sábado, 28 de julho de 2018

Chalet do Seringal Guanabara em 1913.

Chalet do Seringal Guanabara - rio Yáco, Sena Madureira - Acre - Brasil. Essa era a residência do Dr. Avelino Chaves, proprietário do dito seringal. Foi nessa casa onde nasceu o Prof. Nazareno Lima em 25-11- 1955, quando aquele seringal pertencia ao Coronel Alfredo Vieira Lima e o guarda-livros do coronel Alfredo era Júlio Lima, avô do Prof. Nazareno. Esse imagem foi captado pelo Dr. Avelino Chaves em 1913 e publicada na revista carioca "Fon-Fon".

terça-feira, 24 de julho de 2018

Biografia do Dr. Virgolino de Alencar - Nazareno Lima 2010

Doutor Virgolino de Alencar, fotografado pelo jornal "Commercio do Amazonas" em Manaus, no dia 15 de setembro de 1907.


Dr. João Virgolino de Alencar, nasceu no Estado do Pernambuco, no dia 15 de setembro de 1867. Bacharelou-se em Direito na Faculdade do Recife em 1892-93.... advogou por alguns anos no Recife e por volta de 1895 foi para o Rio de Janeiro onde passou a trabalhar como Promotor em algumas cidades do interior do Estado de Minas Gerais e do Estado do Rio de Janeiro. Em 1903 passa a trabalhar como Delegado de Polícia na Cidade do Rio de Janeiro. Em 1906 foi nomeado pelo Presidente da República Prefeito do Alto Juruá. Durante a sua curta administração na Prefeitura do Alto Juruá envolveu-se numa confusão com o português espalhafatoso Fran Pacheco e este era protegido do General Taumaturgo de Azevedo, resultado: o Dr. Virgolino foi demitido pelo Ministro do Interior Tavares Lyra em Junho de 1907 e volta ao Rio de Janeiro. Em 1909 se candidata a Deputado Federal e se envolve em outra confusão pois ganhou a eleição, mas o acusaram de ilegibilidade, porém continuou lutando por seu mandato, o Presidente da República vendo que havia perseguição contra o Dr. Virgolino, o nomeou Juiz de Direito do Alto Purus no Território do Acre em 1911 e o Dr. Virgolino vem para Senna Madureira. No Território do Acre como Juiz, trabalhou em Sena Madureira, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. No dia 11 de agosto do 1919, justamente no aniversário de 11 anos da morte do coronel Plácido de Castro, apoiou um motim da Companhia Regional, articulada pelo Jornalista e Advogado Estevam Gomes de Castro Pinto mais 30 comparsas, (segundo alguns boatos da época o dr. Virgolino apoiou os revoltosos por medo de ser preso por estes) essa foi a última escaramuça revolucionária que houve no Acre. O Dr. Virgolino faleceu quase à míngua em Sena Madureira no dia 28 de dezembro de 1930 e a sociedade acadêmica do Direito Acreano não tiveras a coragem de lembrar aquele batalhador da Justiça do Acre com uma biografia na Internet.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Biografia do Cel, Joaquim Victor - Nazareno Lima - 2010



                                                   Cel. Joaquim Victor em 1905

Cel. Joaquim Victor da Silva, nasceu no Ceará em 15 de junho de 1863, veio para a região do Acre em 1892 trabalhar como gerente do seringal Caquetá de José Augusto de Oliveira, tornando-se em 1894 sócio deste explorador com a firma Oliveira Filho & Victor. Em 1895 adquiriram por compra o seringal "Bom Destino" com a mesma firma. Em 1897 associou-se com Aprígio Soares da Silveira que era procurador da firma Motta & Antoginy nos seringais São Paulo e Santa Filomena, no Baixo - Acre, uma vez que Motta ,& Antoginy estavam passando para o ramo da especulação imobiliária no centro de Manaus. Com Aprígio Soares da Silveira o Cel. Joaquim Victor montou a grande firma Soares & Victor e montaram o Complexo de Bom Destino, um aglomerado de 8 seringais somando mais de 800 estradas de seringueiras. 

