segunda-feira, 24 de setembro de 2018

POESIAS ACREANAS - J G de Araújo Jorge - 1952

A Cruz de Ninguém 

Era uma cruz... pequena... de madeira... 
em meio as outras cruzes, desprezada, 
sobre um monte de terra, abandonada, 
sem uma flor sequer por companheira...

Pendendo sobre o chão, tosca, bem feia,
cobria o corpo de um, que foi fadado 
a ser talvez, na vida, um desgraçado, 
hoje feliz sob um montão de areia...

Vendo-a tão só, nublou-se o meu olhar,
e orei por esse irmão que ali dormia... 
pois morto eu fosse, e a minha cruz seria
tal como aquela, ao tempo, a se inclinar...
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Ao partir... junto à cruz triste e sozinha
escrevi sobre a terra uma inscrição 
que é bem possível que ainda seja a minha:
"Aqui se encontra alguém desconhecido, 
um que nasceu talvez por irrisão
e que morreu, sem nunca ter nascido..."
                                       J. G. de Araújo Jorge - 1952















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