ENCHENTE
Mário de Oliveira (19??-1977)
Mário de Oliveira (19??-1977)
Faz pouco, o rio parecia um
veio
D’água, humilde, a fluir
calmo e cantante,
Modulando saudades, se bem
creio,
Do recôndito berço já
distante...
Agora, entanto, alçando o
colo, cheio,
Outro parece, – bélico,
arrogante,
Arrasando, sem dó, qualquer
bloqueio,
Que à cavalgada infrene
surja diante!
É belo, assim, na galopada
louca,
Qual um corcel fogoso,
espuma à boca,
Espumantes balseiros
conduzindo!
Espraiando-se, túrgido,
iracundo,
Parece até querer tragar o
mundo,
– Castigo da Bíblia
repetindo...
jornal O Acre, 10 de abril de 1943, Ano XIV,
N.689
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