O Cel. Joaquim Victor da Silva foi um dos maiores capitalistas da Borracha em todo o Acre. Participou de todas as rebeliões que houve no Acre. Era ele uma espécie de líder em todos os momentos de auge ou de queda na sociedade acreana. Foi Joaquim Victor o único coronel que ajudou o Dr. José Carvalho – advogado e jornalista cearense - a depor os bolivianos de Porto Acre em maio de 1899. Foi ainda um dos principais auxiliares do Império de Galvez no Acre. Depois da queda de Galvez foi ele e o Cel. Antônio de Souza Braga quem ficaram na liderança política da Região do Acre, participou também da Revolução dos Poetas e junto ao Dr. Avelino Chaves financiaram toda a despesa desta malograda empreitada.

Foi ainda o Cel. Joaquim Victor da Silva que junto ao Cel. Rodrigo de Carvalho, formavam a Junta Revolucionária do Baixo -Acre, além, é claro do Cel. José Galdino, do Alto-Acre, no auxílio e execução da Revolta de Plácido contra a Bolívia para anexação do Acre ao Brasil.

Joaquim Victor sempre viveu no Acre e com os seus seringais "Bom Destino" e "Caquetá", além da sociedade em outros no Amazonas inclusive no rio Purus. Assumiu várias funções, no Território do Acre, desde Prefeito do Departamento por apenas 1 mês em 1915, Intendente da cidade de Rio Branco, Presidente da Associação Comercial, Presidente da Associação de Seringalistas do rio Acre, além de outros. Em abril de 1911 mandou construir o Vapor "Nilo Peçanha" e junto a Honório Alves das Neves e João d'Oliveira Rôlla eram os Coronéis mais abastados do Baixo Acre. Todos os seus negócios eram em Porto Acre chegando a ter mais dinheiro que Newtel Maia, segundo alguns Tabeliões da época, uma vez que suas propriedades foram avaliadas em 5.000 Contos de Réis.

Em 1925, a borracha chega ao absoluto preço de 12 mil Réis por quilograma e o coronel Joaquim Victor liquidou toda a sua produção de borracha, caucho, castanha e madeira, pagou todas as dívidas que tinha nas praças de Rio Branco, Manaus e Belém, além é claro dos mais de 200 seringueiros que lhe produziam... Daí então, arrendou seus dois grandes seringais: “Bom Destino” que na época tinha mais de 500 estradas de seringueiras, mais um outro de nome “São João de Canindé” que ficava às margens do rio Iquiry e que somava 300 estradas de seringueiras, para José da Silva Dantas... juntou toda a sua família e foi morar em Manaus – Am. Por ter muitos negócios no Acre, vez por outra estava aquele coronel em Rio Branco e Xapury à negócios, uma vez que era Presidente da Associação dos Produtores de Borracha do Rio Acre.

O Cel. Joaquim Victor faleceu em Manaus no dia 20 de setembro de 1933 sem vender nenhum de seus seringais.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Biografia do Cel. Alexandrino José da Silva - Nazareno Lima - 2010

Cel. Alexandrino José da Silva em 1905, natural do Ceará, (segundo o Dr. Ferreira Sobrinho ele era de Morada Nova) chegou ao Purus em 1896.
Em 1898 trabalhava como aviado do Capitão Leite Barboza no seringal Humaitá no Baixo Acre. Em 1900 arrendou parte do seringal Bom Futuro, um anexo do seringal “Baixa Verde” e vizinho do seringal “Catuaba” e quando houve a Revolta do Cel. Plácido contra a Bolívia, ele ainda estava com esse contrato de Arrendamento. Participou de todas as revoltas que houve no Acre, desde o Combate de Papirí em 1901, até o cerco ao Gen. Pando no Thauamanu em maio de 1903. Era um homem de coragem e muito trabalhador. Em agosto de 1908 cometeu uma grande tragédia: incentivado pelo Prefeito Gabino Besouro, Dr. Gentil T. Norberto e os coronéis Simplício Costa, Antunes de Allencar, Rodrigo de Carvalho e outros - arquitetou uma emboscada que vitimou o Cel. Plácido. Ele sempre negou seu envolvimento nesse fato, porém seus ajudantes da emboscada o acusavam. Quando terminou a Guerra do Acre e da qual era um dos Comandantes, ele arrendou o seringal "Forte Veneza" do Major José Anselmo Melgaço, na Volta da Empreza e nessa época ficou ele responsável pelo "Vapor Independência" ex "Rio Affuá" de propriedade dos Revolucionários.

