quarta-feira, 4 de julho de 2018

Biografia do Cel. Alexandrino José da Silva - Nazareno Lima - 2010

Cel. Alexandrino José da Silva em 1905, natural do Ceará, (segundo o Dr. Ferreira Sobrinho ele era de Morada Nova) chegou ao Purus em 1896.
Em 1898 trabalhava como aviado do Capitão Leite Barboza no seringal Humaitá no Baixo Acre. Em 1900 arrendou parte do seringal Bom Futuro, um anexo do seringal “Baixa Verde” e vizinho do seringal “Catuaba” e quando houve a Revolta do Cel. Plácido contra a Bolívia, ele ainda estava com esse contrato de Arrendamento. Participou de todas as revoltas que houve no Acre, desde o Combate de Papirí em 1901, até o cerco ao Gen. Pando no Thauamanu em maio de 1903. Era um homem de coragem e muito trabalhador. Em agosto de 1908 cometeu uma grande tragédia: incentivado pelo Prefeito Gabino Besouro, Dr. Gentil T. Norberto e os coronéis Simplício Costa, Antunes de Allencar, Rodrigo de Carvalho e outros - arquitetou uma emboscada que vitimou o Cel. Plácido. Ele sempre negou seu envolvimento nesse fato, porém seus ajudantes da emboscada o acusavam. Quando terminou a Guerra do Acre e da qual era um dos Comandantes, ele arrendou o seringal "Forte Veneza" do Major José Anselmo Melgaço, na Volta da Empreza e nessa época ficou ele responsável pelo "Vapor Independência" ex "Rio Affuá" de propriedade dos Revolucionários.

Em 1907 adquiriu o antigo seringal "Flor de Ouro" que estava abandonado desde 1900, por conta do exagerado corte contínuo e era situado na margem esquerda do rio Acre, ali entre a boca do Riozinho e Bemfica, também passou a trabalhar para a Prefeitura do Território do Acre, na função de Subdelegado de Polícia.

Logo depois da morte de Plácido, talvez por medo dos amigos de Plácido e também de seu irmão Genesco tentarem fazer alguma vingança, o Cel. Alexandrino apoiado pelo Capitão Francisco Corrêa que era parente seu e funcionário conceituado da Intendência da Vila Rio Branco, pediu sua exoneração ao Pref. Besouro, vendeu o seringal "Flor de Ouro “para o Major Rôlla e comprou algumas propriedades no Alto Acre, incluindo os seringais "Patagônia", "Porto 14 de Dezembro" e "Buenos Ayres", este último, na margem direita do rio Acre, portanto em território boliviano.  Estes seringais estavam localizados entre o seringal "Montevidéo" da firma Dias Peixoto & Cia. e o seringal "S. João" de Álvaro de Carvalho. Acontece que Alexandrino sempre teve cisma de andar na Bolívia por medo de alguma vingança dos bolivianos com relação à Revolta de 1902/1903, então arrendou o seringal "Buenos Ayres" para uma firma boliviana de nome Mariz & Rivas. (Mariz era Octavio Mariz, proprietário de duas farmácias em Xapuri e Rivas era Carlos Rivas, seringalista boliviano)

No dia 9 de setembro de 1911 estando ele neste seringal (Buenos Ayres) para acertar o pagamento da referida renda foi assassinado com um tiro de rifle 44.  Segundo o “Jornal Folha do Acre", ele estava de saída, na beira do rio Acre, sentado numa barrica esperando que seus empregados fizessem a manobra do batelão quando o alvejaram. O acusado foi um boliviano chamado Carlos Rivas, sócio de firma. Segundo o Jornal "Folha do Acre", o assassinato do coronel Alexandrino foi por contas de uma dívida de 40 Contos de Réis que ele tinha à receber do advogado Brunno Barboza, genro do Dr. Emílio Falcão, ambos de Xapuri. Em 1920, Octávio Mariz (o munheca de tatu assado) foi preso por contas do assassinato do coronel Alexandrino porém, em seguida fora solto, uma vez que Carlos Rivas, o principal assassino, já havia falecido.

Era casado com dona Francellina Maria da Silva e deixou dois filhos: Elisa Maria da Silva e Antônio Alexandre da Silva. Em 1914, dona Francellina e seus filhos ainda estavam trabalhando com estes seringais inclusive com um seu genro, esposo de Elisa, o Capitão Renato Souza.  O seringal "Buenos Ayres" arrendado para o Cel. José Raymundo Pimenta que era também proprietário do seringal Nazareth onde hoje está localizado a cidade de Brasiléia no Alto Acre.

