sexta-feira, 29 de setembro de 2017

POESIAS ACREANAS - Mario de Oliveira - 1943



ENCHENTE
Mário de Oliveira (19??-1977)

Faz pouco, o rio parecia um veio
D’água, humilde, a fluir calmo e cantante,
Modulando saudades, se bem creio,
Do recôndito berço já distante...

Agora, entanto, alçando o colo, cheio,
Outro parece, – bélico, arrogante,
Arrasando, sem dó, qualquer bloqueio,
Que à cavalgada infrene surja diante!

É belo, assim, na galopada louca,
Qual um corcel fogoso, espuma à boca,
Espumantes balseiros conduzindo!

Espraiando-se, túrgido, iracundo,
Parece até querer tragar o mundo,
– Castigo da Bíblia repetindo...

jornal O Acre, 10 de abril de 1943, Ano XIV, N.689

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2000



DINÂMICA  HUMANA   -   04/2000
                                    Nazareno Lima

Mudam as datas: a sociedade segue
Pervertida e preconceituosa ...
A idéia da esperança proveitosa,
Não há indivíduo pois que negue!

O rico, ao pobre a cada dia persegue,
Pela força da ideia vantajosa ...
O  pobre, pela utopia esperançosa
É lógico que um dia se entregue!

E assim pelo tempo, alquebrado,
Todo homem há de ser explorado
Pela mão ambiciosa do poder ...

E irá pelos séculos essa diferença:
O pobre que um dia o rico vença,
Que é a forma desumana de viver!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
* Aqui o poeta critica a situação da 
sociedade acreana e amazônica de um 
modo geral diante da exploração 
capitalista, segundo ele chegando a 
ser uma ação desumana.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2017



PARADIGMAS – 05-09-2017
                Nazareno Lima

É muito triste ao homem que atravessa
Transformações do povo e do seu meio,
Grandes tristezas e emoções lhe veio
E sua alegria nunca mais se expressa!

Triste do homem que por devaneio,
Vive à dizer que a Polis lhe interessa,
Onde no fundo real de sua conversa,
É o seu passado que está no seu seio!

Assim, o Paradigma é ao homem intruso,
Mesmo que do “progresso” ele faça uso,
Na mais remota das ansiedades...

Hoje se vê milhões de brasileiros
De Culturas mortas tais os seringueiros
Andando às tontas por tantas cidades!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
* O poeta se expressa nesse soneto 
analisando a atual situação física e psíquica 
dos ex seringueiros acreanos que ainda resta 
vivendo nas cidades e que sua cultura já não 
mais existe.