sábado, 9 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2000


     POESIAS   --- IV ---

A poesia é uma flor 
Que tem origem nas lamas
Nasce da dor do amor...
Das desavenças ... das camas...

A poesia vem do desamor...
Das injustiças... das tramas...
Das pressões... das más famas...
Do silêncio de horror!

E o poeta, com um desabafo breve,
No silêncio, encarcerado escreve
Sua vingança da forma que o convém...

E o homem comum jamais aceita,
Que essa vingança depois de feita,
É a essência do mal transformada em bem!
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POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2000


         POESIAS    ---  III  ---

Será lícito que toda a vida
De um homem, seja só de sofrimentos           
E que seja tão raro os bons momentos,
Que sua mente passará despercebida?

Será lícito que toda a vida
De um homem seja de confinamentos,
E que nem mesmo os desenvolvimentos,
Seja algo à vida dele atribuída!

Condenado a viver pelas tabelas,
O Poeta vive entre paralelas :
Descrevendo pois, sua vil razia...

E é lícito que ele sofra mais ainda?...
Numa vida atormentada que não finda,
Pois, somente assim haverá poesia???

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1992




      INTERROGAÇÕES - 92

Pôr que este castigo multiforme?
Qual é a causa desta grande maldição?
Pôr mais que solicitemos na oração,
Nosso maldito perseguidor não dorme?

Pôr que ó Deus, sofremos tal exploração,
Se temos uma pobreza uniforme?
Qual é a culpa deste padecer enorme,
Se jamais exploramos sequer um cão?

Ó Deus, após 30 anos de pedido,
Só ganhamos o pobre tempo vivido
E um imenso castigo estrangulador...

Esperamos estar-nos enganando
E que seja falso o que estamos pensando:
Que até Jesus também já nos desprezou!
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2000

POESIAS   -      II –  2000
                Nazareno Lima

Misturei-me hoje a Ciência,
Tal no além mistura-se Céu e Terra!
Como a violência se mistura à guerra
E o leigo mistura-se à incompetência!

Misturei-me a eficiência,
Como as rochas se misturam a serra:
Tal a morte que a vida encerra
E Gandhi misturou-se a clemência!

Tal Cristo misturou-se a verdade,
E a Filosofia a realidade, 
Eu vivo essa mistura exagerada...

Assim... O bem se mistura ao bem.
O mal, ao mal mistura-se também,
Para a Natureza ser equilibrada!!!

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2000


         P O E S I A S    - I –

                          Nazareno Lima 

Entreguei-me de vez as fantasias
E as utopias todas desprezei:
Realidades ... O que desejei ...
Hoje mudei tais Filosofias!

Deixei de amar ... Se é que amei
E me dediquei a outras manias:
Viajo hoje pelas poesias,
Que dia-a-dia, já me apaixonei!

Amante sendo da Literatura:
Criei na vida, nova conjuntura,
Para viver o pouco que me resta...

E assim sendo, a Felicidade,
Que até então era raridade,
Chegou de vez me fazendo festa!


domingo, 3 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1999


   MINHA  ENERGIA  -  11/99

A energia que me dá firmeza
A cada dia em que sobrevivo,
É a paixão pela Natureza,
Que é a beleza em que me emotivo!

Talvez pôr isso que a incerteza 
De amar alguém é meu mau motivo,
Troquei o amor pelo olhar ativo
Destas paisagens que não dão tristeza!

Admirando Natureza e flores ...
Esqueci tempos desesperadores,
Que o sentimento me deixou gravado ...

Hoje casado com a Natureza,
Sinto na alma a maior certeza
Da redução deste meu pecado!
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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima e Chico Mendes - 1982

Tua derrota, ó Mãe, é tudo aquilo...
Onde não há forças que à abrande...
Te vejo como Alexandre, o grande
Tentando descobrir as nascentes do Nilo!
O seringueiro entrou em extinção ...
A seringueira também entrou:
Foi o capitalismo quem obrigou,
Esta destruição de irmão sobre irmão!
Teu passado brilhante eu não explico:
Pois, te vejo em profunda coma ...
Tu estás mais triste que a cidade de Roma
Quando caiu em poder de Alarico!
O que haveremos de fazer a esta raça
Que te disputam, tal o prêmio no jogo?
De todas as formas; a ferro e a fogo,
Estão te transformando em fumaça!
Tal qual a ferocidade dos cações
E o instinto destruidor de Nero:
Esta classe com objetivo severo
Ataca-nos sem pensar as razões!
Tal o seringueiro amava o látex forte,
O sulista no Acre ama a grilagem
E tal qual a hévea odeia a friagem;
Tu foges sem poder, do poder da morte!
Quando as chuvas de Janeiro te encharcam,
Do teu duvidoso futuro não me lembro
E as flores das héveas no mes de Setembro,
São as poucas cousas que ainda me marcam!
Ó Mãe! Tal qual causa pena um aborto,
O teu genocídio causa pena ...
Essa gente te olha tal como a hiena,
Ao aproximar-se de um animal morto!

(in "Solilóquio à Minha Mãe" -
Nazareno Lima e Chico Mendes - 1982)