sábado, 28 de julho de 2018

Chalet do Seringal Guanabara em 1913.

Chalet do Seringal Guanabara - rio Yáco, Sena Madureira - Acre - Brasil. Essa era a residência do Dr. Avelino Chaves, proprietário do dito seringal. Foi nessa casa onde nasceu o Prof. Nazareno Lima em 25-11- 1955, quando aquele seringal pertencia ao Coronel Alfredo Vieira Lima e o guarda-livros do coronel Alfredo era Júlio Lima, avô do Prof. Nazareno. Esse imagem foi captado pelo Dr. Avelino Chaves em 1913 e publicada na revista carioca "Fon-Fon".

terça-feira, 24 de julho de 2018

Biografia do Dr. Virgolino de Alencar - Nazareno Lima 2010

Doutor Virgolino de Alencar, fotografado pelo jornal "Commercio do Amazonas" em Manaus, no dia 15 de setembro de 1907.


Dr. João Virgolino de Alencar, nasceu no Estado do Pernambuco, no dia 15 de setembro de 1867. Bacharelou-se em Direito na Faculdade do Recife em 1892-93.... advogou por alguns anos no Recife e por volta de 1895 foi para o Rio de Janeiro onde passou a trabalhar como Promotor em algumas cidades do interior do Estado de Minas Gerais e do Estado do Rio de Janeiro. Em 1903 passa a trabalhar como Delegado de Polícia na Cidade do Rio de Janeiro. Em 1906 foi nomeado pelo Presidente da República Prefeito do Alto Juruá. Durante a sua curta administração na Prefeitura do Alto Juruá envolveu-se numa confusão com o português espalhafatoso Fran Pacheco e este era protegido do General Taumaturgo de Azevedo, resultado: o Dr. Virgolino foi demitido pelo Ministro do Interior Tavares Lyra em Junho de 1907 e volta ao Rio de Janeiro. Em 1909 se candidata a Deputado Federal e se envolve em outra confusão pois ganhou a eleição, mas o acusaram de ilegibilidade, porém continuou lutando por seu mandato, o Presidente da República vendo que havia perseguição contra o Dr. Virgolino, o nomeou Juiz de Direito do Alto Purus no Território do Acre em 1911 e o Dr. Virgolino vem para Senna Madureira. No Território do Acre como Juiz, trabalhou em Sena Madureira, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. No dia 11 de agosto do 1919, justamente no aniversário de 11 anos da morte do coronel Plácido de Castro, apoiou um motim da Companhia Regional, articulada pelo Jornalista e Advogado Estevam Gomes de Castro Pinto mais 30 comparsas, (segundo alguns boatos da época o dr. Virgolino apoiou os revoltosos por medo de ser preso por estes) essa foi a última escaramuça revolucionária que houve no Acre. O Dr. Virgolino faleceu quase à míngua em Sena Madureira no dia 28 de dezembro de 1930 e a sociedade acadêmica do Direito Acreano não tiveras a coragem de lembrar aquele batalhador da Justiça do Acre com uma biografia na Internet.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Biografia do Cel, Joaquim Victor - Nazareno Lima - 2010



                                                   Cel. Joaquim Victor em 1905

Cel. Joaquim Victor da Silva, nasceu no Ceará em 15 de junho de 1863, veio para a região do Acre em 1892 trabalhar como gerente do seringal Caquetá de José Augusto de Oliveira, tornando-se em 1894 sócio deste explorador com a firma Oliveira Filho & Victor. Em 1895 adquiriram por compra o seringal "Bom Destino" com a mesma firma. Em 1897 associou-se com Aprígio Soares da Silveira que era procurador da firma Motta & Antoginy nos seringais São Paulo e Santa Filomena, no Baixo - Acre, uma vez que Motta ,& Antoginy estavam passando para o ramo da especulação imobiliária no centro de Manaus. Com Aprígio Soares da Silveira o Cel. Joaquim Victor montou a grande firma Soares & Victor e montaram o Complexo de Bom Destino, um aglomerado de 8 seringais somando mais de 800 estradas de seringueiras. 

O Cel. Joaquim Victor da Silva foi um dos maiores capitalistas da Borracha em todo o Acre. Participou de todas as rebeliões que houve no Acre. Era ele uma espécie de líder em todos os momentos de auge ou de queda na sociedade acreana. Foi Joaquim Victor o único coronel que ajudou o Dr. José Carvalho – advogado e jornalista cearense - a depor os bolivianos de Porto Acre em maio de 1899. Foi ainda um dos principais auxiliares do Império de Galvez no Acre. Depois da queda de Galvez foi ele e o Cel. Antônio de Souza Braga quem ficaram na liderança política da Região do Acre, participou também da Revolução dos Poetas e junto ao Dr. Avelino Chaves financiaram toda a despesa desta malograda empreitada.

