MAIOS - II -
11 - 05 - 2015
11 - 05 - 2015
Nazareno Lima
- I -
Maio, chegou mais
um, mas não muda
A sorte, que
continua estreita:
Esse fantasma que
não há receita
Para atraí-la à
situação desnuda!
Àqueles que tem a
vivência miúda
A qual o destino
não rejeita...
Atados à
indiferenciação liquefeita
Tal os Anacoretas à
quem estuda!
Assim, à cada ano
vem mais um,
Predestinado desde
2001,
Para cumprir-se a verdade
do sofrer...
Não é como dizem, a
falta de amar
E nem o misterioso
Contorno Bipolar:
É a Metaficiência
que não se pode ver!
-II -
Tomado por forte
ânsia,
Exaurido e
contrafeito,
Com uma angústia no
peito
E o horror pela
ganância!
Na cidade ou na
estância,
Não consegui ser
direito:
Na peleja o pior
pleito
É lidar com a
ignorância!
Tentei... Lutei...
Combati,
Insisti, mas não
venci,
Usando até a
ternura...
Cismando em me
aculturar,
Resolvi não mais
lutar
Contra essa pobre cultura!
-III-
O que na vida faz um homem só?
Se há ninguém por
ele há não ser Deus!
A insegurança
cresce nos passos seus,
E ninguém enfim
dele tem dó!
O homem e a
Natureza: esse nó
O qual vem bem
antes dos Caldeus...
Ligado à solidão e
até Zeus
Provou-a antes de
volver ao pó!
A solidão à vida
humana faz jus,
Dela provou até
mesmo Jesus
Quando retirou-se
para orar...
E vem triste o
homem desde as cavernas,
Depressivo nas
solidões eternas...
Que somente a morte
um dia o livrará!
- IV -
Solidão... Emoção que acompanha
Ao homem, pela
sorte deprimido...
Que vive pelo meio,
estarrecido
Pelo fato passional
que o apanha!
Cismando o fenômeno
atribuído
Pelas crises
sociais que o assanha,
A falta de afeto:
uma artimanha
Do espaço social desmerecido!
Vítima social do
preconceito,
O Homem, na alta
idade: o desrespeito,
Na sociedade do
absurdo...
Atira-se então o
homem na abulia,
Hipocondria ou
Hipocrisia...
Enfim: viverá de
esmolar tudo!
- V -
Pedi a sorte que me
visitasse
E que me tirasse
dessa dissidência.
Pedi com fé e forte
clemência,
Para não mais viver
nesse impasse!
Para safar-me dessa
abstinência...
Pedi também que me
reparasse
Todo esse tempo
que, fora da classe,
Fui mal vivido
nessa experiência!
Pedi a sorte para
me ajudar,
Para não mais me
descriminar,
Mas meu pedido foi
algo baldado...
E a sorte disse o
que Jesus falou:
Aquele que mais
tem, mais eu lhe dou
E quem não tem,
nada lhe será dado!
- VI -
Se tristeza fosse
numerário
E se saudade fosse
economia,
Se melancolia fosse
mais-valia...
Hoje eu seria um
bilionário!
Do Capitalismo, eu
um sectário
Ou um templário da
Maçonaria:
Hoje Bill Gates,
nada me diria,
Porque seria um
minoritário!
E se Onassis
existisse e por acaso,
Viesse a fazer-me
descaso,
Teria mais uma
desfeita...
E eu, levado pela
experiência,
Hoje rogo pela
minha falência
Que Jamais a
Natureza aceita!
- VIII -
Me ronda um
pressentimento
Que me causa
esquisitice:
É o medo da velhice
E a falta de um
passatempo!
Com esse
entretenimento
Que até me traz meiguice
Me faz sair de
mesmice
E me serve de
instrumento!
Hoje digo de
verdade:
Para o peso da
idade,
Somente se enxerga
o fim!
Digo, Jesus me
permita:
Mas se não fosse a
escrita,
O que seria de mim?
- IX -
Sonhei morando na
mata,
Comprazendo o animismo,
Vivendo do
extrativismo
Naquela função
ingrata!
Sem pensar no
ecologismo,
Caçando e fazendo à
cata,
Tendo a medida por
lata
E avesso ao
Capitalismo!
Nas ladeiras... nas
restingas,
Vivendo à cortar
seringas
Para reter os meus
traços...
Em 90, como eu
disse:
Talvez minha alma
triste,
Ainda está nesses
espaços!
- X -
Se tristeza fosse
numerário
E se saudade fosse
economia,
Se melancolia fosse
mais valia...
Hoje eu seria um
milionário!
Do Capitalismo, eu
um sectário
Ou um templário da
Maçonaria:
Hoje Bill Gates,
nada me diria,
Porque seria um
minoritário!
Contrária ao que o
destino insiste,
Minha brava alma
rica de ser triste,
No ocaso, ainda
conforta o coração...
Nos palcos fechados
e sem plateia,
Vai descrevendo sua
odisseia,
Raciocinando da
Natureza a Razão!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
* Nesse poema o Prof. Nazareno Lima
retrata a vida e o descontentamento
sofrido pelos raros seringueiros do
Acre que ainda existem.
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