!"
Declarava o Presidente,
Justificando um presente
Que o seu passado acusava ...
Na verdade, ele estava
À fugir da exigência
Que os opostos lhe faziam ...
Outros então prometiam,
Em consolar a pobreza,
Foi uma bela esperteza,
Pra que o Poder resistisse.

Eu vi ...
Com a maior comoção ...
A feroz espoliação
Do poder do Capital:
O Grande Plano Real
Qual aos outros semelhante!
O que o tornou brilhante
Foi a Globalização!
O Congresso demagogo
Criou um imenso jogo
Junto à Ciência espreiteira,
Falaram de tal maneira,
Burlando a população...

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

V  VISÃO - 2004
 Nazareno Lima

- II -

Eu vi ...
Um homem politiqueiro!
Um Fernando entregador!
O Apagão apagador,
Um país ameaçado ...
Um Governo disfarçado ...
Julgando-se verdadeiro ...
A fome multiplicada,
Criança sendo explorada
No Cerrado brasileiro!


Eu vi ...
Aquilo que não se faz;
Onde o poder do Serjão
Comprava a reeleição
Por 200 mil Reais ...
Era grande a ambição...
Muitos foram com o Chicão...
Até o meu amigo João
Entrou nesta embarcação
Por julga-la ser de paz !


Eu vi ...
Um político gira-mundo,
Chamando de vagabundo
Quem estava aposentado ...
Banqueiro desconfiado,
Vendo a crise ameaçando ...
O Dólar ir disparando
E o país recorre ao Fundo !
SOBREVIVÊNCIA - 17-12-2015
         Nazareno Lima
Sobrevivi à Paralisia
E à razia do Impalludismo,
Às arrogâncias do Capitalismo
E aos perigos das más companhias!
Ao Desemprego, que no dia-a-dia
Tira a alegria do nosso civismo.
Sobrevivi ao Analfabetismo
E a Fé em Deus, que é minha alegria!
Sobrevivi à Tuberculose
E as bebidas que em altas doses
Eleva o homem a ficar no chão...
Venci de tudo que se possa crer,
Mas uma fera não pude vencer:
É a maldita dor da Solidão!
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

V - VISÃO - 2004
RESUMO - 17/02/2004
       Nazareno Lima

         - I -
Vi coisas neste país
Que deixou-me estarrecido ...
Tornei-me compadecido ...
Horas julguei-me infeliz
Pela miséria do povo.
Pedindo algo de novo
Para a esperança voltar
E, então eu poder votar
Sem ter que me arrepender
E que o leitor possa me ler
E então depois pedir bis!

Alguém disse no Mercado,
Lendo a minha poesia,
Que só escrevo heresia,
De pensar ultrapassado ...
Mas ... Como posso falar
De algo doce e decente?
Se a pobre da minha gente,
Vive no mundo à chorar ?
O poeta representa
Sua classe social:
Ele fala o que é real:
A verdade, não inventa!

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terça-feira, 15 de dezembro de 2015


OS ANOS PASSADOS  - 25/11/2003
                                   Nazareno Lima
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Que me desculpem os anos passados
Que me ajudaram tanto a aprender...
Obrigando-me pois, a entender ...
As clarividências dos desesperados!

Que me desculpem os anos passados
Pela triste literatura do maldizer:
Quando só a injustiça vinha atender
A necessidade de nós, explorados!

Que me desculpem os anos passados
Por serem tanto bem interpretados
Por todas as bocas que mentiram ...

Mesmo ofuscado pelas minhas dores ...
Não consegui observar as flores
Que estes anos todos produziram !

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015


 
 
  POESIAS - II -
                  Nazareno Lima

              
Misturei-me hoje a Ciência,
Tal no além mistura-se Céu e Terra!
Como a violência se mistura à guerra
E o leigo mistura-se à incompetência!

Misturei-me a eficiência,
Como as rochas se misturam a serra:
Tal a morte que a vida encerra
E Gandhi misturou-se a clemência!

Tal Cristo misturou-se a verdade,
E a Filosofia a realidade,
Eu vivo essa mistura exagerada...

Assim... O bem se mistura ao bem.
O mal, ao mal mistura-se também,
Para a Natureza ser equilibrada!!!


domingo, 13 de dezembro de 2015

REALIDADES - 01/10/99
                Nazareno Lima

Talvez, quem sabe? A felicidade,
Que eu admito nunca ter sentido:
O que acontece, na realidade,
É que estou passando pôr despercebido!

Hoje a saúde e a faculdade
Do Conhecimento que tem me assistido...
Fez a tristeza me deixar saudade
E a exploração ser algo perdido!

Talvez não tenha dentre a humanidade,
Um momento de mais felicidade
E um prazer pôr demais profundo:

Ter resistência de poder andar
E consciência para analisar
A Natureza que criou o mundo!!!

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05 DE SETEMBRO DE 99
                  Nazareno Lima

Fim do milênio com pouca fumaça:
Coisa que antes não se imaginava
Pois, ano a ano se multiplicava
Essa terrível e abrasal desgraça!

E nesse 05 de Setembro estava
Uma forjada e social trapaça,
Pois de tristezas se vivia a graça
Do desespero de quem se queimava!

Mas, a vitória dos trabalhadores
Que a tantas mentes provocou horrores,
Trouxe o alívio desses vitimados...

Que d’oravante vá diminuindo
O genocídio que foi sucumbindo
Esse ambiente nos anos passados!

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FLOR DE LIS - 28/09/99...
                    Nazareno Lima

Me apareceste como a flor de lis,
Que orvalhada enfeita e perfuma:
Rara beleza que sempre acostuma,
Ao homem pobre que quer ser feliz!

Sensível e leve igual a espuma,
Foi esta pluma que eu sempre quis:
De professor tornei-me aprendiz,
Da tua força que ao espírito exuma!

Eu te agradeço pôr me aparecer:
Mesmo que um dia me faças sofrer,
Nestes caminhos de uma só descida...

Futuramente, quando eu for passado,
Lembrai ao menos de ter me ajudado,
A escrever esta pré despedida!!!
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terça-feira, 8 de dezembro de 2015


REFLEXÃO - 02/12/2015
                  Nazareno Lima

Agradecido por tantas bondades
Que a Providência nos proporciona
À cada dia nessa imensa zona,
Aonde reina o terror das maldades!

À liberdade que se questiona
E do amor, as complexidades,
São os segredos das Felicidades
Que a muitos seres, os decepciona!

Entre vitórias e derrocamentos,
Entre prazeres e sofrimentos,
Entre humildades e arrogâncias...

A forma mais simplificada  de vencer
Evitando o castigo de sofrer
É manter a ação de tolerâncias!

terça-feira, 24 de novembro de 2015





DILEMA - 22-11-2015
         Nazareno Lima

Certos fenômenos que nos traz a vida,
Que dividida, fica a consciência:
À eminência pois, da despedida
E a saída então é a desistência!

Essa ciência que burla a convivida
Ação mantida do ser em abstinência:
A adstringência força a desistida
E arrependida vai a sua essência!

E nas profundezas da alma desse ser
Vitimado pelo ditame, vai sofrer,
Dos traumas da consciência, as agruras...

E faltar-lhes-á o consolo em horas vagas
Pois a culpa, somente sua, lhe afagas
Na mais completa e perfeita das torturas!

segunda-feira, 23 de novembro de 2015






ÚLTIMA MÁGOA - 20-11-2015

                         Nazareno Lima

Persuadido por questões profundas,
Que os tropeços da vida impuseram,
Em magoas estranguladoras se fizeram
De tão pesadas emoções infundas!

Os sofrimentos que ao meu ser afundas,
Sem ter pois, melhoras que o esperam,
Foram os presentes que sempre deram,
Certas pessoas do mal oriundas!

E foram estes, os meus ricos dotes
Que me fizeram ser um "Sem Culotes"
Da Revolução Sentimental da Vida...
 


Mas essa mágoa que me faz sofrer,
Ensinou-me, ao bom Deus agradecer
E não dizer que a luta é perdida!

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DECEPÇÕES - 21-10-2015
Nazareno Lima

Atribulados por maus pensadores
Que causam dores e disritimia;
Que dia a dia, ao invés de flores,
Nos mostram as cores da hipocrisia!

