domingo, 28 de janeiro de 2018

POESIAS ACREANAS - Terezinha Miguéis - 1988


REFLEXÃO 

Terezinha Miguéis Passos 

Sentada na ponte
vejo a fundo
todo o meu mundo!

Sentada na ponte
vejo reluzir
todo o meu ferir!

Sentada na ponte
vejo espelhar
todo o meu amar!

Sentada na ponte
vejo com fulgor
toda a minha dor!

Sentada na ponte
vejo no além... muito além...
Um rosto... De quem?

sábado, 27 de janeiro de 2018

POESIAS ACREANAS - Terezinha Miguéis - 1988

JUNTOS 

Terezinha Miguéis Passos 

Estamos juntos,
juntos, sempre juntos.
Ninguém te levará,
ninguém te tocará.
Eu juro,
eu te prometo.
Aqui no meu peito,
és meu, só meu.
Estamos juntos,
estaremos juntos
sempre juntos,

dentro do meu ser
dentro do meu viver.


OUTRO MUNDO; OUTRA GENTE 
(1984 – Acre) 
Terezinha Miguéis Passos 

Como eu aprendi!
Foi outra ida.
É outro mundo,
é outra vida!

Cidade,
cidade de muita gente!
Mas essa,
é bem mais carente!

Humildes,
decentes e sem maldade.
Como essa, deveria ser
a nossa sociedade!


POESIAS ACREANAS - Maze Oliver - 2014

FALSA REPÚBLICA
Maze Oliver
Quem dá mais? Onde vendo?
Homens de paletó, vidas gordas, vidas caras!
Na feira do voto, feira do silêncio...
Vou seguir minha sina... Diz a menina.
Homem da boca, rei dos becos
Vidas curtas... Custa quanto?
A vida? O sorriso?
Correm os ratos. É a guerra!
Troca a faixa do príncipe!
Agora o novo rei do beco.
Enquanto alguns poetas contam sílabas,
Alguns cantores cantam o sexo...
Outros fecham os olhos, fingem...
Hipócritas, dormentes! Perdidos!
Feira de vidas, escravos da gravata, do nó, do pó...
Enquanto a grande prostituta no cio
(A falsa república)
Ceifa vidas, abafa dores e gritos.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

POESIAS ACREANAS - Maze Oliver - 2015

ACRE
Maze Oliver 

Nasci no Acre
Terra de índio e de índia,
Sou meio índia, pele de sol,
Sangue forte.
Da minha gente tenho orgulho,
Sou do norte.
Sou cabocla da floresta
O chão do Acre beijei.
Sou mulher quase índia,
Eu sei.
Nos mistérios da mata,
No calor do Acre, me gerei
No aceiro da mata me criei.
Acre que dizem fraco, ledo engano...
Ele é rico e soberano,
Pena que sua riqueza
Esvai-se nas mãos de porcos

domingo, 7 de janeiro de 2018

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1992


           INQUIETUDE - 1992
                            Nazareno Lima

Na depressão emocional mutante
Que, periodicamente, variável, carrego ...
Na indiferença estúpida de um cego,
Aceito, inerme, como hospedeiro errante!

Falta Deus, Natureza, Energia e avante
Eu sigo. E só sigo, não me entrego
Pois, não há para quem. Com quem me apego,
É em vão. Não há resultado transfigurante!

Como precisam os Capitalistas, dos capitais:
Precisamos de realidades materiais
Para içar nossas esperanças mortas ...

Nós precisamos de positivas energias,
Para esquentar nossas ideias frias,
Que já cansaram de nos bater às portas!

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* O poeta falava em 1992 sobre a desilusão de
salvar a Floresta das grandes derrubadas e
devastações ambientais pelas quais estavam
passando os povos seringueiros, principalmente
após a morte do grande líder Chico Mendes.

sábado, 6 de janeiro de 2018

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2016


RAZÕES – fevereiro - 2016

               Nazareno Lima

Todas as Flores que nos desfeitearam,
Por nossos rumos da Capilogência ...
Que condenaram a nossa ciência
E nos nossos feitos, não acreditaram!

Aquelas Flores que tanto falaram
E nos tentaram com tal dissidência:
Descemos aos vales da Abstinência
Mas, as Razões nos ressuscitaram!

Acostumados, já desde a infância:
Braços gigantes da Ignorância ...
Nos arrastavam para aquele abismo

Mas, nossa Fé... nossa persistência,
A Metafísica e a Paciência ...
Nos libertaram desse empirismo!
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* O poeta se refere assim as descriminações
que sofreram os Seringueiros acreanos ao longo
da luta pela preservação da floresta.