segunda-feira, 4 de setembro de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - Aqui - 1992



AQUI  -  10/12/1993
                           Nazareno Lima 
                 - I -

Tu és mais soberba do que foi Roma,
Ô terra natal dos oportunistas !
Enquanto abrigas vis capitalistas
És mais prostituta do que foi Sodoma !

Amante daqueles que dos pobres, toma:
Enquanto aplaudes os mais egoístas,
Desprezas assim os grandes artistas
E ao violento à cada dia assoma !

Lembrai pois, dos imensos seringais
E Também dos gigantescos castanhais
Qua há muito tempo se fizeram lenha ...

E o Seringueiro tão humilde e forte:
Tu o chamaste para a própria morte
E por tudo isto tu jamais se empenha !
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Toca exploradora e explorada:
Esconderijo de pobres gatunos,
Nos bons Palácios, os grandes tribunos
Protagonizam, discursando Nada !

Foi tu, ó carrasca vil, desvairada
( Cuja maldade me lembrou os hunos
E a rebeldia que tem os meus alunos
É a tua herança que a genética fada! )

Que na minha introspecção estatística
( É desconexa minha casuística
Que o pensamento não dialetiza ... )

Atrapalhou-me para todo e sempre
Enfraquecendo-me precocemente
E me tirando a última camisa !!!

                 - II -
Herdei-te pois, esta triste cinda:
Meu fraco corpo sob ti, habita
Mas, minha alma tristemente aflita
Está na floresta habitando ainda !

Este teu castigo, enquanto não abranda
E nem o meu nome a tua boca chama:
Meu magro corpo por justiças clama
E minha alma triste entre vales anda!

Enquanto errada, contra mim se vingas:
Meu corpo frágil por tuas praças vaga
E minha alma alva enquanto não se apaga
Vive nas matas à cortar seringas !

Enquanto trair-me-á por anos vindouros,
Meu corpo trilha por teus sujos becos
E minha alma odiando estes matos secos,
Anda tristonha pelos varadouros !

Enquanto me exploras à cada vez mais,
Com tamanha mágoa, a qual me consome:
Meu pobre corpo vive à passar fome
E minha alma vaga pelos tabocais !

Enquanto negares os direitos meus
Com estas tuas leis ultra corrompidas:
Meu corpo anda à mendigar comidas
E minha alma vive à se lembrar de Deus !

* Este poema é a mais crítica expressão 
do poeta Nazareno Lima sobre a situação 
dos seringueiros acreanos na cidade de 
Rio Branco.


Prof. Nazareno Lima em 1994.

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