Em 1907 adquiriu o antigo seringal "Flor de Ouro" que estava abandonado desde 1900, por conta do exagerado corte contínuo e era situado na margem esquerda do rio Acre, ali entre a boca do Riozinho e Bemfica, também passou a trabalhar para a Prefeitura do Território do Acre, na função de Subdelegado de Polícia.

Logo depois da morte de Plácido, talvez por medo dos amigos de Plácido e também de seu irmão Genesco tentarem fazer alguma vingança, o Cel. Alexandrino apoiado pelo Capitão Francisco Corrêa que era parente seu e funcionário conceituado da Intendência da Vila Rio Branco, pediu sua exoneração ao Pref. Besouro, vendeu o seringal "Flor de Ouro “para o Major Rôlla e comprou algumas propriedades no Alto Acre, incluindo os seringais "Patagônia", "Porto 14 de Dezembro" e "Buenos Ayres", este último, na margem direita do rio Acre, portanto em território boliviano.  Estes seringais estavam localizados entre o seringal "Montevidéo" da firma Dias Peixoto & Cia. e o seringal "S. João" de Álvaro de Carvalho. Acontece que Alexandrino sempre teve cisma de andar na Bolívia por medo de alguma vingança dos bolivianos com relação à Revolta de 1902/1903, então arrendou o seringal "Buenos Ayres" para uma firma boliviana de nome Mariz & Rivas. (Mariz era Octavio Mariz, proprietário de duas farmácias em Xapuri e Rivas era Carlos Rivas, seringalista boliviano)

No dia 9 de setembro de 1911 estando ele neste seringal (Buenos Ayres) para acertar o pagamento da referida renda foi assassinado com um tiro de rifle 44.  Segundo o “Jornal Folha do Acre", ele estava de saída, na beira do rio Acre, sentado numa barrica esperando que seus empregados fizessem a manobra do batelão quando o alvejaram. O acusado foi um boliviano chamado Carlos Rivas, sócio de firma. Segundo o Jornal "Folha do Acre", o assassinato do coronel Alexandrino foi por contas de uma dívida de 40 Contos de Réis que ele tinha à receber do advogado Brunno Barboza, genro do Dr. Emílio Falcão, ambos de Xapuri. Em 1920, Octávio Mariz (o munheca de tatu assado) foi preso por contas do assassinato do coronel Alexandrino porém, em seguida fora solto, uma vez que Carlos Rivas, o principal assassino, já havia falecido.

Era casado com dona Francellina Maria da Silva e deixou dois filhos: Elisa Maria da Silva e Antônio Alexandre da Silva. Em 1914, dona Francellina e seus filhos ainda estavam trabalhando com estes seringais inclusive com um seu genro, esposo de Elisa, o Capitão Renato Souza.  O seringal "Buenos Ayres" arrendado para o Cel. José Raymundo Pimenta que era também proprietário do seringal Nazareth onde hoje está localizado a cidade de Brasiléia no Alto Acre.

A família do Cel. Alexandrino, depois de sua morte, sempre viveu no Alto Acre e liderada pelo Cap. Renato Souza, casado com Elisa desde maio de 1913, era ele um cidadão muito educado e sabido, administrava e fazia a contabilidade dos seringais "Patagônia" e "Porto 14 de Dezembro". Em 1912, na reorganização do Território do Acre comandada pelo Prefeito Dr. Deocleciano Coêlho de Souza, foi nomeado 1° Suplente de Juiz Preparador do 3° Termo (de Brasiléia).

Em 1915, o Cap. Renato arrendou o seringal "Corcovado", que se localizava um pouco acima do seringal Montevidéo, da firma Dias Peixoto & Cia e ali ficou até 1917, quando arrendou o seringal "Reducto" que se localizava abaixo do seringal "Canindé", ficando ali até por volta de 1919. Em 1920 Renato Souza já havia arrendado o seringal "Natal", que ficava um pouco acima do seringal "Porto Carlos" de Dom Lizardo Arana.

Com a grande crise da borracha aumentando cada vez mais no Acre, o Cap. Renato passa a trabalhar de guarda-livros, escrivão e Juiz de paz nos seringais "Carmem" e "Porvir", entre Brasiléia e Xapuri, ali trabalhando até 1930, quando passa a estabelecer-se em Brasiléia e trabalhando na Contabilidade da Prefeitura Municipal.

Em 1926, por conta da morte do Coronel Antônio Vieira de Sousa, escreveu uma crônica elogiando os feitos deste coronel e outros revolucionários falecidos e a publicou no Jornal "Folha do Acre", essa crônica impressionou os grandes jornalistas do Território do Acre e de Manaus. Por conta disso passou a colaborar com o Jornal "O Acre" a partir de 1929.

Depois da desvalorização da borracha, a partir de 1932 em diante, estabeleceu-se definitivamente em Brasiléia e continuou na Contabilidade daquela Prefeitura.  A partir de 1948, passou ele a contribuir com a Imprensa Acreana de Xapuri e Rio Branco, através de suas crônicas. Ainda em 1948, fundou a primeira Cooperativa dos Produtores Rurais de Brasiléia e neste mesmo ano passa a organizar o "Processo Arantes" na produção de Borracha daquela região.

Em 1958 foi agraciado pelo então governador do Território Fontenele de Castro com uma pensão vitalícia por ser ele veterano da Revolução Acreana.

Em 1961, o Governo do Território baixou uma portaria passando a pensão vitalícia para Elisa viúva do Capitão Renato.

Aquela rua do Bairro do Bosque em Rio Branco - Acre que leva o nome do Cel. Alexandrino, se faz por contas de uma antiga reivindicação do Cap. Renato Souza, através de suas crônicas em jornais do Território.

O Cap. Renato Souza nasceu no dia 9 de novembro de 1885, possivelmente no Estado do Ceará e faleceu no dia 10 de novembro de 1959, depois de 45 anos de casado com Elisa Maria de Souza, filha do Cel. Alexandrino.

