sábado, 19 de outubro de 2019

Biografia do poeta Manuel de Castro Paiva

Dr. Manuel de Castro Paiva, jornalista, político, poeta, Coronel da Guarda Nacional e proprietário de seringais, estabelecido em Lábrea - Amazonas - Brasil desde 1891. Proprietário e fundador do jornal "O Correio do Purus" de Lábrea.
Nascido em Sobral - Ceará - Brasil em 23 de maio de 1860 e falecido em Fortaleza - Ceará - Brasil em 1925. Era filho do juiz Vicente de Castro Paiva e de dona Amélia Ribeiro.

Manuel de Castro Paiva e o primeiro Hino do Acre:
Quando o vapor "Solimões", subindo pelo rio Purus passou na foz do rio Pauini carregando a Expedição "Floriano Peixoto" em dezembro de 1900, com objetivos de atacar as fortificações bolivianas de Puerto Alonso... estava naquela foz de águas escuras o agrimensor José Plácido de Castro doente de Impaludismo e aguardando transporte para Manaus. Acontece que antes do vapor atracar no porto daquela foz... os elementos que compunha a dita Expedição, cantavam uma música ou um cântico ou ainda uma canção e que a chamavam "Canção do Acre", em alto tom e em grande algazarra.... Daí o gaúcho Plácido ao que os acreanos chamavam de valente, mas, talvez fosse ele mais inteligente que isso e ouvindo aquele Cântico... batizou aquela expedição de "Expedição dos Poetas" a qual ficou conhecida até hoje. Mas, a "Canção do Acre" que a dita Expedição cantava... quase desapareceu no tempo, assim como também o seu autor e... hoje se faz necessário resgatar esse fenômeno histórico. Esse poema ou letra da música foi posteriormente publicado em jornais de Manaus - AM, Belém - PA, São Luiz - MA, Sobral e Fortaleza - CE.












A imagem do Dr. Manuel de Castro Paiva e a letra da "Canção do Acre" foram extraídas do jornal "O Correio do Purus" de Lábrea em 09 de janeiro de 1910. 

Nascido em Sobral e educado ali e em Fortaleza, o poeta Manuel de Castro Paiva trabalhou durante alguns anos como escrivão do Cartório de Sobral e colunista de jornais, antes de vir para o Purus no Amazonas, por volta de 1887. Segundo informava em 1987 na UFAC o professor Pedro Vicente da Costa Sobrinho, natural do Estado do R. G. do Norte, mestre em economia da Amazônia e grande conhecedor da relação social entre as sociedades Nordestinas e Amazônicas na produção do extrativismo da borracha... O Dr. Manuel de Castro Paiva, segundo o Prof. Vicente, veio para o rio Purus trazido pelo grande pesquisador maranhense Pereira Labre, uma vez que este viajava muito pelos rios Ituxi, Purus, Madeira, (Madre-de-Dios, Orthon e Rhim em Bolívia), Acre, Abunã, Pauini e outros, fazendo suas expedições e pesquisas... Assim, o hábil escrivão e colunista da "Gazeta de Sobral", poeta Castro Paiva além de gerenciar as propriedades do Dr. Labre, redigia suas informações de pesquisas e ideologias políticas, econômicas, socioambientais e desenvolvimentista para publicações na Amazônia (Manaus e Belém), no Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia) e Sul da República ( Rio de Janeiro e São Paulo). Mas... por contas de seu grande conhecimento e das explorações desenfreadas que coronéis, patrões e políticos faziam nas florestas da Amazônia com fins de ganhar dinheiro a qualquer custo... Antônio Rodrigues Pereira Labre, adquiriu muitas inimizades na região, principalmente no Amazonas... Depois que o Dr. Labre faleceu em 1899  em Caxias, no Maranhão, o poetaManuel de Castro Paiva continuou gerenciando as propriedades do falecido coronel Pereira Labre e herdou deste, algumas inimizades que tinha no Amazonas. Outra inimizade adquirida pelo poeta Castro Paiva foi a fundação do jornal "Correio do Purus" que o mesmo fundou na cidade de Lábrea em 1897, divulgando certas ações judiciais contra alguns coronéis do Purus, principalmente aqueles ligados ao português Luiz da Silva Gomes que foi o mais terrível dos coronéis da Amazônia. Mas, com sua calma, educação e habilidade de lidar com a política amazônica do início do Século XX, foi o poeta Castro Paiva um grande líder, talvez um dos maiores da história do Purus... foi Superintendente da cidade de Lábrea, Deputado Estadual do Estado do Amazonas, grande produtor de borracha e um grande advogado na região puruense de Canutama, Lábrea e Boca do Acre... adquiriu várias propriedades, entre elas, três seringais, dois terrenos, um jornal, além de muitas outras... aproveitando o auge do preço da borracha (1904-1914)... Mas, com a grande crise do preço da borracha a partir de 1917, estrou no processo de falência e em 1924 leiloaram suas últimas propriedades o levando a falecer pobre e quase à míngua em Fortaleza em 1925.