Nas dinastias de tais opressores,
Cujos olores semeiam a razia
Das trepelias... dos exploradores
Pirateadores da psicologia!

E na alma destes monstros dos disfarces,
Burlam até Freud, em seus enlaces
Na mais perfeita das atuações...

E depois de saciados os seus anseios,
Respiram o seu sadismo em devaneios,
Nos provando as reais decepções!
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segunda-feira, 24 de agosto de 2015




A ÚLTIMA REVOLUÇÃO ACREANA

Nazareno Lima
 

 



Capítulo1. O Declínio da Produção da Borracha.
 


O declínio da produção da borracha no Acre teve início a partir de 1949, principalmente por conta do fim dos contratos econômicos internacionais relativos ao abastecimento da II Guerra Mundial.

Acontece que alguns desses contratos de abastecimentos teriam terminados no ano de 1945, outros teriam terminado em 1946, alguns em 1947, outros ainda em 1948, pouquíssimos terminaram em 1949. Em 1950 não havia mais contratos de abastecimento de borracha relativos à II Guerra Mundial.

Se alguém perguntasse: a II Guerra Mundial terminou em Agosto de 1945 e por que em 1949 ainda tinha contratos de abastecimento da Guerra?

Ora, a Guerra deixa muitos prejuízos e destruição, então esses contratos eram para repor a economia industrial abatida ao longo de seis anos de guerra. Os seringais de cultivo da Malásia e do Ceilão foram todos destruídos pelos japoneses e isso também foi uma grande perca não só para a Inglaterra, que era a financiadora destas áreas produtoras, mas também para os EUA, que era um dos maiores importadores desta matéria-prima.

Mas esse declínio da produção da borracha no Acre, não estava relacionado somente ao fato acima citado, ele implicava também na questão ambiental, pois o trabalho do corte das seringueiras matava muitas árvores e daí a produção geral diminuía, uma vez que a reposição natural era menor que a quantidade de árvores exterminadas com o trabalho.

Durante a década de 50 vieram os últimos "brabos" do Nordeste para trabalhar na produção do látex no Acre, e isso sem o auxílio do Governo.

Um outro fator que também enfraqueceu por demais a produção de borracha no Acre foi a agricultura de subsistência que o seringueiro começou a praticar a partir do início da década de 1950. Com essa atividade, ele perdia muito tempo principalmente na época da "broca" e "derruba" do roçado que era feita durante os meses de junho ou julho, época mais propícia para o corte das seringueiras. Nessa época, os patrões, que já não tinham o poder e o recurso dos coronéis, não proibiam ou não podiam proibir a atividade agrícola dos seringueiros do Acre, uma vez que estes não dispunham de mercadorias suficientemente para abastecer os seringueiros durante o ano todo. Diante disso, os patrões não podiam exigir que o seringueiro não plantasse o seu roçado

sexta-feira, 21 de agosto de 2015




NOVO TEMPO – Agosto – 2015
Nazareno Lima





Tal a exploração se expande
E prossegue a ignorância:
Eu sigo com a militância,
Sem urgir que alguém me mande!

Antes que a vida desande
E por fim chegue a demência,
Luto enfim nesta ciência ...
Pois meu compromisso é grande!

Tal o maior dos brasileiros,
Sinto então dos Seringueiros,
O desejo de vitória ...

Hoje nada o que eu fazer:
Para não deixar morrer ...
Resgato-os com a História!
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O Acre foi um Teatro
De lutas e de tristezas,
De mortes, Crimes, friezas,
Violências ... Correrias ...
Cangaço e Piratarias
Lá no Século IXX ...
Quando um Tratado resolve
O Brasil por donatário ...
Tal funesto relicário
Até 1912
Ostentava então a pose
De Coronéis e patrões,
Onde as indenizações
Despertou grande cobiça
Daí também a preguiça
De gerir o Território ...
Formando-se um purgatório
De fome e desilusões,
Vivendo as recordações
Do heroico Plácido de Castro!

