quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

POESIAS ACREANAS - Fernando de Castela - 2006

LAMENTAÇÃO
Fernando de Castela
Ás vítimas silenciosas do vandalismo das derrubadas
Vivia nós, no meio da mata
quebrando castanha,
cortando seringa,
na luta da coleta,
na luta da apanha,
nas festa da caça,
nas festa da pesca,
nos forró de lá...
Matando a saudade
da terra queimada,
seca e inscranzinada
do meu Ceará.
Íamos, nós aos magotes
lá no barracão
deixar as castanhas,
vender as borrachas,
beber a cachaça,
comprar provisão.
Pisava com força
na terra bendita
que foi conquistada
por nossos irmãos.
Terra brasileira,
terra hospitaleira,
agora sofrendo
traiçoeira invasão.
Irmãos lá do Sul
derrubando as matas,
tirando o sossego
e acomodação.
Cada castanheira,
cada seringueira
tombadas no chão
é um golpe certeiro
doendo e ferindo
nosso coração.
Agora para quê?
Imagine você!
Criar boi berreiro,
vender para estrangeiro,
deixar pelos campos...
Ali, foi não foi,
para nós, seringueiros,
para nós castanheiros
só bosta de boi. p.91-92

Um comentário: