sábado, 28 de julho de 2018
Chalet do Seringal Guanabara em 1913.
Chalet do Seringal Guanabara - rio Yáco, Sena Madureira - Acre - Brasil. Essa era a residência do Dr. Avelino Chaves, proprietário do dito seringal. Foi nessa casa onde nasceu o Prof. Nazareno Lima em 25-11- 1955, quando aquele seringal pertencia ao Coronel Alfredo Vieira Lima e o guarda-livros do coronel Alfredo era Júlio Lima, avô do Prof. Nazareno. Esse imagem foi captado pelo Dr. Avelino Chaves em 1913 e publicada na revista carioca "Fon-Fon".
terça-feira, 24 de julho de 2018
Biografia do Dr. Virgolino de Alencar - Nazareno Lima 2010
Doutor Virgolino de Alencar, fotografado pelo jornal "Commercio do Amazonas" em Manaus, no dia 15 de setembro de 1907.
Dr. João Virgolino de Alencar, nasceu no Estado do
Pernambuco, no dia 15 de setembro de 1867. Bacharelou-se em Direito na
Faculdade do Recife em 1892-93.... advogou por alguns anos no Recife e por
volta de 1895 foi para o Rio de Janeiro onde passou a trabalhar como Promotor
em algumas cidades do interior do Estado de Minas Gerais e do Estado do Rio de
Janeiro. Em 1903 passa a trabalhar como Delegado de Polícia na Cidade do Rio de
Janeiro. Em 1906 foi nomeado pelo Presidente da República Prefeito do Alto
Juruá. Durante a sua curta administração na Prefeitura do Alto Juruá
envolveu-se numa confusão com o português espalhafatoso Fran Pacheco e este era
protegido do General Taumaturgo de Azevedo, resultado: o Dr. Virgolino foi
demitido pelo Ministro do Interior Tavares Lyra em Junho de 1907 e volta ao Rio
de Janeiro. Em 1909 se candidata a Deputado Federal e se envolve em outra
confusão pois ganhou a eleição, mas o acusaram de ilegibilidade, porém
continuou lutando por seu mandato, o Presidente da República vendo que havia
perseguição contra o Dr. Virgolino, o nomeou Juiz de Direito do Alto Purus no
Território do Acre em 1911 e o Dr. Virgolino vem para Senna Madureira. No
Território do Acre como Juiz, trabalhou em Sena Madureira, Rio Branco e
Cruzeiro do Sul. No dia 11 de agosto do 1919, justamente no aniversário de 11
anos da morte do coronel Plácido de Castro, apoiou um motim da Companhia
Regional, articulada pelo Jornalista e Advogado Estevam Gomes de Castro Pinto
mais 30 comparsas, (segundo alguns boatos da época o dr. Virgolino apoiou os
revoltosos por medo de ser preso por estes) essa foi a última escaramuça
revolucionária que houve no Acre. O Dr. Virgolino faleceu quase à míngua em
Sena Madureira no dia 28 de dezembro de 1930 e a sociedade acadêmica do Direito
Acreano não tiveras a coragem de lembrar aquele batalhador da Justiça do Acre
com uma biografia na Internet.
segunda-feira, 9 de julho de 2018
Biografia do Cel, Joaquim Victor - Nazareno Lima - 2010
Cel. Joaquim Victor em
1905
Cel. Joaquim Victor da
Silva, nasceu no Ceará em 15 de junho de 1863, veio
para a região do Acre em 1892 trabalhar como gerente do seringal Caquetá de
José Augusto de Oliveira, tornando-se em 1894 sócio deste explorador com a
firma Oliveira Filho & Victor. Em 1895 adquiriram por compra o seringal
"Bom Destino" com a mesma firma. Em 1897 associou-se com Aprígio
Soares da Silveira que era procurador da firma Motta & Antoginy nos seringais
São Paulo e Santa Filomena, no Baixo - Acre, uma vez que Motta ,& Antoginy
estavam passando para o ramo da especulação imobiliária no centro de Manaus.
Com Aprígio Soares da Silveira o Cel. Joaquim Victor montou a grande firma
Soares & Victor e montaram o Complexo de Bom Destino, um aglomerado
de 8 seringais somando mais de 800 estradas de seringueiras.
O Cel. Joaquim Victor da
Silva foi um dos maiores capitalistas da Borracha em todo o Acre. Participou de
todas as rebeliões que houve no Acre. Era ele uma espécie de líder em todos os
momentos de auge ou de queda na sociedade acreana. Foi Joaquim Victor o único
coronel que ajudou o Dr. José Carvalho – advogado e jornalista cearense - a
depor os bolivianos de Porto Acre em maio de 1899. Foi ainda um dos principais auxiliares do Império de
Galvez no Acre. Depois da queda de Galvez foi ele e o Cel. Antônio de Souza
Braga quem ficaram na liderança política da Região do Acre, participou também
da Revolução dos Poetas e junto ao Dr. Avelino Chaves financiaram toda a
despesa desta malograda empreitada.
Foi
ainda o Cel. Joaquim Victor da Silva que
junto ao Cel. Rodrigo de Carvalho, formavam a Junta Revolucionária do Baixo -Acre, além, é claro do Cel. José Galdino, do
Alto-Acre, no auxílio e execução da Revolta de Plácido contra a Bolívia para
anexação do Acre ao Brasil.
Joaquim Victor sempre
viveu no Acre e com os seus seringais "Bom Destino" e
"Caquetá", além da sociedade em outros no Amazonas inclusive no rio
Purus. Assumiu várias funções, no Território do Acre, desde Prefeito do
Departamento por apenas 1 mês em 1915, Intendente da cidade de Rio Branco,
Presidente da Associação Comercial, Presidente da Associação de Seringalistas
do rio Acre, além de outros. Em abril de 1911 mandou construir o Vapor "Nilo
Peçanha" e junto a Honório Alves das Neves e João d'Oliveira Rôlla eram os
Coronéis mais abastados do Baixo Acre. Todos os seus negócios eram em Porto
Acre chegando a ter mais dinheiro que Newtel Maia, segundo alguns Tabeliões da
época, uma vez que suas propriedades foram avaliadas em 5.000 Contos de Réis.
Em 1925, a borracha chega
ao absoluto preço de 12 mil Réis por quilograma e o coronel Joaquim Victor
liquidou toda a sua produção de borracha, caucho, castanha e madeira, pagou
todas as dívidas que tinha nas praças de Rio Branco, Manaus e Belém, além é
claro dos mais de 200 seringueiros que lhe produziam... Daí então, arrendou seus
dois grandes seringais: “Bom Destino” que na época tinha mais de 500 estradas
de seringueiras, mais um outro de nome “São João de Canindé” que ficava às
margens do rio Iquiry e que somava 300 estradas de seringueiras, para José da
Silva Dantas... juntou toda a sua família e foi morar em Manaus – Am. Por ter
muitos negócios no Acre, vez por outra estava aquele coronel em Rio Branco e
Xapury à negócios, uma vez que era Presidente da Associação dos Produtores de
Borracha do Rio Acre.
O Cel.
Joaquim Victor faleceu em Manaus no dia 20 de setembro de 1933 sem vender
nenhum de seus seringais.
quarta-feira, 4 de julho de 2018
Biografia do Cel. Alexandrino José da Silva - Nazareno Lima - 2010
Cel. Alexandrino José da
Silva em 1905, natural do Ceará, (segundo o Dr. Ferreira Sobrinho ele era de Morada Nova) chegou ao Purus em 1896.
Em 1898 trabalhava como
aviado do Capitão Leite Barboza no seringal Humaitá no Baixo Acre. Em 1900
arrendou parte do seringal Bom Futuro, um anexo do seringal “Baixa Verde” e
vizinho do seringal “Catuaba” e quando houve a Revolta do Cel. Plácido contra a
Bolívia, ele ainda estava com esse contrato de Arrendamento. Participou de todas as revoltas
que houve no Acre, desde o Combate de Papirí em 1901, até o cerco ao Gen. Pando no Thauamanu em maio de
1903. Era um homem de coragem e muito trabalhador. Em agosto de 1908 cometeu
uma grande tragédia:
incentivado pelo Prefeito Gabino Besouro, Dr. Gentil T. Norberto e os coronéis Simplício Costa, Antunes de
Allencar, Rodrigo de Carvalho e outros - arquitetou uma emboscada que vitimou o
Cel. Plácido. Ele sempre negou seu envolvimento nesse fato, porém seus
ajudantes da emboscada o acusavam. Quando terminou a Guerra do Acre e da qual era um dos Comandantes, ele
arrendou o seringal "Forte Veneza" do Major José Anselmo Melgaço, na
Volta da Empreza e nessa época ficou ele responsável pelo "Vapor
Independência" ex "Rio Affuá" de propriedade dos
Revolucionários.
Em 1907 adquiriu o antigo
seringal "Flor de Ouro" que estava abandonado desde 1900, por conta
do exagerado corte contínuo e era situado na margem esquerda do rio Acre, ali
entre a boca do Riozinho e Bemfica, também passou a trabalhar para a Prefeitura
do Território do Acre, na função de Subdelegado de Polícia.
Logo depois da morte de
Plácido, talvez por medo dos amigos de Plácido e também de seu irmão Genesco
tentarem fazer alguma vingança, o Cel. Alexandrino apoiado pelo Capitão Francisco
Corrêa que era parente seu e funcionário conceituado da Intendência da Vila Rio
Branco, pediu sua exoneração ao Pref. Besouro, vendeu o seringal "Flor
de Ouro “para o Major Rôlla e comprou algumas propriedades no Alto Acre,
incluindo os seringais "Patagônia", "Porto 14 de Dezembro"
e "Buenos Ayres", este último, na margem direita do rio Acre,
portanto em território boliviano. Estes
seringais estavam localizados entre o seringal "Montevidéo" da firma
Dias Peixoto & Cia. e o seringal "S. João" de Álvaro de Carvalho.
Acontece que Alexandrino sempre teve cisma de andar na Bolívia por medo de
alguma vingança dos bolivianos com relação à Revolta de 1902/1903, então
arrendou o seringal "Buenos Ayres" para uma firma boliviana de nome
Mariz & Rivas. (Mariz era Octavio Mariz, proprietário de duas farmácias em Xapuri e Rivas era Carlos Rivas, seringalista boliviano)
No dia 9 de setembro de
1911 estando ele neste seringal (Buenos Ayres) para acertar o pagamento da referida renda foi
assassinado com um tiro de rifle 44.
Segundo o “Jornal Folha do Acre", ele estava de saída, na beira do
rio Acre, sentado numa barrica esperando
que seus empregados fizessem a manobra do batelão quando o alvejaram. O acusado
foi um boliviano chamado Carlos Rivas, sócio de firma. Segundo o Jornal "Folha do Acre", o assassinato do coronel Alexandrino foi por contas de uma dívida de 40 Contos de Réis que ele tinha à receber do advogado Brunno Barboza, genro do Dr. Emílio Falcão, ambos de Xapuri. Em 1920, Octávio Mariz (o munheca de tatu assado) foi preso por contas do assassinato do coronel Alexandrino porém, em seguida fora solto, uma vez que Carlos Rivas, o principal assassino, já havia falecido.
Era casado com dona
Francellina Maria da Silva e deixou dois filhos: Elisa Maria da Silva e Antônio
Alexandre da Silva. Em 1914, dona Francellina e seus filhos ainda estavam
trabalhando com estes seringais inclusive com um seu genro, esposo de Elisa, o
Capitão Renato Souza. O seringal
"Buenos Ayres" arrendado para o Cel. José Raymundo Pimenta que era também
proprietário do seringal Nazareth onde hoje está localizado a cidade de
Brasiléia no Alto Acre.
A família do Cel.
Alexandrino, depois de sua morte, sempre viveu no Alto Acre e liderada pelo
Cap. Renato Souza, casado com Elisa desde maio de 1913, era ele um cidadão
muito educado e sabido, administrava e fazia a contabilidade dos seringais
"Patagônia" e "Porto 14 de Dezembro". Em 1912, na reorganização
do Território do Acre comandada pelo Prefeito Dr. Deocleciano Coêlho de Souza,
foi nomeado 1° Suplente de Juiz Preparador do 3° Termo (de Brasiléia).
Em 1915, o Cap. Renato
arrendou o seringal "Corcovado", que se localizava um pouco acima do
seringal Montevidéo, da firma Dias Peixoto & Cia e ali ficou até 1917,
quando arrendou o seringal "Reducto" que se localizava abaixo do
seringal "Canindé", ficando ali até por volta de 1919. Em 1920 Renato
Souza já havia arrendado o seringal "Natal", que ficava um pouco
acima do seringal "Porto Carlos" de Dom Lizardo Arana.
Com a grande crise da
borracha aumentando cada vez mais no Acre, o Cap. Renato passa a trabalhar de
guarda-livros, escrivão e Juiz de paz nos seringais "Carmem" e
"Porvir", entre Brasiléia e Xapuri, ali trabalhando até 1930, quando
passa a estabelecer-se em Brasiléia e trabalhando na Contabilidade da
Prefeitura Municipal.
Em 1926, por conta da morte
do Coronel Antônio Vieira de Sousa, escreveu uma crônica elogiando os feitos
deste coronel e outros revolucionários falecidos e a publicou no Jornal
"Folha do Acre", essa crônica impressionou os grandes jornalistas do
Território do Acre e de Manaus. Por conta disso passou a colaborar com o Jornal
"O Acre" a partir de 1929.
Depois da desvalorização
da borracha, a partir de 1932 em diante, estabeleceu-se definitivamente em
Brasiléia e continuou na Contabilidade daquela Prefeitura. A partir de 1948, passou ele a contribuir com
a Imprensa Acreana de Xapuri e Rio Branco, através de suas crônicas. Ainda em
1948, fundou a primeira Cooperativa dos Produtores Rurais de Brasiléia e neste
mesmo ano passa a organizar o "Processo Arantes" na produção de
Borracha daquela região.
