quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima = 2014

ANDANÇAS

   - III -

Por todos estes lugares
Em que vi muitos olhares
Os quais me diziam tanto...
Em qualquer que fosse o canto...
Em grande ou pequeno espaço...
Era enorme o meu cansaço
De ouvir os maldizentes:
Uma espécie de indigentes
Que a ciência consagrava...
Na órbita em que eu estava
Vi tantas opiniões...
Mas eram vans as razões
E também as qualidades...
E as tais felicidades
Não consegui ver chegar!

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Ainda quis ajudar,
Mas nem me quiseram ouvir,
E a razão que percebi
Foi deixar continuar!

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Às vezes me dava pena
Daquela terrível cena...
Mas o que fazer, não tinha...
Gente que ia e vinha,
Da mais diferente escória:
Cada um com sua história,
Que ouvi sem entender! ...
Enorme o vosso sofrer,
Das mais diferentes formas,
Todas, às margens das normas,
Que regem qualquer Estado.
Somente ser explorados,
Era o direito que tinham, 
E no rumo que caminham,
Nem a fé, consegui ver!

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Com calma, tentei dizer,
A causa daquilo tudo...
Quando falei de estudo,
Saíram quase à correr!

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Notei que o pobre homem,
Que de tudo ele tem fome,
Sem ter oportunidade...
No campo ou na cidade,
Seu futuro é sempre incerto...
A Injustiça por perto,
Atada aos seus destinos...
Mulheres, homens, meninos;
Numa exploração eterna,
Naquela imensa Caverna,
Que Platão conceituou! ...
Aos que Marx retratou
Na complexa Mais-valia...
Que não sei como viviam
Naquele Inferno de Dante!

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Tal qual um ignorante,
Quis da Ciência, ter uso,
Mas aquele povo infuso,                                                         
Era Naturalizante!

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Vi Pastores que pregavam,
À Jesus, alto rogavam,
Por estes povos malditos...
Mas a razão de seus gritos,
Era dinheiro e usuras...
E chamavam de loucuras;
Conhecimento e Ciência!
Protegendo a experiência
E condenando o moderno,
Chamavam o mundo de inferno,
Mas nele estavam contidos;
Num sentido sem sentidos,
Atados pela Semântica,
E na palavra romântica,
Dominavam as criaturas!

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Estas reais estruturas,
Quis dizer como se criam...
Mas de mim, zombavam e riam,
Foi melhor crer nas agruras!

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Vi políticos se benzendo
E ao povo prometendo
O impossível de fazer...
E a plebe sem entender...
Era o jeito acreditar!
Vi Professor ensinar,
Da forma mais transgredida,
Mas a Razão sucedida,
Era o Livro feito errado,
E o Poder do Estado,
Dizia que estava certo
E eu, olhando de perto,
Pensava no meu passado...
Como pode eu ter logrado
A toda esta hipocrisia?

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Aquilo tudo que eu via,
Não tinha transformação,
Pois a Constituição,
Apoiava essa razia!

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Alguns Irmãos Evangélicos,
Com ares maquiavélicos,
Tentando imitar Jesus...
Diziam viver na luz
E o mundo viver nas trevas;
Tentando enganar as levas,
Falavam em línguas estranhas,
Providos de artimanhas,
Iludiam até doutores,
Diziam tirar as dores
De toda a população:
Bastava Fé e Ação
E mais um pouco de Amor!
Mas o mal de seu labor,
Era usar o nome de Deus.

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Daqueles trabalhos seus,
Quis dizer que estava errado:
Disseram que meu pecado,
Era estar entre os ateus!

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Vi muitos desocupados,
Da vida desesperados,
Oriundos da Amazônia,
Formando grande colônia,
De netos de Seringueiros,
Sem empregos... Sem dinheiro,
Vivendo de fazer bicos,
Puxando o saco dos ricos,
Com a miséria na cola,
Os filhos fora da escola...
Com saúde e paz restritas,
Morando nas palafitas,
Era grande o sacrifício
E ainda tinham o vício,
Pra compor a transgressão!

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Eu disse que aquela ação,
Era algo pré-fabricado
E a replica que foi me dado,
Que era a predestinação!

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