Foi ainda o Cel. Joaquim Victor da Silva que junto ao Cel. Rodrigo de Carvalho, formavam a Junta Revolucionária do Baixo -Acre, além, é claro do Cel. José Galdino, do Alto-Acre, no auxílio e execução da Revolta de Plácido contra a Bolívia para anexação do Acre ao Brasil.

Joaquim Victor sempre viveu no Acre e com os seus seringais "Bom Destino" e "Caquetá", além da sociedade em outros no Amazonas inclusive no rio Purus. Assumiu várias funções, no Território do Acre, desde Prefeito do Departamento por apenas 1 mês em 1915, Intendente da cidade de Rio Branco, Presidente da Associação Comercial, Presidente da Associação de Seringalistas do rio Acre, além de outros. Em abril de 1911 mandou construir o Vapor "Nilo Peçanha" e junto a Honório Alves das Neves e João d'Oliveira Rôlla eram os Coronéis mais abastados do Baixo Acre. Todos os seus negócios eram em Porto Acre chegando a ter mais dinheiro que Newtel Maia, segundo alguns Tabeliões da época, uma vez que suas propriedades foram avaliadas em 5.000 Contos de Réis.

Em 1925, a borracha chega ao absoluto preço de 12 mil Réis por quilograma e o coronel Joaquim Victor liquidou toda a sua produção de borracha, caucho, castanha e madeira, pagou todas as dívidas que tinha nas praças de Rio Branco, Manaus e Belém, além é claro dos mais de 200 seringueiros que lhe produziam... Daí então, arrendou seus dois grandes seringais: “Bom Destino” que na época tinha mais de 500 estradas de seringueiras, mais um outro de nome “São João de Canindé” que ficava às margens do rio Iquiry e que somava 300 estradas de seringueiras, para José da Silva Dantas... juntou toda a sua família e foi morar em Manaus – Am. Por ter muitos negócios no Acre, vez por outra estava aquele coronel em Rio Branco e Xapury à negócios, uma vez que era Presidente da Associação dos Produtores de Borracha do Rio Acre.

O Cel. Joaquim Victor faleceu em Manaus no dia 20 de setembro de 1933 sem vender nenhum de seus seringais.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Biografia do Cel. Alexandrino José da Silva - Nazareno Lima - 2010

Cel. Alexandrino José da Silva em 1905, natural do Ceará, (segundo o Dr. Ferreira Sobrinho ele era de Morada Nova) chegou ao Purus em 1896.
Em 1898 trabalhava como aviado do Capitão Leite Barboza no seringal Humaitá no Baixo Acre. Em 1900 arrendou parte do seringal Bom Futuro, um anexo do seringal “Baixa Verde” e vizinho do seringal “Catuaba” e quando houve a Revolta do Cel. Plácido contra a Bolívia, ele ainda estava com esse contrato de Arrendamento. Participou de todas as revoltas que houve no Acre, desde o Combate de Papirí em 1901, até o cerco ao Gen. Pando no Thauamanu em maio de 1903. Era um homem de coragem e muito trabalhador. Em agosto de 1908 cometeu uma grande tragédia: incentivado pelo Prefeito Gabino Besouro, Dr. Gentil T. Norberto e os coronéis Simplício Costa, Antunes de Allencar, Rodrigo de Carvalho e outros - arquitetou uma emboscada que vitimou o Cel. Plácido. Ele sempre negou seu envolvimento nesse fato, porém seus ajudantes da emboscada o acusavam. Quando terminou a Guerra do Acre e da qual era um dos Comandantes, ele arrendou o seringal "Forte Veneza" do Major José Anselmo Melgaço, na Volta da Empreza e nessa época ficou ele responsável pelo "Vapor Independência" ex "Rio Affuá" de propriedade dos Revolucionários.

Em 1907 adquiriu o antigo seringal "Flor de Ouro" que estava abandonado desde 1900, por conta do exagerado corte contínuo e era situado na margem esquerda do rio Acre, ali entre a boca do Riozinho e Bemfica, também passou a trabalhar para a Prefeitura do Território do Acre, na função de Subdelegado de Polícia.

Logo depois da morte de Plácido, talvez por medo dos amigos de Plácido e também de seu irmão Genesco tentarem fazer alguma vingança, o Cel. Alexandrino apoiado pelo Capitão Francisco Corrêa que era parente seu e funcionário conceituado da Intendência da Vila Rio Branco, pediu sua exoneração ao Pref. Besouro, vendeu o seringal "Flor de Ouro “para o Major Rôlla e comprou algumas propriedades no Alto Acre, incluindo os seringais "Patagônia", "Porto 14 de Dezembro" e "Buenos Ayres", este último, na margem direita do rio Acre, portanto em território boliviano.  Estes seringais estavam localizados entre o seringal "Montevidéo" da firma Dias Peixoto & Cia. e o seringal "S. João" de Álvaro de Carvalho. Acontece que Alexandrino sempre teve cisma de andar na Bolívia por medo de alguma vingança dos bolivianos com relação à Revolta de 1902/1903, então arrendou o seringal "Buenos Ayres" para uma firma boliviana de nome Mariz & Rivas. (Mariz era Octavio Mariz, proprietário de duas farmácias em Xapuri e Rivas era Carlos Rivas, seringalista boliviano)

