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10/12/1993
Nazareno
Lima
- I -
Tu
és mais soberba do que foi Roma,
Ô
terra natal dos oportunistas !
Enquanto
abrigas vis capitalistas
És
mais prostituta do que foi Sodoma !
Amante
daqueles que dos pobres, toma:
Enquanto
aplaudes os mais egoístas,
Desprezas assim os grandes artistas
E
ao violento à cada dia assoma !
Lembrai
pois, dos imensos seringais
E
Também dos gigantescos castanhais
Qua
há muito tempo se fizeram lenha ...
E
o Seringueiro tão humilde e forte:
Tu
o chamaste para a própria morte
E
por tudo isto tu jamais se empenha !
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Toca
exploradora e explorada:
Esconderijo
de pobres gatunos,
Nos
bons Palácios, os grandes tribunos
Protagonizam,
discursando Nada !
Foi
tu, ó carrasca vil, desvairada
(
Cuja maldade me lembrou os hunos
E
a rebeldia que tem os meus alunos
É
a tua herança que a genética fada! )
Que
na minha introspecção estatística
(
É desconexa minha casuística
Que
o pensamento não dialetiza ... )
Atrapalhou-me para todo e sempre
Enfraquecendo-me
precocemente
E
me tirando a última camisa !!!
- II -
Herdei-te pois, esta triste cinda:
Meu
fraco corpo sob ti, habita
Mas,
minha alma tristemente aflita
Está na floresta habitando ainda !
Este
teu castigo, enquanto não abranda
E
nem o meu nome a tua boca chama:
Meu
magro corpo por justiças clama
E
minha alma triste entre vales anda!
Enquanto
errada, contra mim se vingas:
Meu
corpo frágil por tuas praças vaga
E
minha alma alva enquanto não se apaga
Vive
nas matas à cortar seringas !
Enquanto
trair-me-á por anos vindouros,
Meu
corpo trilha por teus sujos becos
E
minha alma odiando estes matos secos,
Anda
tristonha pelos varadouros !
Enquanto
me exploras à cada vez mais,
Com
tamanha mágoa, a qual me consome:
Meu
pobre corpo vive à passar fome
E
minha alma vaga pelos tabocais !
Enquanto
negares os direitos meus
Com
estas tuas leis ultra corrompidas:
Meu
corpo anda à mendigar comidas
E
minha alma vive à se lembrar de Deus !
* Este poema é a mais crítica expressão
do poeta Nazareno Lima sobre a situação
dos seringueiros acreanos na cidade de
Rio Branco.
Prof. Nazareno Lima em 1994.
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