O
ruído do terçado com areia
Que
eu passava numa pedra-de-amolar
E
uma garça num igarapé à pescar
Avisavam esta obra muito feia!
O
cansaço que me vinha ao fim do dia;
Num
balseiro, o chiar duma mucura
E
o cheiro da baunilha já madura
Prediziam
a chacina que viria!
O
sol brando vez ou outra inda brilhava;
Com
anelo, esperava-se o noteiro
E
um cachorro que latia no terreiro
Predestinavam
essa sina que chegava!
O
pio agudíssimo dos tucanos
Que
eu ouvia em abril após as chuvas
E
o chiado sufocante das saúvas
Prediziam
o teu fim em poucos anos!
O
assobio estridente de um soim,
O
alto chalrar de um papagaio ...
E
os matutinos pingos do orvalho de Maio
Já
previam o início do teu fim!
O
agudo pio do gavião-tesoura,
O
vôo do urubu-rei fazendo festa
E
o zumbido de um serra-pau na floresta
Premonizavam
esta ação devastadora!
O
pio de um araçari esperto,
Percebendo
o ninho de um bentivi
E
o zunido da colmeia de jaty
Profetizavam
o teu ser virar deserto!
O
pio da inhambu-azul de madrugada,
O
urro de um capelão desvairado
E
o grito de um janau revoltado
Diziam
que tua vez era chegada.
Um
pica-pau à procura de comida
Reproduzia
uma voz assustadora:
Parecia
o som duma metralhadora
Disparando
contra a tua pobre vida!
* O poeta se expressa como se fosse um
seringueiro que, ouvindo os sons da floresta
interpretava como sendo uma previsão
ou um aviso da invasão dos povos do Sul
do Brasil para desmatar e com isso
exterminar quase toda a floresta acreana.
* O poeta se expressa como se fosse um
seringueiro que, ouvindo os sons da floresta
interpretava como sendo uma previsão
ou um aviso da invasão dos povos do Sul
do Brasil para desmatar e com isso
exterminar quase toda a floresta acreana.
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