sábado, 29 de setembro de 2018

POESIAS ACREANAS - J. G. de Araújo Jorge - 1952

A Ilusão de Ser Feliz

Silêncio... A noite pesa sobre tudo,
e eu, quedo, triste, retraído e mudo
vou traduzindo a dor que me consola...

Deixo falar meu coração tristonho,
e assim, vou despertando um pobre sonho
que alguém me deu por derradeira esmola...

Relembro o doce amor que tanto adoro
e sinto que ao lembra-lo, quase choro
talvez porque não sei me compreender...

Partiste... e nem se quer adeus te disse
só por temer que desse adeus surgisse
a triste confissão de meu sofrer.

Prefiro esse meu sonho por ventura
uma vaga esperança por tortura
e um porvir de quiméricas visões...

Feliz, eu me contento com a incerteza,
sentindo a vida, embora com tristeza,
uma linda cadeia de ilusões,,,

E é tudo que me resta. O coração
ainda tenho a pulsar, nesta visão
que, por que tive medo, não desfiz...
                                                                  J. G. de Araújo Jorge - 1952


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

POESIAS ACREANAS - J G de Araújo Jorge - 1952

A Cruz de Ninguém 

Era uma cruz... pequena... de madeira... 
em meio as outras cruzes, desprezada, 
sobre um monte de terra, abandonada, 
sem uma flor sequer por companheira...

Pendendo sobre o chão, tosca, bem feia,
cobria o corpo de um, que foi fadado 
a ser talvez, na vida, um desgraçado, 
hoje feliz sob um montão de areia...

Vendo-a tão só, nublou-se o meu olhar,
e orei por esse irmão que ali dormia... 
pois morto eu fosse, e a minha cruz seria
tal como aquela, ao tempo, a se inclinar...
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Ao partir... junto à cruz triste e sozinha
escrevi sobre a terra uma inscrição 
que é bem possível que ainda seja a minha:
"Aqui se encontra alguém desconhecido, 
um que nasceu talvez por irrisão
e que morreu, sem nunca ter nascido..."
                                       J. G. de Araújo Jorge - 1952















sábado, 22 de setembro de 2018

POESIAS ACREANAS - J. G. de Araújo Jorge - 1947


A Casa Abandonada

Abro a janela da minha alma e espio;
- tudo é negro... é completa a escuridão...
Nesse estranho lugar, triste e vazio,
hoje habita somente a solidão.
                                       Há teias de saudade em cada canto
                                       e a poeira deum amor cobre o seu chão...
                                       São sombrias as salas, - velho encanto,
                                       há nesse feio e escuro casarão.
Uma ruína em meu peito, abandonada,
com muros desbotados... cheios de hera...
- como um túmulo à beira de uma estrada,
que nada mais dessa existência espera...

                                        O tempo, pouco a pouco, já a consome,
                                        - outrora, por exemplo - havia um nome
                                        de mulher, no portal, mas se apagou...

Quantos homens como eu, na alma fechada,
vão levando uma casa abandonada
de onde alguém que partiu não mais voltou!...

                                     

J. G. de Araújo Jorge - 1947

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Dr. Francisco de Oliveira Conde - Biografia - Nazareno Lima - 2012


                                                         Dr. Francisco Conde em 1950.



Capitão do Exército Acreano, Tenente-Coronel da Guarda Nacional desde 1911, nasceu em Maranguape-Ceará no dia 23 de dezembro de 1880.

Chegou a região de Xapuri no Alto Acre em 1895, nessa época vieram muitos nordestinos, principalmente cearenses e maranhenses para o trabalho da extração da borracha, uma vez que os seringais daquela região do altíssimo Acre estavam sendo abertos e os jovens Joaquim e Francisco Conde vieram com a Família Mavignier, que eram também de Maranguape, principalmente o guarda-livros Gastão Mavignier e juntos trabalharam alguns anos com o coronel Antônio Vieira de Sousa no seringal Porvir. Quando surgiu a Revolução Acreana, serviram na retaguarda revolucionária do Alto Acre comandada pelo cel. José Galdino, cujos combates foram os piores e mais terríveis de toda a Revolução. O Dr Conde relata isso a sua filha Hélade numa carta que a escreveu em 1955.

Depois da Revolução, apoiado pelo irmão Joaquim Conde e pela Família Mavignier (principalmente Gastão, José e Antônio Mavignier de Castro) o jovem Francisco Conde foi estudar em Fortaleza, chegando a concluir o Curso de Direito em 1910, nessa época, casa-se com Maria Mavignier Conde e volta a Xapuri no início de 1911, ali viveu como bom advogado, procurador e juiz de órfãos e ausentes, além de Redator-Chefe de vários jornais, entre os quais:" O Acre"; "O Acreano"; "Gazeta do Acre" em 1920; além de colaborador de outros.

Em junho de 1921 foi nomeado Secretário Geral do Governo, pelo então Governador Epaminondas Jácome, diante disso tiveras então que mudar-se de Xapuri para Rio Branco. Desde 1921 até 1955 ocupou aquele doutor os mais altos cargos no Governo do Território do Acre, entre estes, três vezes Governador, várias vezes Secretário Geral, várias vezes Chefe de Polícia, entre outros.