Esta notícia é do "Jornal do Commercio", Manaus-AM, 10 de janeiro de 1924.









sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Canção do Acre


Manuel de Castro Paiva, poeta e autor da
 "Canção do Acre", poema que foi o 
primeiro hino acreano.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Casa de Seringueiro do Acre

Casa do seringueiro do Acre durante o primeiro ciclo da borracha - 1888 - 1920. Era construída com soalho a 2 metros ou mais do solo, para evitar o ataque de animais noturnos. Não existe mais esse tipo de construções nas florestas acreanas.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Coronel Fontenele de Castro - Nazareno Lima - 2018

FONTENELE DE CASTRO - BIOGRAFIA 

Manoel Fontenele de Castro quando foi nomeado Governador do Território do Acre em 1958.

Desde 2009, que se fazia necessitar a Historiografia Acreana a produção de uma biografia do Coronel Fontenele de Castro, isso por contas do serviço prestado por aquele político e servidor público ao Território do Acre por mais de 40 anos. 
Mas, o coronel Fontenele, por incrível que pareça, foi o mais simples dos Governadores do Território do Acre, porém o melhor biografado. Fontenele foi biografado pelos seus materno-descendentes da família Fontenelle de Viçosa no Ceará e.... posteriormente, por ironia do destino... pelo grande Garibaldi Brasil. Diante disso.... o professor Nazareno se apequenou, como disse o STF brasileiro nos seus momentos de dificuldades... se resguardando apenas a preparação de uma fotografia. Mas ... por coincidência ou não... a pena de Garibaldi e os intelectuais Bezerril e Benicio Fontenelle de Viçosa, não estavam sozinhos no espaço brasileiro... haviam as boas línguas da Historiografia Acreana, na voz de Agnaldo Moreno e Raimundo Lopes de Melo – “o Raimundo Cabeludo” da UFAC, que segundo comentários... sabiam de tudo e mais um pouco. Raimundo Cabeludo dizia nos corredores da UFAC em 1989 que o Gari (Garibaldi Carneiro Brasil) tinha feito uma biografia do Coronel Fontenele para puxar-lhe o saco, pois ele (Fontenelle), jamais foi soldado da Guarda Territorial, uma vez que o Dr. Epaminondas Jacome o admitiu na Guarda como Sargento em 1922, com fins de que o Sargento Fontenelle fosse ajudante do major-comandante Duarte de Menezes na fiscalização do Quartel, uma vez que a guarda, com o atraso dos soldos, sempre estava articulando desentendimentos e ameaças de revoltas, como foi o caso da Revolta Castro Pinto em agosto de 1919, tendo em vista Fontenelle ser de boa família e tinha feito o Liceu em 1917...  analfabetos eram quem entravam como soldados. Ainda segundo o Prof. Raimundo, o sargento Fontenele no quartel, em constante observação, pisava tão macio, que por mais que a soldadesca se esforçasse, não ouviam o som de seu coturno no piso... pisava macio igual a um gato... daí o cognome... “Gato”, citado por Garibaldi.
Já Agnaldo dizia em1994/95/96, que Fontenelle jamais foi seringueiro, foi trazido de Sobral - Ceará pelos coronéis Carneiro de França e Frota Portela para trabalhar na escrita do seringal Japão, no rio Envira em Feijó, depois da morte de Frota Portela e com a crise do preço da borracha de 1920 em diante, ele resolveu largar o extrativismo, acrescentava ainda aquele historicista acreano, horas no "Senadinho", horas na "Esquina da Alegria" em frente ao Palácio Rio Branco, que alguns biógrafos do coronel Fontenele afirmam que o mesmo veio do Ceará fugindo da seca mas, esquecem estes informantes que na Serra Grande não existe seca: Inhuçu, São Benedito. Ibiapina, Ubajara, Tianguá, Viçosa, Manhoso além de outras... todas na Serra Grande, não há seca.
Governador Manoel Fontenele de Castro em 1959.