A família do Cel. Alexandrino, depois de sua morte, sempre viveu no Alto Acre e liderada pelo Cap. Renato Souza, casado com Elisa desde maio de 1913, era ele um cidadão muito educado e sabido, administrava e fazia a contabilidade dos seringais "Patagônia" e "Porto 14 de Dezembro". Em 1912, na reorganização do Território do Acre comandada pelo Prefeito Dr. Deocleciano Coêlho de Souza, foi nomeado 1° Suplente de Juiz Preparador do 3° Termo (de Brasiléia).

Em 1915, o Cap. Renato arrendou o seringal "Corcovado", que se localizava um pouco acima do seringal Montevidéo, da firma Dias Peixoto & Cia e ali ficou até 1917, quando arrendou o seringal "Reducto" que se localizava abaixo do seringal "Canindé", ficando ali até por volta de 1919. Em 1920 Renato Souza já havia arrendado o seringal "Natal", que ficava um pouco acima do seringal "Porto Carlos" de Dom Lizardo Arana.

Com a grande crise da borracha aumentando cada vez mais no Acre, o Cap. Renato passa a trabalhar de guarda-livros, escrivão e Juiz de paz nos seringais "Carmem" e "Porvir", entre Brasiléia e Xapuri, ali trabalhando até 1930, quando passa a estabelecer-se em Brasiléia e trabalhando na Contabilidade da Prefeitura Municipal.

Em 1926, por conta da morte do Coronel Antônio Vieira de Sousa, escreveu uma crônica elogiando os feitos deste coronel e outros revolucionários falecidos e a publicou no Jornal "Folha do Acre", essa crônica impressionou os grandes jornalistas do Território do Acre e de Manaus. Por conta disso passou a colaborar com o Jornal "O Acre" a partir de 1929.

Depois da desvalorização da borracha, a partir de 1932 em diante, estabeleceu-se definitivamente em Brasiléia e continuou na Contabilidade daquela Prefeitura.  A partir de 1948, passou ele a contribuir com a Imprensa Acreana de Xapuri e Rio Branco, através de suas crônicas. Ainda em 1948, fundou a primeira Cooperativa dos Produtores Rurais de Brasiléia e neste mesmo ano passa a organizar o "Processo Arantes" na produção de Borracha daquela região.

Em 1958 foi agraciado pelo então governador do Território Fontenele de Castro com uma pensão vitalícia por ser ele veterano da Revolução Acreana.

Em 1961, o Governo do Território baixou uma portaria passando a pensão vitalícia para Elisa viúva do Capitão Renato.

Aquela rua do Bairro do Bosque em Rio Branco - Acre que leva o nome do Cel. Alexandrino, se faz por contas de uma antiga reivindicação do Cap. Renato Souza, através de suas crônicas em jornais do Território.

O Cap. Renato Souza nasceu no dia 9 de novembro de 1885, possivelmente no Estado do Ceará e faleceu no dia 10 de novembro de 1959, depois de 45 anos de casado com Elisa Maria de Souza, filha do Cel. Alexandrino.

6 comentários:

  1. Essa biografia do Cel. Alexandrino aparece nesta página por contas de ser um dos revolucionários da Revolução Acreana com a menor informação sobre sua vida no Acre. Também essa biografia é uma das partes do livro Acre - A História da História, produzida pelo Prof. Nazareno Lima em 2010.

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    1. Eu sou bisneta do coronel e neta do seu Renato. O coronel só teve uma filha Eliza Maria.

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  2. Há comentários duvidando da veracidade desta biografia.mas os críticos deveriam pesquisar tudo antes de conceituar a informação.

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  3. Caro professor, gostaria de saber sobre as evidências de que Gentil Norberto, Rodrigo de Carvalho entre outros participaram do plano de morte de Plácido de Castro. Obrigado

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    1. Minha vó sempre negou a participação do do coronel Alexandrino na morte de Plácido de Castro. Ela contava que foi jogo político.

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  4. Esta triste figura, infeliz que tem esta falsa biografia, é o responsável pelo assassinato de Plácido de Castro. A grande verdade é que este indivíduo está mesmo ao nível de Domingos Fernandes Calabar e Joaquim Silvério dos Reis.

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