Mas o Dr. Conde, como era mais conhecido em Xapuri no início do Século XX, tinha um problema social muito grande, assim como quase todos os Coronéis do Acre, exceto Avelino Chaves: era muito fechado socialmente, isso foi relatado pelo grande Historicista Acreano Agnaldo Moreno e também por uma sua neta de nome Shirley que morou em Rio Branco em 1999, apesar de ser um intelectual e grande jornalista-redator, o Dr. Conde não simpatizava com notícias de sua família em Jornais. A Primeira esposa do Dr. Conde, Maria Mavignier Conde fora noticiada apenas uma vez no jornal “Commercio do Acre” de Xapuri por conta de sua data natalícia em 05 de agosto de 1915 e uma outra vez pelo “Commercio do Amazonas” de Manaus por contas do falecimento de uma sua irmã de nome Marcellina Nogueira Mavignier, em setembro de 1912. A partir de 1936 a esposa do Dr. Conde foi Maria Antoniêtta Linhares Conde e que também somente fora noticiada duas vezes pelo jornal “O Acre” – órgão principal de comunicação do Governo do Território. O Dr. Francisco de Oliveira Conde por contas destas e de outras atitudes, foi um dos mais difíceis personagens da Administração direta do Governo do Acre a se fazer uma Biografia... Veja uma citação do Prof. Nazareno Lima quando fez a biografia do Dr. José Ferreira Sobrinho em 2010...

Em 1920, junto à Theodoro d'Albuquerque; Amanajós de Araujo; Affonso Cunha; Vicente Avelino; Juvenal Antunes; Ganot Chateaubriand; Francisco Conde; Rezende Costa; José Maia; A. Ferreira Brazil; Coronel Victor Porto e o comandante Sansão Valle, fundam a Sociedade Acreana de Lettras.”.

Quando o Dr. Francisco de Oliveira Conde faleceu, no dia 11 de setembro de 1962, o jornal “O Acre”, que na época publicava apenas duas edições por mês, dedicou uma página quase completa a esse acontecimento, porém o jornalista que redigiu a matéria não disse o local de seu falecimento, se foi em Rio Branco ou no Rio de Janeiro, não disse a causa mortis, não citou nenhum membro de sua família... foi uma comunicação muito pobre para referir-se a um dos maiores intelectuais de toda a História Acreana. O Dr. Conde ... para completar o seu mal agradecimento da Política Acreana, foi homenageado com o nome de um presídio em Rio Branco... Sendo o intelectual que foi ... quando detinha as Cadeiras de Latim, Inglês. Estenografia e Contabilidade  no Instituto Barão do Rio Branco e Colégio Acreano de Rio Branco - Acre, desde 1933 até se aposentar em 1956... Não havia outro logradouro público para homenageá-lo?

sábado, 15 de setembro de 2018

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2018

INCERTEZAS - jan 2018
                          Nazareno Lima

Ó Deus, o que direi agora a minha gente,
Sobre a premícia de tanta incompreesão,
Porque tombou no caos toda a Nação
A eminência prematura de descrente?

O que direi ó Deus, a minha gente...
Que combateu sem cessar, a recessão...
Por meio século lutou com a inflação...
E chega hoje a questão de indigente?

O que levou acabarem com o Paíz?
Danou-se tudo... enfim, quem foi que quis?
Mas uma coisa me disperta o improviso...

Faltou amor, faltou verdade e compromisso...
Pelo dinheiro desprezaram tudo isso...
E do Conhecimento não tiveram nem aviso!

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2013


O BONDE DO MUNDO - 25-12-2013
                                     Nazareno Lima

Por entre flores e dificuldades
Caminho... na busca de um futuro,
O pior de tudo aquilo que aturo
São as primícias das mediocridades!

Seja no campo, seja nas cidades,
Em momentos de paz ou de apuro,
O meu maior desespero, juro:
É a indiferença das felicidades!

E na vida um sobe, outros descem,
Um ri e muitos padecem...
E.. O Bonde do Mundo vai passando:

Vários que vão, nem sabem para onde
E aqueles que sabem, perderam o Bonde
E pela não oportunidade vão ficando!

domingo, 2 de setembro de 2018

POESIA ACREANA - Jacó Cesar Piccoli - 1986



POESIA ACREANA
feita de vida
feita de amor
Protesto, diante da miséria...
Pranto, diante das derrubadas...
Gritos de dor, diante da expulsão dos filhos da terra:
Índios, Seringueiros, Castanheiros. Ribeirinhos...

POESIA ACREANA
palpitante, selvagem, popular.
Que evita os discursos demagógicos
e a ironia dos homens que exploram o HOMEM.

POESIA ACREANA
versos que seduzem, versos que desejam!
Versos que teimam em construir,
nestes tempos de desunião.
Versos de certeza! Versos de esperança!
versos de liberdade! Versos de Paz!
Versos da Amazônia dos homens...
Da Amazônia-natureza,
virgem fértil e bela, com que todos sonhamos!

POESIA ACREANA
feita na Amazônia,
feita de vida,
feita de amor!