segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Biografia do Cel José Plácido de Castro - Nazareno Lima - 2010




Esta imagem do Cel. Plácido de Castro foi a mais divulgada no Acre depois de sua morte, ela foi impressa na Itália em 1911 e foi publicada em vários jornais do Acre durante toda a década de 1910, além de ser disposta à venda ao público nas oficinas de vários jornais entre eles "Folha do Acre" de Rio Branco e "Commercio do Acre" de Xapury pela quantia de 20 mil Réis cada unidade medindo 60cm x 40cm. Esta foto foi retirada de um exemplar do jornal "Commercio do Acre" de Xapuri do dia 06 de agosto de 1916. (Nazareno Lima)
"José Plácido de Castro era o primogênito do segundo matrimonio do Capitão Prudente da Fonseca Castro, com Dona Zeferina de Oliveira Castro. Tinha o nome de seu avô paterno, o Major José Plácido de Castro, covardemente assassinado em 1830.
Nasceu a 12 de Dezembro de 1873 na cidade de São Gabriel, no Estado do Rio Grande do Sul.
Aos 9 anos de idade começa a trabalhar no comércio em São Gabriel, aos 11 fica órfão de pai e continua no trabalho no comércio, em seguida aprende o ofício de relojoeiro, atividade que desenvolve vez por outra.
Em 1890 assentou praça no 1º Regimento de Artilharia de Campanha, como 2º cadete. Mezes depois, matriculou-se na “Escola Tactica do Rio Pardo”, cursando-a com o maximo aproveitamento. Voltou ao seu regimento, onde serviu por algum tempo como 2º sargento. Ao rebentar a Revolução de 1893, era alumno da “Escola Militar de Porto Alegre” e figurava entre os primeiros da sua classe.
Já como official participou do cerco de Bagé, onde a haste da bandeira que plantou junto a trincheira principal das forças sitiadas foi cortada por um projectil. Serviu á Revolução com extremo devotamento. Partilhou de muitos combates. Quando o Rio Grande do Sul foi pacificado, era major e tinha dirigido temerarias arremetidas no Caverá e na varzea do Vacacahy, em disputados combates. "Genesco de Castro in Estado Independente do Acre e J. Plácido de Castro - Excerptos Históricos - 1930".
Terminada a revolução Federalista de 1893, os revolucionários foram anistiados por uma Lei do Congresso Nacional de 1895, depois disso Plácido segue para o Rio de Janeiro onde passa a trabalhar como Inspetor de Alunos da Escola Militar (set de 1997 a abril de 1998).
Em agosto de 1998 passa a trabalhar nas DOCAS de Santos em S. Paulo no serviço de processos quantitativos de importações de alimentos. nesse trabalho, Plácido recebe vários elogios, mesmo depois de haver saído em 1899.
O Curso de Agrimensor: Plácido adquiriu os seus conhecimentos em Topografia na Escola Militar de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul que possuía um dos melhores cursos de Agrimensura de todo o país, existindo desde 1884 e organizado desde 1888, oferecido na época a militares e civis - Plácido fez esse Curso de 1891 a 1893.
Plácido de Castro no Amazonas e no Acre:
A maioria dos Historiadores Modernos do Acre, dizem que o Cel. Plácido de Castro foi um oportunista e veio para o Acre com fins de comprar terras e ganhar muito dinheiro com a produção extrativista da borracha, porém esta é uma ideia puramente Alexandrinista.  Estes nossos historiadores, estão confundindo o Cel. Plácido com um "Paulista" dos anos 70.
Plácido chegou ao Acre em 1899, por puro acaso. Estava ele em 1899, trabalhando no porto de Santos na Companhia Docas, quando recebeu uma visita de um seu conterrâneo, o Engenheiro Gentil Tristão Norberto, que trabalhava para o Governador do Amazonas e tinha negócios no Acre. O Dr. Gentil vinha do Rio Grande do Sul e parou em Santos para visitar Plácido, com objetivo de trazê-lo para a Região Amazônica por puro interesse econômico: é que o Dr. Gentil tinha uma empresa de Agrimensura com sede em Manaus e queria trazer Plácido para trabalhar na execução dos serviços desta empresa, uma vez que Plácido era muito trabalhador, honesto e cumpridor dos seus compromissos. Gentil conhecia Plácido muito bem e sabia que seria muito rentável para ele Gentil, trabalhar com um agrimensor daquela qualidade, tanto é que Gentil bancou toda a despesa de viagem de Plácido até Manaus e ainda lhe comprou alguns equipamentos necessários. Gentil Norberto prometera a Plácido que em pouco tempo ele ganharia cinco contos de Réis nos serviços de Agrimensura na Região. Acontece que chegando a Manaus, Plácido fora trabalhar nos serviços repassados a ele por Gentil, ou seja, o Dr. Gentil contratava os serviços e repassava estes para Plácido com um valor inferior. Em outras palavras: Plácido era uma espécie de empreiteiro do Dr. Gentil Norberto e para piorar ainda mais a situação, os serviços oferecidos a Plácido estavam nos lugares mais difíceis: no alto rio Purus, no rio Pauini, no Yáco e rio Antimary, este último era um dos rios mais doentios de toda a Região Amazônica, tanto é, que Plácido logo adoeceu de impaludismo e beribéri e os pouco mais de três contos de Réis que conseguiu ganhar nestes serviços gastou todo com tratamento de saúde em Manaus. Isto durou aproximadamente até o final de 1900, quando Plácido, doente, chegou à Manaus, vindo do Pauini e do Antimary de carona no Vapor Solimões da Expedição dos Poetas e sem dinheiro para se tratar e o Dr. Gentil dizendo não ter, uma vez, segundo ele, não tinha recebido o dinheiro do Governo do Amazonas.  