domingo, 5 de novembro de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2015



MAIOS - II -
11 - 05 - 2015
                    Nazareno Lima 
         
          - I -
Maio, chegou mais um, mas não muda
A sorte, que continua estreita:
Esse fantasma que não há receita
Para atraí-la à situação desnuda!

Àqueles que tem a vivência miúda
A qual o destino não rejeita...
Atados à indiferenciação liquefeita
Tal os Anacoretas à quem estuda!

Assim, à cada ano vem mais um,
Predestinado desde 2001,
Para cumprir-se a verdade do sofrer...

Não é como dizem, a falta de amar
E nem o misterioso Contorno Bipolar:
É a Metaficiência que não se pode ver!
         
          -II -
Tomado por forte ânsia,
Exaurido e contrafeito,
Com uma angústia no peito
E o horror pela ganância!

Na cidade ou na estância,
Não consegui ser direito:
Na peleja o pior pleito
É lidar com a ignorância!

Tentei... Lutei... Combati,
Insisti, mas não venci,
Usando até a ternura...

Cismando em me aculturar,
Resolvi não mais lutar
Contra essa pobre cultura!

          -III-
 O que na vida faz um homem só?
Se há ninguém por ele há não ser Deus!
A insegurança cresce nos passos seus,
E ninguém enfim dele tem dó!

O homem e a Natureza: esse nó
O qual vem bem antes dos Caldeus...
Ligado à solidão e até Zeus
Provou-a antes de volver ao pó!

A solidão à vida humana faz jus,
Dela provou até mesmo Jesus
Quando retirou-se para orar...

E vem triste o homem desde as cavernas,
Depressivo nas solidões eternas...
Que somente a morte um dia o livrará!

        - IV -
 Solidão... Emoção que acompanha
Ao homem, pela sorte deprimido...
Que vive pelo meio, estarrecido
Pelo fato passional que o apanha!

Cismando o fenômeno atribuído
Pelas crises sociais que o assanha,
A falta de afeto: uma artimanha
Do espaço social desmerecido!

Vítima social do preconceito,
O Homem, na alta idade: o desrespeito,
Na sociedade do absurdo...

Atira-se então o homem na abulia,
Hipocondria ou Hipocrisia...
Enfim: viverá de esmolar tudo!

   - V -
Pedi a sorte que me visitasse
E que me tirasse dessa dissidência.
Pedi com fé e forte clemência,
Para não mais viver nesse impasse!

Para safar-me dessa abstinência...
Pedi também que me reparasse
Todo esse tempo que, fora da classe,
Fui mal vivido nessa experiência!

Pedi a sorte para me ajudar,
Para não mais me descriminar,
Mas meu pedido foi algo baldado...

E a sorte disse o que Jesus falou:
Aquele que mais tem, mais eu lhe dou
E quem não tem, nada lhe será dado!

- VI -
Se tristeza fosse numerário
E se saudade fosse economia,
Se melancolia fosse mais-valia...
Hoje eu seria um bilionário!

Do Capitalismo, eu um sectário
Ou um templário da Maçonaria:
Hoje Bill Gates, nada me diria,
Porque seria um minoritário!

E se Onassis existisse e por acaso,
Viesse a fazer-me descaso,
Teria mais uma desfeita...

E eu, levado pela experiência,
Hoje rogo pela minha falência
Que Jamais a Natureza aceita!

 - VIII -
Me ronda um pressentimento
Que me causa esquisitice:
É o medo da velhice
E a falta de um passatempo!

Com esse entretenimento
Que até me traz meiguice
Me faz sair de mesmice
E me serve de instrumento!

Hoje digo de verdade:
Para o peso da idade,
Somente se enxerga o fim!

Digo, Jesus me permita:
Mas se não fosse a escrita,
O que seria de mim?

- IX -

Sonhei morando na mata,
Comprazendo o animismo,
Vivendo do extrativismo
Naquela função ingrata!

Sem pensar no ecologismo,
Caçando e fazendo à cata,
Tendo a medida por lata
E avesso ao Capitalismo!

Nas ladeiras... nas restingas,
Vivendo à cortar seringas
Para reter os meus traços...

Em 90, como eu disse:
Talvez minha alma triste,
Ainda está nesses espaços!

- X -
Se tristeza fosse numerário
E se saudade fosse economia,
Se melancolia fosse mais valia...
Hoje eu seria um milionário!

Do Capitalismo, eu um sectário
Ou um templário da Maçonaria:
Hoje Bill Gates, nada me diria,
Porque seria um minoritário!

Contrária ao que o destino insiste,
Minha brava alma rica de ser triste,
No ocaso, ainda conforta o coração...

Nos palcos fechados e sem plateia,
Vai descrevendo sua odisseia,
Raciocinando da Natureza a Razão!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
* Nesse poema o Prof. Nazareno Lima 
retrata a vida e o descontentamento 
sofrido pelos raros seringueiros do 
Acre que ainda existem.

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