“O JORNAL” – 18 a 24 – 02 – 1980 – Rio Branco – Acre – “PANORÂMICA” – José Chalub Leite.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Biografia de Agnaldo Moreno - 2019


Pequena Biografia de AGNALDO MORENO DA SILVA

A partir de 1998 foi considerado pela Historiografia Acreana como um dos maiores Historiadores da História Oral do Acre em todos os tempos. Isso depois de ajudar a construir vários volumes sobre a História do Acre e a injustiça que lhe chega é não haver uma biografia... uma fotografia... sequer feita por aqueles historiadores por ele ajudado.

Agnaldo Moreno da Silva quando foi empossado na presidência do SSR no Rio de Janeiro em 1959.
Mas se alguém perguntasse como é que Agnaldo Moreno, nascido no Altíssimo rio Yáco, 23 anos depois da Revolução Acreana e 18 anos depois da morte de Plácido, veio a saber tantas informações sobre a grande Epopeia Acreana e seus heróis? Acontece que em 1946, depois que havia terminada a Segunda Guerra Mundial, Agnaldo acertou os negócios que tinha com A. Vieira Lima do seringal Guanabara, onde trabalhara de enfermeiro em serviço forçado em prol da alta produção extrativa da borracha para abastecer a Grande Guerra, desceu o rio Yáco para Sena Madureira e daí para Rio Branco, chegando ele à capital do Território e munido de uma bela Carta de Recomendação, algo comum àqueles bons trabalhadores dos seringais acreanos e apresentando esta carta ao Major José Guiomard dos Santos, este logo interessou-se para coloca-lo como administrador das terras do antigo Seringal Empresa, terras essas que pertencia à União, uma vez que o ex Governador Oscar Passos em 1942 havia pago a indenização a Família Parente. O Técnico Agrícola Agnaldo Moreno estaria na sua principal área de atuação e nessas terras trabalhavam muitas pessoas que tinham lutado na Revolução Acreana, tinham conhecido pessoalmente o Coronel Plácido de Castro e testemunhado o seu covarde assassinato. Assim iria se tornar o jovem Agnaldo um dos maiores gigantes da História Oral Acreana. Tinha alguns velhos moradores do seringal Empreza em 1946 que tinham trabalhado com Neutel Maia antes deste vender o seringal para J Parente &Cia em 1898. Assim Agnaldo entrou para o quadro de funcionários do Departamento de Produção Agrícola e futuramente seria um dos maiores incentivadores da produção agrícola, das Associações e do Cooperativismo no Acre Federal.

Agnaldo Moreno nasceu no dia 24 de maio de 1926 no Seringal Guanabara, era filho de Arthur Moreno da Silva e Maria Moreno da Silva. *(Arthur Moreno da Silva que chegou ao Purus por volta de 1912, trabalhando como sócio de alguns Coronéis do Purus e do Yáco, trabalhava também de guarda-livros, uma vez que era hábil na escrita, não era militar e nem tinha patente na Guarda Nacional porém, era muito afeito as Armas, uma vez que era sócio majoritário do Club de Tiro de Sena Madureira, em 1926, quando nasceu Agnaldo, Arthur estava no seringal Guanabara trabalhando como Guarda-livros Geral dos seringais Guanabara, Icuriã, Petrópolis e Brasil, propriedades dos herdeiros do Dr. Avelino Chaves, quando faleceu em 1937, Arthur Moreno era Adjunto de Procurador da República em Sena Madureira no Acre Federal).

Muito cedo Agnaldo começou a estudar em Sena Madureira e quando ficou órfão de pai em 1937, já estava bem adiantado nos estudos.

Em 1940, cursou a Escola Técnica Agrícola de Rio Branco - Acre, onde foi companheiro do Dr. Alberto Barbosa da Costa, Ruy Lima Brasil, Valter José Nolasco, entre outros.

Em 1943 volta ao Seringal Guanabara, convidado e contratado como enfermeiro pelo Coronel Alfredo Vieira Lima para tratar de 200 seringueiros que se encontravam atacados de Impalludismo, Leshmaniose e Gripe. Esses trabalhadores do Coronel Alfredo tinham chegado recentemente do Nordeste para o serviço forçado de extração da borracha para abastecimento da Segunda Guerra Mundial.

Em 1951 casou-se com a jovem Renilda dos Santos Duarte.

Em 1952 cria a Cooperativa de Consumo dos Funcionários do Departamento de Produção do Território do Acre, uma das primeiras cooperativas do Acre Federal.

