quinta-feira, 3 de março de 2016

A ÚLTIMA REVOLUÇÃO ACREANA - 2010

Capítulo 2 - A Falência dos Patrões
                                         Nazareno Lima

A falência dos Patrões também está relacionada às causas do declínio da produção de borracha no Acre.

O principal motivo da falência desta classe social e econômica do Acre foi a inflação, já que sua produção era anual e assim suas compras eram também anuais. Geralmente quando ele vendia a sua produção, comprava uma quantidade de mercadorias menor que no ano anterior.

Acontece que o preço da mercadoria aumentava mais que o preço da borracha e assim a cada ano ia diminuindo o seu capital financeiro, neste caso faltava recursos para investir em atividades necessárias no seringal. Assim, após alguns anos, já pelo mês de setembro o patrão não tinha mais mercadorias de primeira necessidade no barracão.

Outro problema é que estes patrões tinham uma despesa enorme com a manutenção de varadouros, animais de carga para o escoamento da produção e contas atrasadas ou impagáveis de seringueiros. Assim os gastos dos patrões para manter o seringal funcionando eram muito grande: todos os anos tinham que limpar e desobstruir os varadouros, reformar ou colocar pontes ou pranchões sobre os igarapés, comprar novos animais para repor a frota dos comboios, limpar ou bater o campo e manter a agricultura de subsistência do barracão além do pagamento de empregados que trabalhavam nos serviços do seringal, como: comboieiros, noteiros, guarda-livros, etc.

Muitos patrões não suportando esta árdua responsabilidade e despesa absurda, arrendavam seus seringais e após poucos anos, estes arrendatários estavam também falidos. Na segunda metade da década de 1960 a maioria dos seringais do rio Acre, Yáco e Xapuri estavam arrendados ou partes deles.

quarta-feira, 2 de março de 2016

SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - 1982

       Nazareno Lima e Chico Mendes

            - II –

Teus pacóvios filhos, pela incúria
Atraem vossos adversários como a caça
Seduz ao caçador: E vós  tal a traça,
Jamais pagarão pôr tal injúria!

Minha libertação é livrar-lhe desta peste
Que crucifica a sociedade arborícola...
Fingindo aumentar a produção agrícola,
Redobra o capital que aqui investe!

Continuando assim, ó homem estulto,
O que devastarás o teu último filho ?
O meu filho seguirá o meu trilho:
Substituindo o meu afligido vulto!

Homem, tu não avalia o que acabas
E a nossa penosa destruição, não notas!
Odeio teu canivete... tuas botas
E também o teu chapéu de largas abas!
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NOVO TEMPO – Agosto – 2015

                         Nazareno Lima

Tal a exploração se expande
E prossegue a ignorância:
Eu sigo com a militância,
Sem urgir que alguém me mande!

Antes que a vida desande
E enfim me chegue a demência,
Luto enfim nesta ciência ...
Pois, meu compromisso é grande!

Tal o maior dos brasileiros,
Sinto então dos Seringueiros,
O desejo de vitória ...

Hoje nada o que eu fazer:
Para não deixar morrer ...
Resgato-os com a História!
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SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - 1982

                 Nazareno Lima e Chico Mendes

               - I -
Vejo hoje sob medidas ameaçadoras
Esta, que a tantos como eu, criou.
Com isto, dentro do meu ego ficou
O martírio das espécies sofredoras!

Cada tombo individual que acontece,
Do meu corpo parece, um pedaço tirar:
É mais uma batalha em que devemos lutar,
Enquanto aos poucos minha Mãe fenece!

A tua morte ó Mãe minha, dá a vida
A estes que, pelo dinheiro, lhe abate:
Cobrem nós com um manto escarlate
E a caminhada neste mundo é perdida!

Os irmãos que ajudam a exterminar-lhe,
É pela necessidade tão poderosa...
E os exóticos, de ideia impiedosa:
Ordenam como brutamente explorar lhe!

Sua dimensão que é ainda pomposa,
Ocultando a criação da desídia,
Perseguida pela horda da perfídia
Que julga-se entre nós, vitoriosa!
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terça-feira, 1 de março de 2016

VOCÊ - II - 01 - 03 - 2016



Nazareno Lima

Você que fica feliz quando me ver
E que aplaudes de pé, minhas vitórias...
Que me desejas conquistar mil glórias
Neste penoso caminho de viver!

Você que ama minhas razões de ser
Nessa planície de raras memórias...
Aonde eu vivo a vasculhar histórias
Para ensinar aos que amam aprender!

Talvez não saibas mas, você é quem
Me incentivas nesse espaço além,
Para que eu viva resseugindo isto...

Sem eu ter algo enfim, para te dar,
Só rogo a Deus que consigas conquistar
A difícil salvação de Jesus Cristo!
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O MÁRTIR DA INCOMPETÊNCIA - 25/02/2004


                             Nazareno Lima

De onde tirarei pois, mais energias
Para então continuar resistindo
A tantas dores que estão me afligindo
Neste caminho de más companhias?

Minhas verdades são hoje utopias
Para muitos seres que vivem fugindo
De tais verdades que, me perseguindo ...
São as poucas causas de minhas alegrias!

Eu sei que não verei, mas vai haver
Um Tribunal para comprometer
Estes hereges da fé na Ciência ...

A morte precoce me rondando a vida:
O meu desgosto nesta grande lida,
É ser um  mártir da incompetência !
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05 DE SETEMBRO DE 2005

          
                          Nazareno lima

Sinto tristezas... Sinto pena... E amar
É algo bom que já não sinto aqui
Pois, na Amazônia e neste Aquiry
A humanidade resolveu queimar!

E a Natureza sem atrapalhar,
Mandou uma seca tal no Cariri:
Morreram árvores por demais, eu vi
E até o rio Acre resolveu secar ...

Por que será que os homens reprimidos,
Não guardam tatos, olhos e sentidos,
Para sentirem estas calamidades?

Eu só lamento perante a Ciência:
Quando estes seres criarem consciência,
A Amazônia já será saudades!

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