Em 1958 foi agraciado
pelo então governador do Território Fontenele de Castro com uma pensão
vitalícia por ser ele veterano da Revolução Acreana.
Em 1961, o Governo do
Território baixou uma portaria passando a pensão vitalícia para Elisa viúva do
Capitão Renato.
Aquela rua do Bairro do
Bosque em Rio Branco - Acre que leva o nome do Cel. Alexandrino, se faz por
contas de uma antiga reivindicação do Cap. Renato Souza, através de suas
crônicas em jornais do Território.
O Cap. Renato Souza nasceu
no dia 9 de novembro de 1885, possivelmente no Estado do Ceará e faleceu no dia
10 de novembro de 1959, depois de 45 anos de casado com Elisa Maria de Souza,
filha do Cel. Alexandrino.
domingo, 24 de junho de 2018
Biografia de Neutel Maia - Nazareno Lima - 2010
Cel. Neutel
Newton Maia em 1905, nasceu no Estado do Ceará em 24 de dezembro de 1861, ainda muito jovem
veio para o Pará e começou ali suas atividades comerciais e aventureiras,
sempre viajando entre Belém, Manaus e Manacapuru.
Em 1882 montou
uma firma de nome N.Maia & Cia. A partir de 1885-1886 passou a negociar no
Purus, entre Belém, Manaus e a Boca do Pauini. Em 1890-1891 casa-se com uma sua
prima de nome Theresa Maia, irmã de Teophilo Maia e passa a negociar no alto
Purus até a Boca do Antimary no Baixo Acre. Em 1889 adquiriu 2 lotes de terras
do Governo do Amazonas localizados no rio Acre (Alto Acre) a que ele denominou
seringal Empreza, sendo este documentado em 1894. Em 1898, vendeu o dito
seringal Empreza para a firma J. Parente & Cia. por 150 Contos de
Réis e montou em sociedade com seus primos Manoel Teophilo Maia, Ananias Maia e
José Augusto Maia uma Casa Comercial fixa na Villa Rio Branco. Durante a
Revolta do Cel. Plácido contra a Bolívia, fugiu com a Família dos Territórios
Acreanos uma vez que além de amigo dos bolivianos, tinha negócios com estes,
porém na Aclamação de Plácido Governador do Acre em Porto Acre no dia 26 de
janeiro de 1903, estava ele em Porto Acre e assinou a Aclamação.
A partir de 1905,
passa a comprar gado em Bolívia, transportando-os pelos varadouros dos
seringais de Capatará, a partir disso ficou com raiva de Plácido, pois
este cobrava 7.500 Réis pela passagem desse gado por seus varadouros, isto por
conta dos danos causados por cada manada, (segundo moradores do seringal Capatará essas manadas, que iam de 200 a 400 cabeças de gado, eram transportados à pés e soltos: quebravam pontes ou pranchões, devoravam pequenas plantações ou roçados de seringueiros além de outros danos).
Em 1909-1910 recebeu 1.000 contos de Réis de indenização por, segundo ele, prejuízos com a Guerra do Acre. Depois da morte de Plácido continuou com sua casa comercial e montou uma fazenda de gado nas terras de Dona Miquellina, viuva do major José Anselmo Melgaço, onde hoje está a Av. Amadeo Barbosa em Rio Branco - Acre. Sempre passava meses em Rio Branco e meses no Rio de Janeiro. Em 1921 envolveu-se numa trama de fofocas que culminou com a renúncia do Governador Acreano Dr. Epaminondas Jácome. Viveu no Acre até 1934, quando fixou residência no Rio, onde faleceu vítima de atropelamento por um ônibus em plena Av. Rio Branco em setembro de 1940.