Acontece que o Dr. Gentil ficou insatisfeito com Plácido, por este ter deixado o serviço por concluir, no Rio Pauini, à procura de saúde em Manaus. Depois disso Plácido larga os trabalhos com Gentil e passa a trabalhar por conta própria apoiado pelo engenheiro Orlando Correia Lopes, que se tornara seu amigo além do Cel. José Galdino, Cap. Macário Miquelino da Cunha. Cel. Manoel Felício Maciel, além de outros. Quando enfim, Plácido resolve lutar no Acre contra os bolivianos, em julho de 1902, estava ele demarcando o seringal Victória do Cel. José Galdino no Alto Acre, acima de Xapury.
Na Revolução Acreana: participou Plácido de 7 dos 16 combates da Revolta, entre eles o segundo Combate da Volta da Empreza (11 dias de fogo) e o Combate de Porto Acre (9 dias de fogo). Com o Acre liberto do domínio boliviano, Plácido foi aclamado Governador do Território no dia 26 de janeiro de 1903. Com a chegada do Exército Brasileiro para fazer a segurança do terrotório litigioso, Plácido mudou seu governo para a cidade de Xapury (capital do Acre Meridional) e deixou que o General Olímpio da Silveira administrasse o Acre Setentrional com sede na capital Porto Acre. Quando desentendeu-se Plácido com as tropas do Exército Brasileiro e principalmente o próprio Gen. Olímpio da Silveira, Plácido dissolveu o Exército Acreano e voltou para o Rio de Janeiro - Essa atitude de Plácido foi o ponto fundamental de seu prestígio perante o Barão do Rio Branco e as autoridades brasileiras, isso levou ao Barão do Rio Branco e o Governo Brasileiro a reorganizar o Exército Acreano e entregá-lo a Plácido em Xapuri. Com a assinatura do Tratado de Petrópolis em novembro de 1903, a transformação do Acre em Território Federal e a continuação da administração do Cel. Cunha Mattos, Plácido então resolve então liquidar seus negócio no Acre e voltar para o Sul do Brasil, nesse caso aparece o Cel. Pedro Braga, filho do Cel. Souza Braga e cunhado do major Rôla, propondo a Plácido uma sociedade na compra do grande seringal "Capatará" por 120 Contos de Réis. (Plácido entrava na sociedade apenas com seu trabalho administrativo). Surge aí o grande administrador Plácido, quando faleceu em 1908, seu capital estava em torno de 1.300 Contos de Réis.
A morte de Plácido: muitos são os historiadores modernos do Acre e da Amazônia que hoje criticam o Cel. Plácido de Castro, mas nenhum deles tiveram a coragem e a ousadia de dizer porque o assassinaram... A principal causa da morte de Plácido foi a grande cobiça nas indenizações que o Barão do Rio Branco dizia ter aquelas pessoas ou empresas que tiveram prejuízos com a dita Revolta sem se envolverem na mesma. Os companheiros de luta de Plácido não entenderam essa Lei e posição do Barão, achavam os companheiros de Plácido que direito a indenização deveriam ter aqueles que lutaram e não aqueles que fugiram como Neutel maia, major Anselmo Melgaço, Cel. Silva Paula e outros... Então... Gentil Norberto, Simplício Costa, Antunes de Alencar, Alexandrino e outros, queriam que Plácido invertesse frente ao Barão esse acordo. Plácido foi emboscado na foz do igarapé "Distração", próximo do Barracão de Benfica, na manhã de domingo 09-08-1908 e faleceu no dia 11-08-1908 as 16:00h no Barracão de Benfica.
O Heroísmo de Plácido - Tem hoje muitos historiadores que condenam o heroísmo do Cel. José Plácido de Castro, não se sabendo por qual a razão - Plácido em vida não pediu para ser herói, pelo menos jornal nenhum afirma isso. O heroísmo de Plácido foi aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro em 2004.  Leonel Brizzola é herói nacional; Getúlio Vargas é herói nacional, Euclides da Cunha é herói nacional; Santos Dumont e tantos outros... Mas porque só criticam Plácido de Castro e Chico Mendes? será que é porque são heróis lutando pelo Acre. Será que o Acre é tão pobre que não tenha direito a um ou dois heróis.... ? Nazareno Lima in Acre - A História da História - 2010.

Um comentário:

  1. HOJE JÁ HÁ RAZOAVEL BIOGRAFIA SOBRE A POLEMICA , resta ainda uma certeza : a história seguirá sendo construida , em pesquisas acadêmicas e documentacão popular , erigindo o Herói Gaucho e Acreano Nacional.

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