sexta-feira, 29 de setembro de 2017

POESIAS ACREANAS - Mario de Oliveira - 1943



ENCHENTE
Mário de Oliveira (19??-1977)

Faz pouco, o rio parecia um veio
D’água, humilde, a fluir calmo e cantante,
Modulando saudades, se bem creio,
Do recôndito berço já distante...

Agora, entanto, alçando o colo, cheio,
Outro parece, – bélico, arrogante,
Arrasando, sem dó, qualquer bloqueio,
Que à cavalgada infrene surja diante!

É belo, assim, na galopada louca,
Qual um corcel fogoso, espuma à boca,
Espumantes balseiros conduzindo!

Espraiando-se, túrgido, iracundo,
Parece até querer tragar o mundo,
– Castigo da Bíblia repetindo...

jornal O Acre, 10 de abril de 1943, Ano XIV, N.689

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