SOLILÓQUIO Á MINHA MÃE - Parte I
Nazareno Lima e ChicoMendes
Não
sente o homem, a dor no coração,
Quando
com o ferro, da árvore fere a casca?É impossível analisar esta grande vasca,
Que sente a mesma na sua destruição!
Perlustrando
o cinério cinerário,
Lembro
a cremação de humanos corposQue o fogo queima, depois de mortos,
Após a celebração de um funerário!
Estes
seres, ó Mãe, não são ascetas;
Teu
fim é transformar-se em hulha...E eu, sem poder ouvir a arrulha...
Sinto a angústia de todos os poetas!
Dos
nossos inimigos, vejo os liames;
Assim como das árvores, vejo a laca!A caça é substituída pela vaca
E o capim substitui os enxames!
Existem
tantos mártires ó minha querida:
Cujos
números ninguém até hoje sabe!Estas causas no meu ego já não cabe...
Enquanto tudo vai perdendo a vida!
Todos
temem esta razia ...
Rios,
pássaros, árvores e serpentes;Vítimas dos destruidores das sementes
Que ante a devastação não se cria!
Já cansei de ouvir as vozes do ludíbrio,
Desvalorizando nossa existência ...
Ignorando o valor de nossa essência
E ordenando destruir ao equilíbrio!
Ouço
ao invés do rosnado, o trotar...
Vejo
gramíneas no lugar de trepadeiras,Imensas cercas que cruzam ribanceiras
E o mugido substituindo o silvar!
escreveram este texto no auge da devastação das
florestas do Acre e da perseguição àqueles que
defendiam os seringueiros acreanos em 1982.
Apoiados pelo grande missionário Cláudio Avallone
e pelo intelectual Nilson Mourão além de outros
chamaram, aqueles críticos da grande invasão
às terras acreanas de Mãe a própria Floresta..
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