domingo, 24 de junho de 2018

Biografia de Neutel Maia - Nazareno Lima - 2010


Cel. Neutel Newton Maia em 1905, nasceu no Estado do Ceará em 24 de dezembro de 1861, ainda muito jovem veio para o Pará e começou ali suas atividades comerciais e aventureiras, sempre viajando entre Belém, Manaus e Manacapuru. 
Em 1882 montou uma firma de nome N.Maia & Cia. A partir de 1885-1886 passou a negociar no Purus, entre Belém, Manaus e a Boca do Pauini. Em 1890-1891 casa-se com uma sua prima de nome Theresa Maia, irmã de Teophilo Maia e passa a negociar no alto Purus até a Boca do Antimary no Baixo Acre. Em 1889 adquiriu 2 lotes de terras do Governo do Amazonas localizados no rio Acre (Alto Acre) a que ele denominou seringal Empreza, sendo este documentado em 1894. Em 1898, vendeu o dito seringal Empreza para a firma J. Parente & Cia. por 150 Contos de Réis e montou em sociedade com seus primos Manoel Teophilo Maia, Ananias Maia e José Augusto Maia uma Casa Comercial fixa na Villa Rio Branco. Durante a Revolta do Cel. Plácido contra a Bolívia, fugiu com a Família dos Territórios Acreanos uma vez que além de amigo dos bolivianos, tinha negócios com estes, porém na Aclamação de Plácido Governador do Acre em Porto Acre no dia 26 de janeiro de 1903, estava ele em Porto Acre e assinou a Aclamação. 
A partir de 1905, passa a comprar gado em Bolívia, transportando-os pelos varadouros dos seringais de Capatará, a partir disso ficou com raiva de Plácido, pois este cobrava 7.500 Réis pela passagem desse gado por seus varadouros, isto por conta dos danos causados por cada manada, (segundo moradores do seringal Capatará essas manadas, que iam de 200 a 400 cabeças de gado, eram transportados à pés e soltos: quebravam pontes ou pranchões, devoravam pequenas plantações ou roçados de seringueiros além de outros danos).  
Em 1909-1910 recebeu 1.000 contos de Réis de indenização por, segundo ele, prejuízos com a Guerra do Acre. Depois da morte de Plácido continuou com sua casa comercial e montou uma fazenda de gado nas terras de Dona Miquellina, viuva do major José Anselmo Melgaço, onde hoje está a Av. Amadeo Barbosa em Rio Branco - Acre. Sempre passava meses em Rio Branco e meses no Rio de Janeiro. Em 1921 envolveu-se numa trama de fofocas que culminou com a renúncia do Governador Acreano Dr. Epaminondas Jácome. Viveu no Acre até 1934, quando fixou residência no Rio, onde faleceu vítima de atropelamento por um ônibus em plena Av. Rio Branco em setembro de 1940. 
Neutel Maia é hoje um personagem eleito pelos intelectuais do Acre como o fundador da cidade de Rio Branco, não se sabe por qual motivo. Neutel Maia foi um homem muito rico, porém pouco falado pelos jornais da época, além de nunca ter lutado por nenhuma classe social do Acre, sempre esteve envolvido em várias confusões no Acre e no Estado do Amazonas. A primeira notícia real que se tem de Neutel Maia é no Diário de Notícias do Pará em 20 de janeiro de 1885 por contas de uma grande escaramuça entre Getúlio Orlando de Paiva, proprietário da lancha Izaura contra os irmãos J. Felippe e Mileno Benevenuto Santiago, nessa peleja morreram; um comerciante conhecido por Tombador e um proprietário de nome Francisco Chagas que tentavam amenizar o conflito: Neutel Maia aparece no jornal como uma das testemunhas do confronto. Um dos maiores lucros do comerciante Neutel Maia foi o agenciamento e transporte de nordestinos acossados pelas secas para trabalhar nos seringais do Purus e seus afluentes. Outra fonte de lucros desse personagem foi o agenciamento e transporte de nordestinos endinheirados para comprar aqueles seringais que já não mais interessavam aos proprietários dos rios Purus, Pauiny, Ituxy, Acre, Antimary, Riozinho do Rola, Xapury além de outros. O "coronel ou capitão" Neutel Maia jamais se afinou em ficar parado atrás de um balcão esperando que os seringueiros passassem um ano fazendo borracha para ele, era um personagem por demais inquieto, porém em 1888, com a "onda" do Dr. Pereira Labre de construir a Ferrovia Orthon-Aquiry, notícia essa que chegou a circular nos jornais da Europa... Neutel Maia então se apossa de dois lotes de terras na margem esquerda do rio Acre, acima das terras de Antônio Barbosa Leite e abaixo das terras do coronel Xavier, localidade a que ele denominou "Empreza", porque pensava ele que tratava-se de uma empreitada para ganhar muito dinheiro.  Abriu o seringal, organizou e o documentou em 1894-1895, porém quem sempre o administrou foi um seu primo de nome Ananias Maia e em 1898 o vendeu para J. Parente & Cia e voltou a sua vida de "marreteiro" e "freteiro" do rio, coisa que ele sempre gostou e se deu bem. Neutel Maia depois que fundou a sua Casa Comercial na antiga Vila Rio Branco e que era administrada por Manoel Teophilo Maia, pouco vivia no Acre, chegando a passar até dois anos fora do Território mas, quando estava presente, logo se ouvia falar em problemas ligados a ele e isso há muito tempo: apoiou os bolivianos na região do Acre; envolveu-se na deposição de Galvez; não participou da Revolução Acreana e nem tampouco contribuiu com a mesma; envolveu-se no assassinato do Dr. Luiz Ribeiro Gonçalves em 1906 na cidade de Manaus; era um dos que desejava a morte de Plácido em 1908; sofreu um atentado a tiros de rifle na noite de 16 de fevereiro de 1910, segundo o Jornal "Folha do Acre"; volta ao Acre em 1913 e logo se envolve numa questão com o capitão Ciríaco Joaquim d'Oliveira por contas de seu gado destruir uma plantação de seringueiras daquele capitão e por fins... em 1921 se envolve na onda de fofocas que culminou com a renúncia do Governador Epaminondas Jácome. Depois desse incidente, Neutel Maia não mais se envolveu em problemas na região do Acre.
















sábado, 23 de junho de 2018

Biografia do Dr. Pereira Labre - Nazareno Lima - 2010


Dr. Antônio Rodrigues Pereira Labre, não se sabe a data certa em que ele nasceu no Maranhão, 1825-1830. (segundo o Professor Hélio Rocha in “Coronel Labre”, 1ª Ed. Scienza, São Carlos, 2016”, ele nasceu em 1827).