Neutel Maia é hoje um personagem eleito pelos intelectuais do Acre como o fundador da cidade de Rio Branco, não se sabe por qual motivo. Neutel Maia foi um homem muito rico, porém pouco falado pelos jornais da época, além de nunca ter lutado por nenhuma classe social do Acre, sempre esteve envolvido em várias confusões no Acre e no Estado do Amazonas. A primeira notícia real que se tem de Neutel Maia é no Diário de Notícias do Pará em 20 de janeiro de 1885 por contas de uma grande escaramuça entre Getúlio Orlando de Paiva, proprietário da lancha Izaura contra os irmãos J. Felippe e Mileno Benevenuto Santiago, nessa peleja morreram; um comerciante conhecido por Tombador e um proprietário de nome Francisco Chagas que tentavam amenizar o conflito: Neutel Maia aparece no jornal como uma das testemunhas do confronto. Um dos maiores lucros do comerciante Neutel Maia foi o agenciamento e transporte de nordestinos acossados pelas secas para trabalhar nos seringais do Purus e seus afluentes. Outra fonte de lucros desse personagem foi o agenciamento e transporte de nordestinos endinheirados para comprar aqueles seringais que já não mais interessavam aos proprietários dos rios Purus, Pauiny, Ituxy, Acre, Antimary, Riozinho do Rola, Xapury além de outros. O "coronel ou capitão" Neutel Maia jamais se afinou em ficar parado atrás de um balcão esperando que os seringueiros passassem um ano fazendo borracha para ele, era um personagem por demais inquieto, porém em 1888, com a "onda" do Dr. Pereira Labre de construir a Ferrovia Orthon-Aquiry, notícia essa que chegou a circular nos jornais da Europa... Neutel Maia então se apossa de dois lotes de terras na margem esquerda do rio Acre, acima das terras de Antônio Barbosa Leite e abaixo das terras do coronel Xavier, localidade a que ele denominou "Empreza", porque pensava ele que tratava-se de uma empreitada para ganhar muito dinheiro. Abriu o seringal, organizou e o documentou em 1894-1895, porém quem sempre o administrou foi um seu primo de nome Ananias Maia e em 1898 o vendeu para J. Parente & Cia e voltou a sua vida de "marreteiro" e "freteiro" do rio, coisa que ele sempre gostou e se deu bem. Neutel Maia depois que fundou a sua Casa Comercial na antiga Vila Rio Branco e que era administrada por Manoel Teophilo Maia, pouco vivia no Acre, chegando a passar até dois anos fora do Território mas, quando estava presente, logo se ouvia falar em problemas ligados a ele e isso há muito tempo: apoiou os bolivianos na região do Acre; envolveu-se na deposição de Galvez; não participou da Revolução Acreana e nem tampouco contribuiu com a mesma; envolveu-se no assassinato do Dr. Luiz Ribeiro Gonçalves em 1906 na cidade de Manaus; era um dos que desejava a morte de Plácido em 1908; sofreu um atentado a tiros de rifle na noite de 16 de fevereiro de 1910, segundo o Jornal "Folha do Acre"; volta ao Acre em 1913 e logo se envolve numa questão com o capitão Ciríaco Joaquim d'Oliveira por contas de seu gado destruir uma plantação de seringueiras daquele capitão e por fins... em 1921 se envolve na onda de fofocas que culminou com a renúncia do Governador Epaminondas Jácome. Depois desse incidente, Neutel Maia não mais se envolveu em problemas na região do Acre.
Em 1909-1910 recebeu 1.000 contos de Réis de indenização por, segundo ele, prejuízos com a Guerra do Acre. Depois da morte de Plácido continuou com sua casa comercial e montou uma fazenda de gado nas terras de Dona Miquellina, viuva do major José Anselmo Melgaço, onde hoje está a Av. Amadeo Barbosa em Rio Branco - Acre. Sempre passava meses em Rio Branco e meses no Rio de Janeiro. Em 1921 envolveu-se numa trama de fofocas que culminou com a renúncia do Governador Acreano Dr. Epaminondas Jácome. Viveu no Acre até 1934, quando fixou residência no Rio, onde faleceu vítima de atropelamento por um ônibus em plena Av. Rio Branco em setembro de 1940.
Neutel Maia é hoje um personagem eleito pelos intelectuais do Acre como o fundador da cidade de Rio Branco, não se sabe por qual motivo. Neutel Maia foi um homem muito rico, porém pouco falado pelos jornais da época, além de nunca ter lutado por nenhuma classe social do Acre, sempre esteve envolvido em várias confusões no Acre e no Estado do Amazonas. A primeira notícia real que se tem de Neutel Maia é no Diário de Notícias do Pará em 20 de janeiro de 1885 por contas de uma grande escaramuça entre Getúlio Orlando de Paiva, proprietário da lancha Izaura contra os irmãos J. Felippe e Mileno Benevenuto Santiago, nessa peleja morreram; um comerciante conhecido por Tombador e um proprietário de nome Francisco Chagas que tentavam amenizar o conflito: Neutel Maia aparece no jornal como uma das testemunhas do confronto. Um dos maiores lucros do comerciante Neutel Maia foi o agenciamento e transporte de nordestinos acossados pelas secas para trabalhar nos seringais do Purus e seus afluentes. Outra fonte de lucros desse personagem foi o agenciamento e