Em 1954 era o 1º Secretário do PSD.

Em 1957 por determinação do Gov. Valério Caldas Magalhães, Agnaldo foi para Sena Madureira organizar a Associação Rural daquele Município. Ainda em 1957 participa da V Conferência Rural Brasileira realizada em Belém-Para, compondo a Delegação que representava o Território do Acre. Foi ainda neste ano que Agnaldo lutou na implantação da Colônia Aquyles Peret nas terras do seringal Empreza, distribuindo e licenciando 55 lotes.

Em 1958 é nomeado Chefe da Secção de Imigração e Colonização pelo Governador do Território.

Em 1959, junto ao Dr. Carlos Alves das Neves, organiza o primeiro senso agrícola do Território, com fins de reivindicar mais investimentos do Governo Federal no setor produtivo agrícola, também neste ano é nomeado no Rio de Janeiro Presidente do Serviço Social Rural do Território do Acre, apoiado pelo cearense Napoleão Fontenele da Silveira que era Deputado Federal do PSD do Espírito Santo. (para quem não sabe, esse Serviço Social Rural foi o órgão que se transformou no INCRA, por voltas de 1970)
Foi eleito Deputado Estadual na eleição de 1966, obtendo mais de 600 votos cuja maioria de seus eleitores eram colonos, ribeirinhos e os estivadores do porto de Rio Branco e seus familiares. O Governo Jorge Kalme o chamou para a Secretaria de Agricultura e conduziu aquela pasta com muitos elogios, inclusive da comunidade de Cruzeiro do Sul que era grande produtora de cana de açúcar e arroz. Ficou na Secretaria de Agricultura até 1970, quando decepcionado com os rumos da Agricultura e do serviço rural no Acre com a Administração Wanderley Dantas não se candidatou mais a nada e seus brios foram ofuscados com aquela administração acreana e nem só os seus mais os brios até de Guiomard dos Santos, Geraldo Pereira Maia além de outros.

Com o fim da Ditadura, o grande líder da Agricultura acreana passou a contribuir com informações orais para os historiadores acreanos, afirmava em 1990 o Prof. Raimundo Lopes de Melo – o Raimundo Cabeludo da UFAC – que Agnaldo Moreno chegava a ter contribuído mais que J. Ferreira Sobrinho para a História do Acre. Em 1998 o Prof. Carlos Alberto Alves de Souza afirmava que pouquíssimos acreanos ao longo dos últimos 100 anos, tiveram o nível de informações históricas que tinha Agnaldo Moreno. O Prof. Pereira da UFAC, afirmava em 2000, que Agnaldo era uma lenda viva da Historiografia Acreana.

Uma pessoa para ter a capacidade informativa de história a qual tinha Agnaldo Moreno, carece de ter conversado com muitas pessoas sobre o assunto e possuir uma memória muito aguçada.

Quando faleceu o grande Historicista Acreano Agnaldo Moreno da Silva em março de 2006, algumas autoridades do Acre, tentando elogiar os feitos daquele grande cooperativista, líder de Associações Rurais e do Serviço Social Rural do Território do Acre, o conceituaram como “Líder Autonomista” .... 




quinta-feira, 7 de março de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2015

MAIOS - II - 2015

         -III-

O que na vida faz um homem só?
Se há ninguém por ele há não ser Deus!
A insegurança cresce nos passos seus,
E ninguém enfim dele tem dó!

O homem e a Natureza: esse nó
O qual vem bem antes dos Caldeus...
Ligado à solidão e até Zeus
Provou-a antes de volver ao pó!

A solidão à vida humana faz jus,
Dela provou até mesmo Jesus
Quando se retirou para orar...

E vem triste o homem desde as cavernas,
Depressivo nas solidões eternas...
Que somente a morte um dia o livrará!

terça-feira, 5 de março de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2015


MAIOS - II - 11-05-2015
   - V -

Pedi a sorte que me visitasse
E que me tirasse dessa dissidência.
Pedi com fé e forte clemência,
Para não mais viver nesse impasse!

Para safar-me dessa abstinência...
Pedi também que me reparasse
Todo esse tempo que, fora da classe,
Fui mal vivido nessa experiência!

Pedi a sorte para me ajudar,
Para não mais me descriminar,
Mas meu pedido foi algo baldado...

