segunda-feira, 11 de julho de 2016

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2012

POEMA TRISTE - 05 /09/2012
                            Nazareno Lima

       - I -
Descendo do povo triste
Que entristeceu a Floresta,
Hoje enfim nada mais resta
Deste povo entristecido...
Pelo Brasil, esquecido...
Sem história e sem lembranças,
Que viveu só de esperanças,
Apoiado em suas crenças,
Lutando contra as doenças
Sem Governo que o assiste!

Povo pobre renegado,
Imigrante do sertão,
Seguidor da devoção,
Pela seca, castigado:
Talvez o mais explorado
Que a América já viu,
Foi quem mais contribuiu
Para enricar o País...
Mas a História não quis
Registrar esse passado!

Povo pobre e solitário
Extrator da Goma Elástica,
Viveu a vida mais drástica
Que o Brasil imputou:
Pois em tudo lhes faltou
Exceto a esperança,
Onde a luta não lhe cansa,
Porém não lhe torna ilustre
Aonde a Febre Palustre
Foi o grande adversário!

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Obs. Aqui o poeta fala do Seringueiro Acreano
no Livro chamado "NOVO TEMPO".

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1992


MAUS LAMESTOS DE 91

                  Nazareno Lima
 

- XLVIII -

Mãe apesar de que estou desprezado
E mais maluco do que Nietzsche foi!
Apesar da Floresta dar lugar ao boi,
Tornando o meu povo mais atrasado!
Apesar da doença que me atacou
E da vasta crise que me debilitou
Não me arrependo de ter lutado:
É triste viver com tanta saúde,
Com a gigantesca força da juventude
E invés de consciente ser alienado!

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- LVI -

Deste meu triste eco, o impulso,
Vem do desespero das Classes Dominadas;
Pelo insano Capital, violentadas
E trazem consigo o ideal convulso!
Esse infeliz grito atabalhoado
É a vil saida do homem explorado
E que traz na alma o pensamento avulso:
E é esse maldito eco desordenado...
A herança da exploração do passado...
O lamento do seringueiro expulso!

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POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1992


MAUS LAMENTOS DE 91

                        Nazareno Lima


-XLIV -

Mãe, minha vida hoje é uma insônia,
Ante as injustiças e violências!
De tanto implorar por meras clemências
Vivo padecendo de grande afonia!
Talvez quem sabe, Por eu ser do Acre...
Depois destes 20 anos de massacre,
Minha vida é uma vil acrimônia:
O meu viver já é tão obsceno
Que nem sei porque me chamam Nazareno
E nem porque te chamam de Amazônia!

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Obs. O Livro do Prof. Nazareno se refere aqui a
grande devastação da Floresta Amazônica que
aconteceu na década de 1980 e junto a isso , o
assassinato do líder seringueiro Chico Mendes.

sábado, 9 de julho de 2016

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1982


SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - 1982
                            Nazareno Lima
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Somos os heróis que sem armas, lutamos,
Jamais temeremos a presença da morte!
A resistência para ser-mos assim tão forte,
É a fome de vencer a injustiça que estamos!


Para nós é força, qualquer incentivo:
A ação da repressão nos faz crescer!
Quem quer que seja, vindo a vencer,
Reforça-nos, tendo o mesmo objetivo!


Ouvindo Buarque, Vandré ou Simone,
Ouvimos da Floresta, o cantar ...
E no nosso credo procuramos alcançar
A fé que dominou Cláudio Avallone!


Santificada é a guerra pela paz ...
Quem morreu na luta, para nós vive,
Terás que ser fera, quem com feras convive
E caminhante algum deve olhar para trás!!!

 
Entre um momento alegre e outro triste:
Teremos de vencer essa luta um dia ...
Mesmo que façamos uma guerra fria,
Onde a vitória é daquele que resiste!

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sexta-feira, 8 de julho de 2016

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1992

Maus Lamentos de 91 
                     Nazareno Lima

     - XXIII -
Eu vivo a bater em portas fechadas
E nenhuma se abre para me atender:
Os políticos fogem para não me ver
E me atam às classes marginalizadas!
Implorando apoio de pobres bilhetes
Sou expulso calado dos gabinetes
Por lindas chefes semi-alfabetizadas!
Saio então assim... Por estas ruas tortas,
Sem reclamar minhas esperanças mortas,
Rogando que surjam outras estradas!
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POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima 1992

Maus lamentos de 91
Nazareno Lima

        - XVIII -
Eu não posso mudar essa minha mente
E irei assim pelos anos adiante;
Levando a minha pobre luta avante,
Enquanto não vier alguém que me atente!
Tal  foi Tomás Antônio Gonzaga:
Se vier a cair-me uma igual praga,
Ainda lutarei contra essa gente!
Enquanto a vida me der resistência
E a morte não levar minha vivência
Eu lutarei pelo Meio Ambiente!
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¨POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1992


Maus Lamentos de 91
          Nazareno Lima 

- XV -
Foi esta opressão que me fez um vate...
E nunca me arrependo de ter lutado;
Apesar de ser um ser comparado
A um mísero cão sem dono quando late!
Comoveu-me pois, a grande opressão
Que o vil exótico fez ao meu irmão
E este, defendia-se com o "empate"!
Eu lutava apenas com uma caneta,
Escrevendo palavras numa caderneta,
Sem poder lutar pois, noutro combate!
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