No dia 9 de setembro de 1911 estando ele neste seringal (Buenos Ayres) para acertar o pagamento da referida renda foi assassinado com um tiro de rifle 44.  Segundo o “Jornal Folha do Acre", ele estava de saída, na beira do rio Acre, sentado numa barrica esperando que seus empregados fizessem a manobra do batelão quando o alvejaram. O acusado foi um boliviano chamado Carlos Rivas, sócio de firma. Segundo o Jornal "Folha do Acre", o assassinato do coronel Alexandrino foi por contas de uma dívida de 40 Contos de Réis que ele tinha à receber do advogado Brunno Barboza, genro do Dr. Emílio Falcão, ambos de Xapuri. Em 1920, Octávio Mariz (o munheca de tatu assado) foi preso por contas do assassinato do coronel Alexandrino porém, em seguida fora solto, uma vez que Carlos Rivas, o principal assassino, já havia falecido.

Era casado com dona Francellina Maria da Silva e deixou dois filhos: Elisa Maria da Silva e Antônio Alexandre da Silva. Em 1914, dona Francellina e seus filhos ainda estavam trabalhando com estes seringais inclusive com um seu genro, esposo de Elisa, o Capitão Renato Souza.  O seringal "Buenos Ayres" arrendado para o Cel. José Raymundo Pimenta que era também proprietário do seringal Nazareth onde hoje está localizado a cidade de Brasiléia no Alto Acre.

A família do Cel. Alexandrino, depois de sua morte, sempre viveu no Alto Acre e liderada pelo Cap. Renato Souza, casado com Elisa desde maio de 1913, era ele um cidadão muito educado e sabido, administrava e fazia a contabilidade dos seringais "Patagônia" e "Porto 14 de Dezembro". Em 1912, na reorganização do Território do Acre comandada pelo Prefeito Dr. Deocleciano Coêlho de Souza, foi nomeado 1° Suplente de Juiz Preparador do 3° Termo (de Brasiléia).

Em 1915, o Cap. Renato arrendou o seringal "Corcovado", que se localizava um pouco acima do seringal Montevidéo, da firma Dias Peixoto & Cia e ali ficou até 1917, quando arrendou o seringal "Reducto" que se localizava abaixo do seringal "Canindé", ficando ali até por volta de 1919. Em 1920 Renato Souza já havia arrendado o seringal "Natal", que ficava um pouco acima do seringal "Porto Carlos" de Dom Lizardo Arana.

Com a grande crise da borracha aumentando cada vez mais no Acre, o Cap. Renato passa a trabalhar de guarda-livros, escrivão e Juiz de paz nos seringais "Carmem" e "Porvir", entre Brasiléia e Xapuri, ali trabalhando até 1930, quando passa a estabelecer-se em Brasiléia e trabalhando na Contabilidade da Prefeitura Municipal.

Em 1926, por conta da morte do Coronel Antônio Vieira de Sousa, escreveu uma crônica elogiando os feitos deste coronel e outros revolucionários falecidos e a publicou no Jornal "Folha do Acre", essa crônica impressionou os grandes jornalistas do Território do Acre e de Manaus. Por conta disso passou a colaborar com o Jornal "O Acre" a partir de 1929.

Depois da desvalorização da borracha, a partir de 1932 em diante, estabeleceu-se definitivamente em Brasiléia e continuou na Contabilidade daquela Prefeitura.  A partir de 1948, passou ele a contribuir com a Imprensa Acreana de Xapuri e Rio Branco, através de suas crônicas. Ainda em 1948, fundou a primeira Cooperativa dos Produtores Rurais de Brasiléia e neste mesmo ano passa a organizar o "Processo Arantes" na produção de Borracha daquela região.

Em 1958 foi agraciado pelo então governador do Território Fontenele de Castro com uma pensão vitalícia por ser ele veterano da Revolução Acreana.

Em 1961, o Governo do Território baixou uma portaria passando a pensão vitalícia para Elisa viúva do Capitão Renato.

Aquela rua do Bairro do Bosque em Rio Branco - Acre que leva o nome do Cel. Alexandrino, se faz por contas de uma antiga reivindicação do Cap. Renato Souza, através de suas crônicas em jornais do Território.

O Cap. Renato Souza nasceu no dia 9 de novembro de 1885, possivelmente no Estado do Ceará e faleceu no dia 10 de novembro de 1959, depois de 45 anos de casado com Elisa Maria de Souza, filha do Cel. Alexandrino.