E a sorte disse o que Jesus falou:
Aquele que mais tem, mais eu lhe dou
E quem não tem, nada lhe será dado!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014


 AGOSTOS
- III -

Atribulado por estes meus meios
Que hoje creio, ser o meu pecado,
Articulado por poucos anseios...
Eu lembro enfim do meu pobre passado!

Impulsionado por mil devaneios...
Por entre veios... Desarticulado...
Uma estrutura que faltam os esteios
Que está no meio do povo explorado!

Seguindo assim nesse vil ditame,
Longe de ter alguém que me ame
E que defenda minha utopia

Mas nesse vil descontentamento,
Vivo na paz de um confinamento,
Na articulação da minha Poesia!

      - IV -

Na solidão do mundo em que me encontro,
Vejo um oceano de desilusões
E neste palco de mil frustrações
A Natureza me impôs esse afronto...

Depois deste terrível desencontro
De mim com as felicitações,
Restou-me enfim as explorações
Que do pobre, é o saldo que vem pronto!

Depois de 50 anos de lutas
Nas planícies, nos vales e nas grutas,
Cansado... resta-me então rezar...

E a lembrança das lutas me acende
E a resistência enfim surpreende:
A este ser que faltou tempo para amar!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014


AGOSTOS 30 - 08 - 2014 -

                         Nazareno Lima

       - I -

Onde será que andam as minhas flores?
E os bons amores onde se esconderam?
No passado, sempre apareceram
E hoje somente vejo as minhas dores!

Nos meus perfumes não há mais olores
E minhas cores amareleceram
Os meus amigos se entristeceram
E em mambembes, os meus bons atores!

Depois de tanto escrever nas lousas
E lutar tanto contra o fim das cousas...
Eu me tornei dos homens, o mais triste:

Mas o consolo que me ainda resta,
É ver na vida algo que ainda presta:
É poder sentir que a Poesia existe!

       - II -

Sol amazônico, já nem o sinto mais...
E à noite, nem vejo a cor do seu luar;
Vozes não ouço: é inútil falar
E nem o orvalho, emoção me traz!

O som das cigarras, que me dava paz...
A música de um rádio, em algum lugar...
Nem mesmo a aurora, é inútil raiar...
Nada mais hoje, me alegre faz!

Mas tudo isto que me faz ser santo...
E tudo o qual me entristece tanto
Fazendo-me descer esse vil declive...

Partindo dessa ordem da Natureza,
Sinto hoje a maior certeza
Que felizmente a Poesia vive!

domingo, 24 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2001


        P E C A D O R   -   09/09/2001

O homem traz geneticamente a maldade
E foge, geralmente à realeza ...
É licito, nos seus atos, a leveza ...
Guinando a lógica da infelicidade !

Acovardando-se pois, à capacidade,
Caminha juntamente à tristeza;
E pôr mais forte que o homem seja,
Também participa da saudade!

Eu também faço parte dessa raça:
Mal-agradecedora do bem que alguém lha faça
E somente pôr necessidade se move ...

Hoje, talvez mais vulgar que uma meretriz,
Senti saudades daquela “Flor de Lis”,
De 28 de Setembro de 99 !
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sábado, 23 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014

RESGATE - Abril de 2014

Depois de tempos desesperadores
Onde mil flores murcharam pra mim;
Quando eu pensava que era a vez do fim,
Arrebatou-me a lei dos amores!

Aquelas cores, sem brilhar pra mim,
E o ar assim ... Reproduzindo dores,
Tantos olores, sem olor, enfim...
Até choravam meus computadores!

E a Razão de tudo quanto pensa,
Com uma força por demais imensa
Me redimiu das transgressões mundanas.

E aqueles todos que me perseguiam
E aquelas todas que só me traíam,
Fizeram vir-me o maior dos Nirvanas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima = 2014

ANDANÇAS

   - III -

Por todos estes lugares
Em que vi muitos olhares
Os quais me diziam tanto...
Em qualquer que fosse o canto...
Em grande ou pequeno espaço...
Era enorme o meu cansaço
De ouvir os maldizentes:
Uma espécie de indigentes
Que a ciência consagrava...
Na órbita em que eu estava
Vi tantas opiniões...
Mas eram vans as razões
E também as qualidades...
E as tais felicidades
Não consegui ver chegar!

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Ainda quis ajudar,
Mas nem me quiseram ouvir,
E a razão que percebi
Foi deixar continuar!