Em 1856/1858, trabalhava como Delegado de Polícia na villa de Passagem Franca, na então Província do Maranhão.

Em 1859 passou a Delegado da Instrução Pública, também na Villa de Passagem Franca.

Em 1864 era Capitão do 29º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, porém continuava com o cargo de Delegado da Instrução Publica.

Em 1865 era 1º Vereador da Villa de Passagem Franca. Ainda neste ano passou ele a Major interino do 29º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional e associa-se à sua mãe na criação de gado em Passagem Franca.

Em 1866, além dos cargos que já assumia passou também a advogar em Passagem Franca, Pastos Bons e Barra do Corda na Província do Maranhão. Também neste ano passa a Major.

Em 1867, o Dr. Labre passa a morar em São Luiz, capital da Província do Maranhão pois, tinha ele sido eleito Deputado Provincial.

Em 24 de novembro de 1869, o Jornal "Diário de Belém" dá notícias do Dr. Labre em terras paraenses inclusive com um seu escravo de nome Samuel.

Dr. Labre, como era mais conhecido entre os poucos amigos que tinha no Purus, era advogado e antes de vir para a Amazônia conheceu a Europa onde estudou Ciências Humanas e Naturais.

Chegou em Manaus possivelmente em 28 de dezembro de 1870, uma vez que seu nome consta na lista de passageiros do vapor 'Belém' nesse dia.

Entre 1870 e 1871 conviveu com Manuel Urbano da Encarnação e seus filhos na propriedade deste próximo de Manacapuru no Baixo-Purus. Com certeza deve ter aprendido muito sobre a Amazônia com aquele explorador e Director Geral dos Índios do rio Purus.

Antes de fixar residência em Hyutanaham, no rio Purus o Dr. Labre residia entre Belém e a propriedade de Manuel Urbano, uma vez que o Jornal 'Diário de Belém' lhe procurou no dia 03 de janeiro de 1871, para receber 06 cartas que lhe eram destinadas.  

Em 1871 adquiriu uma área de terra bem próxima a foz do rio Ituxi, no rio Purus de nome Floresta de Maciary, um pouco abaixo do lugar Hyutanaham, onde abriu um campo agropecuário além de um seringal de extração de borracha.

Acontece que sendo o Dr. Labre um Naturalista e também humanista em potencial, utilizou partes dos campos naturais da região do Ituxi, onde segundo ele próprio cita no Livro "O Rio Purus" de 1872 em que esses campos que se localizavam (o maior deles) à 3 léguas ao sul de Lábrea, indo do Ituxi ao Madeira com um comprimento de 100 milhas. Labre utiliza parte desse campo para montar sua criação de gado e outros animais.

Em 1872 publica no Maranhão o Livro "Rio Purus", um relatório de 50 páginas sobre a fauna, a flora, as riquezas naturais e a sociedade indígena do rio Purus.

Em 1873 o Dr. Labre escreveu um Relatório de 16 páginas denominado "A Seringueira: Extractos de Uma Monographia Publicada pelo Coronel A R P Labre" que foi publicada pelo Jornal “Commercio do Amazonas” em 1880.

Em 1874 começou então o Dr. Labre suas expedições começando pelo Ituxi e os campos naturais que alcançavam o rio Madeira e o rio Mucuyn.

Em 1875 fez expedição no Madeira, principalmente com relação ao solo daquele rio e a causa das suas poderosas cachoeiras.

Em 1876/1877/1878, trabalhou na função de Subdelegado de Polícia no Distrito de São Luiz do Ituxí. Esse distrito da povoação de São Luiz do Ituxi seria a futura Villa de Lábrea.

A partir de 1878 o Dr. Labre passa a integrar o Partido Liberal que era a oposição ao Governo e assim o desprezo por parte do governo que já era visível tornou-se maior.