transporte de nordestinos endinheirados para comprar aqueles seringais que já não mais interessavam aos proprietários dos rios Purus, Pauiny, Ituxy, Acre, Antimary, Riozinho do Rola, Xapury além de outros. O "coronel ou capitão" Neutel Maia jamais se afinou em ficar parado atrás de um balcão esperando que os seringueiros passassem um ano fazendo borracha para ele, era um personagem por demais inquieto, porém em 1888, com a "onda" do Dr. Pereira Labre de construir a Ferrovia Orthon-Aquiry, notícia essa que chegou a circular nos jornais da Europa... Neutel Maia então se apossa de dois lotes de terras na margem esquerda do rio Acre, acima das terras de Antônio Barbosa Leite e abaixo das terras do coronel Xavier, localidade a que ele denominou "Empreza", porque pensava ele que tratava-se de uma empreitada para ganhar muito dinheiro. Abriu o seringal, organizou e o documentou em 1894-1895, porém quem sempre o administrou foi um seu primo de nome Ananias Maia e em 1898 o vendeu para J. Parente & Cia e voltou a sua vida de "marreteiro" e "freteiro" do rio, coisa que ele sempre gostou e se deu bem. Neutel Maia depois que fundou a sua Casa Comercial na antiga Vila Rio Branco e que era administrada por Manoel Teophilo Maia, pouco vivia no Acre, chegando a passar até dois anos fora do Território mas, quando estava presente, logo se ouvia falar em problemas ligados a ele e isso há muito tempo: apoiou os bolivianos na região do Acre; envolveu-se na deposição de Galvez; não participou da Revolução Acreana e nem tampouco contribuiu com a mesma; envolveu-se no assassinato do Dr. Luiz Ribeiro Gonçalves em 1906 na cidade de Manaus; era um dos que desejava a morte de Plácido em 1908; sofreu um atentado a tiros de rifle na noite de 16 de fevereiro de 1910, segundo o Jornal "Folha do Acre"; volta ao Acre em 1913 e logo se envolve numa questão com o capitão Ciríaco Joaquim d'Oliveira por contas de seu gado destruir uma plantação de seringueiras daquele capitão e por fins... em 1921 se envolve na onda de fofocas que culminou com a renúncia do Governador Epaminondas Jácome. Depois desse incidente, Neutel Maia não mais se envolveu em problemas na região do Acre.
sábado, 23 de junho de 2018
Biografia do Dr. Pereira Labre - Nazareno Lima - 2010
Dr. Antônio Rodrigues Pereira Labre, não se sabe a data certa em
que ele nasceu no Maranhão, 1825-1830. (segundo o Professor Hélio Rocha in
“Coronel Labre”, 1ª Ed. Scienza, São Carlos, 2016”, ele nasceu em 1827).
Em 1856/1858, trabalhava como Delegado de Polícia na villa de Passagem
Franca, na então Província do Maranhão.
Em 1859 passou a Delegado da Instrução Pública, também na Villa de
Passagem Franca.
Em 1864 era Capitão do 29º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional,
porém continuava com o cargo de Delegado da Instrução Publica.
Em 1865 era 1º Vereador da Villa de Passagem Franca. Ainda neste ano
passou ele a Major interino do 29º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional e
associa-se à sua mãe na criação de gado em Passagem Franca.
Em 1866, além dos cargos que já assumia passou também a advogar em
Passagem Franca, Pastos Bons e Barra do Corda na Província do Maranhão. Também
neste ano passa a Major.
Em 1867, o Dr. Labre passa a morar em São Luiz, capital da Província do
Maranhão pois, tinha ele sido eleito Deputado Provincial.
Em 24 de novembro de 1869, o Jornal "Diário de Belém" dá
notícias do Dr. Labre em terras paraenses inclusive com um seu escravo de nome
Samuel.
Dr. Labre, como era mais conhecido entre os poucos amigos que tinha no
Purus, era advogado e antes de vir para a Amazônia conheceu a Europa onde
estudou Ciências Humanas e Naturais.
Chegou em Manaus possivelmente em 28 de dezembro de 1870, uma vez que
seu nome consta na lista de passageiros do vapor 'Belém' nesse dia.
Entre 1870 e 1871 conviveu com Manuel Urbano da Encarnação e seus filhos
na propriedade deste próximo de Manacapuru no Baixo-Purus. Com certeza deve ter
aprendido muito sobre a Amazônia com aquele explorador e Director Geral dos
Índios do rio Purus.
Antes de fixar residência em Hyutanaham, no rio Purus o Dr. Labre
residia entre Belém e a propriedade de Manuel Urbano, uma vez que o Jornal
'Diário de Belém' lhe procurou no dia 03 de janeiro de 1871, para receber 06
cartas que lhe eram destinadas.
Em 1871 adquiriu uma área de terra bem próxima a foz do rio Ituxi, no
rio Purus de nome Floresta de Maciary, um pouco abaixo do lugar Hyutanaham,
onde abriu um campo agropecuário além de um seringal de extração de borracha.
Acontece que sendo o Dr. Labre um Naturalista e também humanista em
potencial, utilizou partes dos campos naturais da região do Ituxi, onde segundo
ele próprio cita no Livro "O Rio Purus" de 1872 em que esses campos
que se localizavam (o maior deles) à 3 léguas ao sul de Lábrea, indo do Ituxi
ao Madeira com um comprimento de 100 milhas. Labre utiliza parte desse campo
para montar sua criação de gado e outros animais.
