quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

POESIAS ACREANAS - Isac de Melo - 2015

GENTE É POVO

          Isac de Melo


Desde os primórdios da vida
A raça humana padece
Ao mesmo tempo em que cresce
Falta-lhe paz e comida
Cada pessoa nascida
Já deve, sem ter comprado,
Cresce pra ser convocado
Para se envolver em briga...
Gente é povo não formiga
Pra ser não visto e pisado

Duas guerras abalaram
Nosso povo, nossa gente
Países e continentes
Mutuamente se mataram
Bravos soldados tombaram
Até ter como legado
O Japão bombardeado
Por ser o pivô da intriga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Hiroshima e Nagasaki
Não aferiram feridas
Quantos milhares de vidas
Ceifadas nesse combate
Não é comer ‘chocolate’
Ver seu amigo tombado
O seu país derrotado
Nas mãos de tropa inimiga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Refugiados da Síria
Do Haiti do Paquistão
Do Egito do Sudão
Da Grécia e da Assíria
Uma operação Valquíria
De um Islã chamado estado
Buscando seu califado
Destruindo história antiga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado
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POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - "Agostos" - 2014


AGOSTOS 30 - 08 - 2014 
                       Nazareno Lima

       - I -

Onde será que andam as minhas flores?
E os bons amores onde se esconderam?
No passado, sempre apareceram
E hoje somente vejo as minhas dores!

Nos meus perfumes não há mais olores
E minhas cores amareleceram
Os meus amigos se entristeceram
E em mambembes, os meus bons atores!

Depois de tanto escrever nas lousas
E lutar tanto contra o fim das cousas...
Eu me tornei dos homens, o mais triste:

Mas o consolo que me ainda resta,
É ver na vida algo que ainda presta:
É poder sentir que a Poesia existe!

       - II -

Sol amazônico, já nem sinto mais...
E à noite nem vejo a cor do seu luar;
Vozes não ouço: é inútil falar
E nem o orvalho, emoção me traz!

O som das cigarras, que me dava paz...
A música de um rádio, em algum lugar...
Nem mesmo a aurora, é inútil raiar...
Nada mais hoje, me alegre faz!

Mas tudo isto que me faz ser santo...
E tudo o qual me entristece tanto
Fazendo-me descer esse vil declive...

Partindo dessa ordem da Natureza,
Sinto hoje a maior certeza
Que felizmente a Poesia vive!

      - III -

Atribulado por estes meus meios
Que hoje creio, ser o meu pecado,
Articulado por poucos anseios...
Eu lembro enfim do meu pobre passado!

Impulsionado por mil devaneios...
Por entre veios... Desarticulado...
Uma estrutura que faltam os esteios
Que está no meio do povo explorado!

Seguindo assim nesse vil ditame,
Longe de ter alguém que me ame
E que defenda minha utopia

Mas nesse vil descontentamento,
Vivo na paz de um confinamento,
Na articulação da minha Poesia!

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2013


O RIO E O HOMEM - 08-02-2013

                  Nazareno Lima

A vida dar muitas voltas,
Tal na Floresta o rio corre:
Por falta das voltas o rio morre
E sem as curvas, acaba a vida!

As curvas da vida são reviravoltas;
Hábito que a Física nos socorre,
Lutemos para que não borre
A Moral da Ética adquirida!

E tal deve o rio nas curvas não toldar
A água, o homem social deve moldar
Suas curvas sem ódio e sem mágoas...

E limpos na Natureza, indo...
O rio descendo, o homem subindo
E ambos sendo quimicamente, águas!

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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Professora Terezinha Migueis (1941-2000), acreana de Rio Branco-Acre.
Uma das maiores expressionistas da Literatura Acreana,
escrevendo com sensibilidade as paisagens e as situações
das classes mais humildes de nossa gente.

POESIAS ACREANAS - Terezinha Miguéis - 1984

JUNTOS 

Terezinha Miguéis Passos 

Estamos juntos,
juntos, sempre juntos.
Ninguém te levará,
ninguém te tocará.
Eu juro,
eu te prometo.
Aqui no meu peito,
és meu, só meu.
Estamos juntos,
estaremos juntos
sempre juntos,

dentro do meu ser
dentro do meu viver.


OUTRO MUNDO; OUTRA GENTE 
(1984 – Acre) 
Terezinha Miguéis Passos 

Como eu aprendi!
Foi outra ida.
É outro mundo,
é outra vida!

Cidade,
cidade de muita gente!
Mas essa,
é bem mais carente!

Humildes,
decentes e sem maldade.
Como essa, deveria ser
a nossa sociedade!


POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima "IV VISÃO 2003 - 2003


         - VIII -

A pobreza é uma proeza
Que até Marx enganou ..
- " É o Capital que a gerou " !
Ele afirmou certa vez!

Marx pensava e dizia
Com segurança e firmeza:
- "Quem produz esta pobreza 
É o poder da Burguesia !"

É falsidade ... É engano !
Tudo isto é um  paradigma:
É a desordem da pobreza
Quem produz a burguesia !

O poder dos proletários
Que Marx defendeu tanto
Foi uma pura utopia
Pois lhes faltaram ciência !

A pobreza é um fenômeno
Que por si se desenvolve ...
Quanto mais ela aumenta
Mais ela tende a aumentar !

Em sua vasta vivência
A pobreza enganou muitos,
Já outros com mais afinco
Lhes tirou a paciência !

A miséria enganou Kant,
Comte, Hobbes e Shakespeare.
Enganou até Proudhon
Com sua "Philosophie de la Misère"!

Hegel, Engels e Francis Bacon,
Kropotkin  e  Bakunin,
Mao, Fidel, Stalin  e  Lênin
E até Saint-Simon!

Quem da pobreza falou
Foram todos enganados,
Só os Índios escaparam
Pois, não lhe deram valor!

Certa vez Proudhon falou :
- "Toda riqueza é um roubo !"
Talvez não seja bem isto:
- É algo que foi perdido !

Quem alimenta a riqueza
São os pobres descuidados,
Em geral pouco estudados,
Ricos de pouca destreza !

A riqueza não é roubo,
Nem tampouco exploração:
Ela é uma pura energia
Que muitos desperdiçaram !!!

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