quinta-feira, 26 de outubro de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014



     AGOSTOS  - IV 
                       Nazareno Lima

Na solidão do mundo em que me encontro,
Neste oceano de desilusões....
Vejo um palco de mil frustrações
Que a Natureza me impôs nesse afronto...

Depois deste terrível desencontro
De mim com as felicitações,
Restou-me enfim as explorações
Que do pobre é o saldo que vem pronto!

Depois de 50 anos de lutas
Nas planícies, nos vales e nas grutas,
Cansado... resta-me então rezar...

E a lembrança das lutas me acende
E a resistência enfim me surpreende:
Ainda sentindo vontade de lutar! 

* O poeta fala da luta pela preservação 
das Florestas do Acre, onde muitos ativistas já 
julgam como uma utopia.

sábado, 7 de outubro de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2017

                                         Temporal em Rio Branco - Acre com 110 acidentes
a domicílios e veículos porém sem vítimas e ventos de 100 km/h - 06-10-2017.


LAMENTOS – 05-09-2017
            Nazareno Lima

De que valeu derrubarem as nossas matas
Que abrigavam e empregavam tanta gente?
A economia que era ao meio, independente,
Tornou-se hoje desse meio, substrata!

De que valeu nossa terra tão barata,
Distribuída em geral ao insurgente...
E o seringueiro tal e qual um indigente
Abnegado pelo boi e sua pata!

E brevemente restará nem o passado,
O que havia em nosso meio antes do gado
Nem a História nossos povos sorverão...

É a Verdade todavia e não afronta...
Naturalmente nos sobrou a grande conta
Que injustamente as crianças pagarão!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

* O poeta fala cientificamente dos contrastes 
econômicos que modificaram a Amazônia e 
especialmente o Acre e as transformações 
ambientais causados por essas transformações 
as quais ele chama de 'conta natural'.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2000



OS  MUDOS   -   10/04/2000
                     Nazareno Lima

Eu tenho tanto à falar ao mundo,
Pena que ele não me dê ouvidos:
Sou dos anônimos que vivem escondidos,
A sustentar este pesar profundo!

Quantos tal eu estarão perdidos?
Vítimas do vil anonimato infundo,
Semelhante a um pobre vagabundo,
Na alheia dependência dos sentidos!

Talvez pior do que foi Canudos:
É triste esta multidão do mudos,
E não há quem conte este acervo...

E muitos morrerão emudecidos ...
E eu para não ser um dos vencidos ...
Já que não falo, ao menos escrevo!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
* Continua o poeta a falar como um 
seringueiro expulso, onde na cidade 
nem sequer é ouvido pelas pessoas 
e isso por mais conscientes que sejam.