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Às vezes me dava pena
Daquela terrível cena...
Mas o que fazer, não tinha...
Gente que ia e vinha,
Da mais diferente escória:
Cada um com sua história,
Que ouvi sem entender! ...
Enorme o vosso sofrer,
Das mais diferentes formas,
Todas, às margens das normas,
Que regem qualquer Estado.
Somente ser explorados,
Era o direito que tinham, 
E no rumo que caminham,
Nem a fé, consegui ver!

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Com calma, tentei dizer,
A causa daquilo tudo...
Quando falei de estudo,
Saíram quase à correr!

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Notei que o pobre homem,
Que de tudo ele tem fome,
Sem ter oportunidade...
No campo ou na cidade,
Seu futuro é sempre incerto...
A Injustiça por perto,
Atada aos seus destinos...
Mulheres, homens, meninos;
Numa exploração eterna,
Naquela imensa Caverna,
Que Platão conceituou! ...
Aos que Marx retratou
Na complexa Mais-valia...
Que não sei como viviam
Naquele Inferno de Dante!

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Tal qual um ignorante,
Quis da Ciência, ter uso,
Mas aquele povo infuso,                                                         
Era Naturalizante!

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Vi Pastores que pregavam,
À Jesus, alto rogavam,
Por estes povos malditos...
Mas a razão de seus gritos,
Era dinheiro e usuras...
E chamavam de loucuras;
Conhecimento e Ciência!
Protegendo a experiência
E condenando o moderno,
Chamavam o mundo de inferno,
Mas nele estavam contidos;
Num sentido sem sentidos,
Atados pela Semântica,
E na palavra romântica,
Dominavam as criaturas!

      ******
Estas reais estruturas,
Quis dizer como se criam...
Mas de mim, zombavam e riam,
Foi melhor crer nas agruras!

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Vi políticos se benzendo
E ao povo prometendo
O impossível de fazer...
E a plebe sem entender...
Era o jeito acreditar!
Vi Professor ensinar,
Da forma mais transgredida,
Mas a Razão sucedida,
Era o Livro feito errado,
E o Poder do Estado,
Dizia que estava certo
E eu, olhando de perto,
Pensava no meu passado...
Como pode eu ter logrado
A toda esta hipocrisia?

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Aquilo tudo que eu via,
Não tinha transformação,
Pois a Constituição,
Apoiava essa razia!

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Alguns Irmãos Evangélicos,
Com ares maquiavélicos,
Tentando imitar Jesus...
Diziam viver na luz
E o mundo viver nas trevas;
Tentando enganar as levas,
Falavam em línguas estranhas,
Providos de artimanhas,
Iludiam até doutores,
Diziam tirar as dores
De toda a população:
Bastava Fé e Ação
E mais um pouco de Amor!
Mas o mal de seu labor,
Era usar o nome de Deus.

      ******
Daqueles trabalhos seus,
Quis dizer que estava errado:
Disseram que meu pecado,
Era estar entre os ateus!

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Vi muitos desocupados,
Da vida desesperados,
Oriundos da Amazônia,
Formando grande colônia,
De netos de Seringueiros,
Sem empregos... Sem dinheiro,
Vivendo de fazer bicos,
Puxando o saco dos ricos,
Com a miséria na cola,
Os filhos fora da escola...
Com saúde e paz restritas,
Morando nas palafitas,
Era grande o sacrifício
E ainda tinham o vício,
Pra compor a transgressão!

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Eu disse que aquela ação,
Era algo pré-fabricado
E a replica que foi me dado,
Que era a predestinação!

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014


ANDANÇAS – 19/02/2014

              Nazareno Lima

       - I -

Andei por muitos lugares;
Olhei em muitos olhares,
Vi algo que não se diz...
E a Razão que me faz crer;
Vi prazeres... Vi sofrer,
Mas não me senti feliz!
Fui descendo... Fui subindo...
Vi mulheres que, fingindo,
Enganavam multidões...
Pela Fé que me guiava,
Em reflexos, eu me alertava,
Pra fugir destes sertões!
Vi mulheres revoltadas
Por amar sem ser amadas.
Vi crianças a chorar...
Vi casais desentendidos,
Vi homens sendo traídos
Por não ter amor pra dar!

Vi idosos como Eu,
Lutando mais que Orfeu
Por uma esmola de amor...
Mas nas lutas só perdiam
E a traição que recebiam
Aumentava a sua dor!

Vi crianças rejeitadas, 
Suas mães desesperadas,
Na idade prematura...
Por não ter algo de novo,
A revolta desse povo
Já virando uma cultua

    - II -

Vi Jovens perambulando, 
Cheirando pó e fumando
Para fugir da rotina...
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