Em 1920
Criaram os Governadores,
Nem assim parou as dores ...
Aumentaram mais as cargas,
Nem mesmo Getúlio Vargas
Consertou esse cenário ...
Diminuiu o erário,
Esgotou-se o extrativismo
E o fino Coronelismo
Enfraqueceu por demais
Porém, esperança e paz,
Só veio mesmo em 40
Quando a tal Guerra Sangrenta
Do Supermem da Alemanha ...
Borracha, Caucho e Castanha,
Consumiam pra valer
E o Yanque pra vencer,
Mandou trazer os soldados,
Preparados ... Vacinados ...
Numa ação mais que acinte!

Depois da Guerra ficou
O abandono por completo:
Nenhum projeto concreto
Fizeram no Território
E o imenso purgatório,
Teimou e voltou à tona,
Melhorar o Amazonas,
Eram promessas, mais nada;
Até uma grande estrada,
Juscelino prometeu,
Mas ao Acre o que rendeu,
Às mãos de dois Comunistas
- Zé e João – Dois populistas,
O Acre virou Estado,
O Território – coitado,
Não tinha como seguir
E o Exército ao assumir,
Precavido e assombrado,
Olhando pro seu passado ...
Um Projeto elaborou!

Esse Plano de Indecência,
Tramado em 65,
Forjado com muito afinco
E com altas malandragens:
Formar o Acre em pastagens,
Sem medir as consequências,
Depois de tantas falências
De Patrões, Casas e Bancos...
O horror desses arrancos,
Só danou os Seringueiros,
Esses pobres floresteiros,
Expulsos pelos desmates,
Organizaram os empates,
Por ser a única saída...
O "paulista" floresticida,
Adentrava aqui sem penas
E por 3 dólares apenas,
Comprava cada hectare
E por não ter quem lhe pare:
Foi o jeito a violência!

Depois que o Chico morreu,
Pela mera negligência...
Por faltar clarividência,
Que às vezes a mente nega
E que o homem as apega,
Querendo pensar sozinho,
Por mirar outro caminho
Paralelo à liberdade...
Após esta atrocidade,
A Luta parou ali:
Eu jamais saí de si,
Descobrindo uma verdade:
Uma responsabilidade,
De outra forma lutar,
Tentando historificar,
Essa Classe ostracista
Porém, a mais ativista
Que no Brasil já brotou...
O Poder à sufocou
E a Lei não a conheceu!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Cadê o povo humilde e ordeiro
Que a lealdade brindou por querer...
Na resistência conseguiu vencer
E em 80 era companheiro?

Cadê o povo que não quis perder,
Que figurava como Seringueiro...
Que empatava o mau fazendeiro
E que inventou a sigla PT?

Cadê o povo de luta e coragem,
Que até Plácido rendia homenagem
E nem a História o reconheceu? ...

20 anos lutando nos matos,
De peito aberto ou nos Sindicatos...
Mas hoje esse povo desapareceu!
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Cadê o Dr. João Maia
E o Bispo D. Moacyr?
Nunca mais os vi aqui...
O tempo os tirou da raia!

Cadê o Wilson Pinheiro,
Lupércio e Jesus Matias,
João Correia e Zé Maria,
Carlitinho e João Carneiro?

Cadê Otávio Nogueira,
Poeta Elias Roseno,
Waldiza Souza e Pequeno,
Bernaldo e Gessom Pereira?

Cadê Raimundo Nogueira
E Leonardo Barbosa,
Gonçalo e Branco Taboza,
João Diogo e João Teixeira?

Cadê Raimundo Nonato,
Pedro Rita e Osmarino,
Arlindo e Chico Taveira,
João de Deus e Zé Quirino?

Cadê Davina Macedo,
Pacífico e Chico Germano,
Assis Cecília e Tião,
Vanjú e João Bronzeado?

Cadê a Irmã Madalena,
Chico Grosso e Catarino,
Jerome e Chico Sabino,
Dudu e Toinho do Sena?
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ 

Cadê Luiz Damião,
Gilsom da União Bahiana,
Pedro Teles e "Bacana',
Veríssimo e Evair Higino,
Maneiro e Luiz Targino
Irmã Nilce e Raimundão?

Cadê o Júlio Barboza,
Dercy e Osmar Facundo,
Chicão do "Oco do Mundo",
Vicência e Maria de Brito,
Luiz Ceppi e Manelito,
Assis e Paulo Lustosa?

