quarta-feira, 19 de agosto de 2015





 POEMA TRISTE - 05 /09/2012
 Nazareno Lima

Descendo do povo triste
Que entristeceu a Floresta,
Hoje enfim nada mais resta
Deste povo entristecido...
Pelo Brasil, esquecido...
Sem história e sem lembranças,
Que viveu só de esperanças,
Apoiado em suas crenças,
Lutando contra as doenças
Sem Governo que o assiste!

Povo pobre desgraçado,
Imigrante do sertão,
Seguidor da devoção,
Pela seca, castigado:
Talvez o mais explorado
Que a América já viu,
Foi quem mais contribuiu
Para enricar o País...
Mas a História não quis
Registrar esse passado!

Povo pobre e solitário
Extrator da Goma Elástica,
Viveu a vida mais drástica
Que o Brasil imputou:
Pois em tudo lhes faltou
Exceto a esperança,
Onde a luta não lhe cansa,
Porém não lhe torna ilustre
Aonde a Febre Palustre
Foi o grande adversário!

Surgiu nos anos oitenta,
Lá no Século XIX,
Porém não há quem comprove
Os primeiros Seringueiros,
Estes pobres brasileiros,
Quase todos nordestinos...
Entre velhos e meninos,
Em tudo, lutaram forte:
Não temeram nem a morte
Naquela Guerra Sangrenta!

Deixavam o velho torrão,
Oras da seca fugindo...
Já outros iam saindo
Para escapar do Cangaço!
Milhares, pelo cansaço
De viver na Injustiça:
Sem oração e sem missa
Seguiam para os embarques,
Onde nem García Marquez
Conheceu mais solidão!

Por seis meses viajando,
Chegavam ao barracão,
Devendo muito ao patrão,
Tinham que economizar,
Por isso pouco comprar,
Era a meta a ter um saldo,
Mas a dívida por respaldo
Teimava em lhe acompanhar:
E o momento de voltar
Ia-se então adiando!

A goma subiu de preço
Em 910...
Pra 17 mil Réis...
Mas não chegava a 1/3
Para os pobres seringueiros.
Coronéis e estrangeiros,
Faziam um jogo de encarte
Na luta destes “guerreiros”.
Manobras pra não dar certo
Enganava o mais esperto
Naquele gigante cerco!


Um comentário:

  1. Esse poema faz parte do livro "Novo Tempo" que retrata um pouco da vido do Seringueiro que habitou as florestas do Acre e da Amazônia de 1882 a 1988. Hoje portanto não há mais esse tipico habitante nas florestas nem do Acre e nem tampouco da Amazônia. O livro tem por fim resgatar um pouco da memória dessa população.

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