quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima e Chico Mendes - 1982

Cismando de ver à margem, as vidas ...
Tento fugir das periferias das cidades:
Sendo obrigado a ver, pôr infelicidades,
As ramagens aduncas ressequidas!

Piso levemente a terra adusta;
Transformada em hulha, vejo a albugem.
A cor da folhagem lembra-me a ferrugem,
Fruto de uma causa que não acho justa!

Enquanto paulatinamente fenecem rios ...
Tento esquecê-los, pesquisando um pobre léxico:
Aqui é mais triste que os sismos do México
E pior que o gás que escapou do Nios!

Mesmo David, em suas passagens aziagas,
Que em 68, cinco cidades varreu ...
E Nevado Del Ruiz, quando gemeu ...
Foram mais pacíficos que estas pragas !!!

Aqui não se fala mais de flores ...
Os caules mortos enchem os talvegues:
Há uma força destruidora que persegues,
Mortificando a força dos trabalhadores!

(in "SOLILÓQUIO À MINHA MÃE" Nazareno Lima e Chico Mendes - 1982)

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