Cadê o Dr. Gumercino,
Joffre Cury e Leocádio,
Irmã Carmem e Padre Cláudio,
Beleza e Chico Carlota,
Padre Destro e Carmem Mota,
Aurélio, Doda e Flauzino?

Cadê "Seu" Walter Nicácio
E a Rádio 6 de Agosto,
Nestor e Luiz do Posto,
Luzia do "Porto Manso",
Siqueira, Cézar e Polanco,
Carlindo e Waldyr Nicácio?

 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015



AGOSTOS - 30-08-2014
Nazareno Lima

        - VI -
Entre Agostos e desgostos, vejo
Malabarismos de mil saltimbancos,
Barbaridades de cem mil arrancos,
Contra as verdades que eu sempre almejo.

Na qualidade do sabor do beijo,
Quero pensar como os heróis brancos,
Impulsionado por mil solavancos,
Curar Minh’alma desse grande aleijo!

E quando o último Jornal dos Oprimidos,
Listar a relação dos esquecidos
E nesse Rol figurar meu pobre nome...

Sairei do anonimato então proscrito
E soltarei na Floresta um grande grito:
Que um homem no Brasil venceu a fome!


      - VII -
Talvez por ser deste humilde povo,
Que sofre, sofre e sofre sem parar
Pois, sobra gente à nos explorar
E a cometer este enorme estorvo!

Tal para Augusto, a função do corvo
E para Marx, o jeito de ganhar...
Eu vejo o mundo à me expropriar
E por isso a dor me atacou de novo!

E às 3 horas em pleno abandono,
Quero dormir mas não acho o sono
E... Fico assim à pensar na vida...

E uma pergunta me martela a alma
Quando será que isto se acalma?
Porque a Fé não pode ser vencida !!!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

quarta-feira, 19 de agosto de 2015





 POEMA TRISTE - 05 /09/2012
 Nazareno Lima

Descendo do povo triste
Que entristeceu a Floresta,
Hoje enfim nada mais resta
Deste povo entristecido...
Pelo Brasil, esquecido...
Sem história e sem lembranças,
Que viveu só de esperanças,
Apoiado em suas crenças,
Lutando contra as doenças
Sem Governo que o assiste!

Povo pobre desgraçado,
Imigrante do sertão,
Seguidor da devoção,
Pela seca, castigado:
Talvez o mais explorado
Que a América já viu,
Foi quem mais contribuiu
Para enricar o País...
Mas a História não quis
Registrar esse passado!

Povo pobre e solitário
Extrator da Goma Elástica,
Viveu a vida mais drástica
Que o Brasil imputou:
Pois em tudo lhes faltou
Exceto a esperança,
Onde a luta não lhe cansa,
Porém não lhe torna ilustre
Aonde a Febre Palustre
Foi o grande adversário!

Surgiu nos anos oitenta,
Lá no Século XIX,
Porém não há quem comprove
Os primeiros Seringueiros,
Estes pobres brasileiros,
Quase todos nordestinos...
Entre velhos e meninos,
Em tudo, lutaram forte:
Não temeram nem a morte
Naquela Guerra Sangrenta!

Deixavam o velho torrão,
Oras da seca fugindo...
Já outros iam saindo
Para escapar do Cangaço!
Milhares, pelo cansaço
De viver na Injustiça:
Sem oração e sem missa
Seguiam para os embarques,
Onde nem García Marquez
Conheceu mais solidão!

Por seis meses viajando,
Chegavam ao barracão,
Devendo muito ao patrão,
Tinham que economizar,
Por isso pouco comprar,
Era a meta a ter um saldo,
Mas a dívida por respaldo
Teimava em lhe acompanhar:
E o momento de voltar
Ia-se então adiando!

A goma subiu de preço
Em 910...
Pra 17 mil Réis...
Mas não chegava a 1/3
Para os pobres seringueiros.
Coronéis e estrangeiros,
Faziam um jogo de encarte
Na luta destes “guerreiros”.
Manobras pra não dar certo
Enganava o mais esperto
Naquele gigante cerco!