sábado, 11 de novembro de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014



ANDANÇAS – 19/02/2014
              Nazareno Lima

       - I -

Andei por muitos lugares;
Olhei em muitos olhares,
Vi algo que não se diz...
É a Razão que me faz crer;
Vi prazeres... Vi sofrer,
Mas não me senti feliz!

Fui descendo... Fui subindo...
Vi mulheres que, fingindo,
Enganavam multidões...
Pela Fé que me guiava,
Em reflexos, eu me alertava,
Pra fugir destes quinhões!

Vi mulheres revoltadas
Por amar sem ser amadas.
Vi crianças a chorar...
Vi casais desentendidos,
Vi homens sendo traídos
Por não ter amor pra dar!

Vi idosos como Eu,
Lutando mais que Orfeu
Por uma esmola de amor...
Mas nas lutas só perdiam
E a traição que recebiam
Aumentava a sua dor!

Vi crianças rejeitadas,
Suas mães desesperadas,
Na idade prematura...
Por não ter algo de novo,
A revolta desse povo
Já virando uma cultura!

    - II -

Vi Jovens perambulando,
Cheirando pó e fumando
Para fugir da rotina...
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......................................







   - III -
Por todos estes lugares
Em que vi muitos olhares
Os quais me diziam tanto...
Em qualquer que fosse o canto...
Em grande ou pequeno espaço...
Era enorme o meu cansaço
De ouvir os maldizentes:
Uma espécie de indigentes
Que a ciência consagrava...
Na órbita em que eu estava
Vi tantas opiniões...
Mas eram vans as razões
E também as qualidades...
E as tais felicidades
Não consegui ver chegar!
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Ainda quis ajudar,
Mas nem me quiseram ouvir,
E a razão que percebi
Foi deixar continuar!
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Às vezes me dava pena
Daquela terrível cena...
Mas o que fazer, não tinha...
Gente que ia e vinha,
Da mais diferente escória:
Cada um com sua história,
Que ouvi sem entender! ...
Enorme o vosso sofrer,
Das mais diferentes formas,
Todas, às margens das normas,
Que regem qualquer Estado.
Somente ser explorados,
Era o direito que tinham,
E no rumo que caminham,
Nem a fé, consegui ver!
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Com calma, tentei dizer,
A causa daquilo tudo...
Quando falei de estudo,
Saíram quase à correr!
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Notei que o pobre homem,
Que de tudo ele tem fome,
Sem ter oportunidade...
No campo ou na cidade,
Seu futuro é sempre incerto...
A Injustiça por perto,
Atada aos seus destinos...
Mulheres, homens, meninos;
Numa exploração eterna,
Naquela imensa Caverna,
Que Platão conceituou! ...
Aos que Marx retratou
Na complexa Mais-valia...
Que não sei como viviam
Naquele Inferno de Dante!
     ******
Tal qual um ignorante,
Quis da Ciência, ter uso,
Mas aquele povo infuso,                                                       
Era Naturalizante!
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Vi Pastores que pregavam,
À Jesus, alto rogavam,
Por estes povos malditos...
Mas a razão de seus gritos,
Era dinheiro e usuras...
E chamavam de loucuras;
Conhecimento e Ciência!
Protegendo a experiência
E condenando o moderno,
Chamavam o mundo de inferno,
Mas nele estavam contidos;
Num sentido sem sentidos,
Atados pela Semântica,
E na palavra romântica,
Dominavam as criaturas!
      ******
Estas reais estruturas,
Quis dizer como se criam...
Mas de mim, zombavam e riam,
Foi melhor crer nas agruras!
      ******

Vi políticos se benzendo
E ao povo prometendo
O impossível de fazer...
E a plebe sem entender...
Era o jeito acreditar!
Vi Professor ensinar,
Da forma mais transgredida,
Mas a Razão sucedida,
Era o Livro feito errado,
E o Poder do Estado,
Dizia que estava certo
E eu, olhando de perto,
Pensava no meu passado...
Como pode eu ter logrado
A toda esta hipocrisia?
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Aquilo tudo que eu via,
Não tinha transformação,
Pois a Constituição,
Apoiava essa razia!
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Alguns Irmãos Evangélicos,
Com ares maquiavélicos,
Tentando imitar Jesus...
Diziam viver na luz
E o mundo viver nas trevas;
Tentando enganar as levas,
Falavam em línguas estranhas,
Providos de artimanhas,
Iludiam até doutores,
Diziam tirar as dores
De toda a população:
Bastava Fé e Ação
E mais um pouco de Amor!
Mas o mal de seu labor,
Era usar o nome de Deus.
      ******
Daqueles trabalhos seus,
Quis dizer que estava errado:
Disseram que meu pecado,
Era estar entre os ateus!
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Vi muitos desocupados,
Da vida desesperados,
Oriundos da Amazônia,
Formando grande colônia,
De netos de Seringueiros,
Sem empregos... Sem dinheiro,
Vivendo de fazer bicos,
Puxando o saco dos ricos,
Com a miséria na cola,
Os filhos fora da escola...
Com saúde e paz restritas,
Morando nas palafitas,
Era grande o sacrifício
E ainda tinham o vício,
Pra compor a transgressão!
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Eu disse que aquela ação,
Era algo pré-fabricado
E a replica que foi me dado,
Que era a predestinação!
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* Aqui nesse poema o autor, 
no sentido figurado fala 
exclusivamente da situação social 
dos povos amazônicos depois do fim 
do extrativismo da borracha, que foi a 
única fonte de renda segura para aquela 
sociedade.

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