Em 1872 publica no Maranhão o Livro "Rio Purus", um relatório
de 50 páginas sobre a fauna, a flora, as riquezas naturais e a sociedade
indígena do rio Purus.
Em 1873 o Dr. Labre escreveu um Relatório de 16 páginas denominado
"A Seringueira: Extractos de Uma Monographia Publicada pelo Coronel A R P
Labre" que foi publicada pelo Jornal “Commercio do Amazonas” em
1880.
Em 1874 começou então o Dr. Labre suas expedições começando pelo Ituxi e
os campos naturais que alcançavam o rio Madeira e o rio Mucuyn.
Em 1875 fez expedição no Madeira, principalmente com relação ao solo
daquele rio e a causa das suas poderosas cachoeiras.
Em 1876/1877/1878, trabalhou na função de Subdelegado de Polícia no
Distrito de São Luiz do Ituxí. Esse distrito da povoação de São Luiz do Ituxi
seria a futura Villa de Lábrea.
A partir de 1878 o Dr. Labre passa a integrar o Partido Liberal que era
a oposição ao Governo e assim o desprezo por parte do governo que já era
visível tornou-se maior.
Em 1880 elegeu-se Deputado Provincial, pelo Partido Liberal
No dia 7 de março de 1886, (segundo o Jornal "Correio do
Purus" de Lábrea do dia 09 de março de 1909) o Dr. Labre juntamente ao
Cel. Luiz da Silva Gomes, Monsenhor Leite Barboza e um obscuro patriota Cap.
Manoel Alves, fundaram a cidade de Lábrea. Mas, segundo o Dr. Labre, na Página
47 do Livro "Rio Purus" a povoação de Lábrea foi fundada em 1871.
Cita ele ainda que em 1872, quando ele escreveu o livro "Rio Purus",
habitava em Lábrea somente maranhenses e alguns estrangeiros. Talvez estas
notícias se façam por conta de o Jornal "O Paiz" do Rio de Janeiro
publicar no dia 19 de abril de 1886, a posse do Dr. Labre como Presidente da
Câmara Municipal da nova Villa de Lábrea e o vice-presidente, o Comendador João
Gabriel de Carvalho e Mello.
Executou várias Expedições nos rios; Purus, Ituxi e Madeira. Também fez
Expedições nos rios Madre de Deus, Orthon e seus afluentes em Bolívia. Foi em
22 de julho de 1886 que o Dr. Labre, Alexandre Haag e outros desbravadores e
Expedicionistas do Pará e Amazonas promoveram uma Conferência Pública no Salão
da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, com fins de mudar a Estrada de
Ferro Madeira-Mamoré para Orthon-A’quiry, nessa Conferência estava presente o
Imperador D. Pedro II.
Essa ideia do Dr. Labre, que não era aceita por muitas autoridades da
Amazônia e também do Rio de Janeiro o tornou um tanto desprezado do Brasil e da
Amazônia. O interessante é que foi a partir disso que começou a rebeldia do
Acre e seu povo e foi um dos motivos das invasões à Bolívia e depois as
Revoltas que houveram e pôr fim a Guerra dos Coronéis capitaneados por Plácido.
Assim, o Dr. Labre foi indiretamente um dos precursores da rápida
ocupação das terras do A'quiry em 1889 e também das revoltas acontecidas na
região do Acre. Acontece que com essas ideias do Dr. Labre de construir uma
ferrovia Orthon-A'quiry ao invés da Madeira-Mamoré, despertou o interesse da
Bolívia por tal projeto e essa ideia chegou à Europa, então alguns capitalistas
europeus organizaram um sindicato Franco-belga e esta organização encarregou um
senhor de nome Emilio Rens em 1889 de fazer um levantamento da área a ser
melhorado os transportes e em novembro de 1890, estavam prontos para começar os
trabalhos.
Em agosto de 1888, o Dr. Labre executou a grande e perigosa expedição
Orthon-A'quiry, onde caminhou à pés pelas trilhas dos índios por 20 dias
consecutivos, onde conheceu as Nações Indígenas; Araúna, Pakawara, Guaraya e
Cannamarys - os habitantes do Acre Pré-Histórico.
O Naturalista Pereira Labre faleceu na cidade de Caxias no Estado do
Maranhão no dia 22 de fevereiro de 1899 e os Jornais de Manaus e Belém, assim
como também o Jornal “O Paiz” do Rio de Janeiro nem se quer noticiaram a sua
morte. A imagem do Dr. Pereira Labre se faz presente neste Documentário por ter
sido ele o maior conhecedor do Acre Pré-histórico. "ACRE - A História da História - 2008" Nazareno Lima, rio Branco Acre - 2010".
quarta-feira, 20 de junho de 2018
Biografia do Tenente-coronel Justo Gonçalves
Tenente-Coronel
Justo Gonçalves da Justa em 1906, aqui fotografado por Emílio Falcão em Xapury
onde o Tenente Justa (como era conhecido) sempre viveu. Nascido na Serra da
Aratanha - Pacatuba - Ceará, no dia 10 de dezembro de 1876. Descendente de uma
família de intelectuais do Estado do Ceará, o Tenente Justa chegou em Xapury em
1894 e foi realmente o único intelectual que lutou com Plácido. Foi ele quem
fundou com o Dr. Francisco d'Oliveira Conde o primeiro jornal de Xapury e de
todo o rio Acre: "O Acre" em 1907. Com grande habilidade tanto
na escrita como na oratória, o Ten. Justa era apaixonado pela Cultura e pela
História segundo informações de filhos e netos de revolucionários do Acre, foi
ele quem ficou com grande parte dos apontamentos e arquivos de Plácido e da
Revolução. Ele tinha em seus arquivos, todo o relatório dos combates da
Revolução como: quantidades do efetivo, nomes, idade, mortos, feridos e etc.
Trabalhou com o Dr. Mangabeira no Capatará tratando dos feridos e
aniquilados da guerra, onde se tornara amigo do Poeta chegando a lhe dar a
ideia de fazer o Hino do Acre.
Em 1910 era
Delegado de Polícia em Xapury.
Em 1911 integrava
o grupo xapuryense amigo de Gentil Norberto, além dele constava: Cel. Rodrigo
de Carvalho; Ten. Manoel Leopoldino Pereira Leitão Cacella; advogado Antonio
Brunno Barboza; Dr. Francisco D'Oliveira Conde; Cel. Francisco Simplício
Ferreira da Costa; Ten-Cel. João Gomes Teixeira; Dr. Emílio Falcão; Cel.
Antonio Vieira de Souza; major Arthur Benigno da Costa Lima; Cap. Alexandre
Farah, além de outros.
Em 1912 era
Tabelião interino substituindo o Cel. Rodrigo de Carvalho e foi nessa época
que, por incentivo do desalmado Dr. Gentil Norberto, sobre a Autonomia do Acre,
o Ten. Justa junto com alguns amigos seus, entre eles o guarda-livros do
seringal "Santa Fé" Gastão Mavignier; Antonio Joaquim
Guimarães; Raimundo Pinto Bandeira, além de outros, pegaram corda e no
amanhecer do dia 20 de março de 1912 fizeram uma espécie de serenata que terminou numa rebelião em Xapury. Se amotinaram
numa espécie de coreto que ficava atrás do Hotel Casa Branca, onde a Polícia, à
mando do Delegado de Polícia Achylles Peret, abriram fogo e eles reagiram ao
tiroteio, onde morreram o Cel. Victoriano Maia; o advogado Lydio Soutolima; o
sargento da Guarda Municipal, João de Sant'anna Filho; Raymundo Terto,
trabalhador do Cel. Victoriano e mais duas pessoas, além de vários feridos.
Nesse incidente o Ten. Justa foi gravemente ferido e por conta disso adquiriu
um problema renal que lhe custou caro e tornou-se crônico, além de ficar com um
dos braços paralisado.
Sobre esse incidente veja o que disse o "Jornal do Commercio" de Manaus-Amazonas do dia 7 de Abril de 1912, inspirado em depoimentos de familiares de vítimas e em informações do jornal "O Acreano" de Rio Branco - Acre.
A partir disso não teve mais saúde o Ten. Justa e depois de vários tratamentos em Manaus, Belém e até em Fortaleza, morreu pobre e quase à míngua no Hospital da Candelária em Porto Velho - Rondônia onde fora à bem de Saúde no dia 26 de agosto de 1920.
Sobre esse incidente veja o que disse o "Jornal do Commercio" de Manaus-Amazonas do dia 7 de Abril de 1912, inspirado em depoimentos de familiares de vítimas e em informações do jornal "O Acreano" de Rio Branco - Acre.
A partir disso não teve mais saúde o Ten. Justa e depois de vários tratamentos em Manaus, Belém e até em Fortaleza, morreu pobre e quase à míngua no Hospital da Candelária em Porto Velho - Rondônia onde fora à bem de Saúde no dia 26 de agosto de 1920.
Esse é mais um
exemplo das mazelas deixadas no Acre pelo Dr. Gentil Tristão Norberto e que
foram bastante retratadas por Genesco de Castro irmão de Plácido, quando acusou
aquele cidadão de incentivar a morte do Libertador do Acre, o que muitos
acreanos até hoje não acreditaram. Com o Ten. Justa foi-se também informações
históricas que podendo ter sido publicadas desapareceram no anonimato.
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