Em 1880 elegeu-se Deputado Provincial, pelo Partido Liberal

No dia 7 de março de 1886, (segundo o Jornal "Correio do Purus" de Lábrea do dia 09 de março de 1909) o Dr. Labre juntamente ao Cel. Luiz da Silva Gomes, Monsenhor Leite Barboza e um obscuro patriota Cap. Manoel Alves, fundaram a cidade de Lábrea. Mas, segundo o Dr. Labre, na Página 47 do Livro "Rio Purus" a povoação de Lábrea foi fundada em 1871. Cita ele ainda que em 1872, quando ele escreveu o livro "Rio Purus", habitava em Lábrea somente maranhenses e alguns estrangeiros. Talvez estas notícias se façam por conta de o Jornal "O Paiz" do Rio de Janeiro publicar no dia 19 de abril de 1886, a posse do Dr. Labre como Presidente da Câmara Municipal da nova Villa de Lábrea e o vice-presidente, o Comendador João Gabriel de Carvalho e Mello.

Executou várias Expedições nos rios; Purus, Ituxi e Madeira. Também fez Expedições nos rios Madre de Deus, Orthon e seus afluentes em Bolívia. Foi em 22 de julho de 1886 que o Dr. Labre, Alexandre Haag e outros desbravadores e Expedicionistas do Pará e Amazonas promoveram uma Conferência Pública no Salão da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, com fins de mudar a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré para Orthon-A’quiry, nessa Conferência estava presente o Imperador D. Pedro II.

Essa ideia do Dr. Labre, que não era aceita por muitas autoridades da Amazônia e também do Rio de Janeiro o tornou um tanto desprezado do Brasil e da Amazônia. O interessante é que foi a partir disso que começou a rebeldia do Acre e seu povo e foi um dos motivos das invasões à Bolívia e depois as Revoltas que houveram e pôr fim a Guerra dos Coronéis capitaneados por Plácido.

Assim, o Dr. Labre foi indiretamente um dos precursores da rápida ocupação das terras do A'quiry em 1889 e também das revoltas acontecidas na região do Acre. Acontece que com essas ideias do Dr. Labre de construir uma ferrovia Orthon-A'quiry ao invés da Madeira-Mamoré, despertou o interesse da Bolívia por tal projeto e essa ideia chegou à Europa, então alguns capitalistas europeus organizaram um sindicato Franco-belga e esta organização encarregou um senhor de nome Emilio Rens em 1889 de fazer um levantamento da área a ser melhorado os transportes e em novembro de 1890, estavam prontos para começar os trabalhos.

Em agosto de 1888, o Dr. Labre executou a grande e perigosa expedição Orthon-A'quiry, onde caminhou à pés pelas trilhas dos índios por 20 dias consecutivos, onde conheceu as Nações Indígenas; Araúna, Pakawara, Guaraya e Cannamarys - os habitantes do Acre Pré-Histórico.

O Naturalista Pereira Labre faleceu na cidade de Caxias no Estado do Maranhão no dia 22 de fevereiro de 1899 e os Jornais de Manaus e Belém, assim como também o Jornal “O Paiz” do Rio de Janeiro nem se quer noticiaram a sua morte. A imagem do Dr. Pereira Labre se faz presente neste Documentário por ter sido ele o maior conhecedor do Acre Pré-histórico. "ACRE - A História da História - 2008" Nazareno Lima, rio Branco Acre - 2010".

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Biografia do Tenente-coronel Justo Gonçalves


Tenente-Coronel Justo Gonçalves da Justa em 1906, aqui fotografado por Emílio Falcão em Xapury onde o Tenente Justa (como era conhecido) sempre viveu. Nascido na Serra da Aratanha - Pacatuba - Ceará, no dia 10 de dezembro de 1876. Descendente de uma família de intelectuais do Estado do Ceará, o Tenente Justa chegou em Xapury em 1894 e foi realmente o único intelectual que lutou com Plácido. Foi ele quem fundou com o Dr. Francisco d'Oliveira Conde o primeiro jornal de Xapury e de todo o rio Acre: "O Acre" em 1907. Com grande habilidade tanto na escrita como na oratória, o Ten. Justa era apaixonado pela Cultura e pela História segundo informações de filhos e netos de revolucionários do Acre, foi ele quem ficou com grande parte dos apontamentos e arquivos de Plácido e da Revolução. Ele tinha em seus arquivos, todo o relatório dos combates da Revolução como: quantidades do efetivo, nomes, idade, mortos, feridos e etc. Trabalhou com o Dr. Mangabeira no Capatará tratando dos feridos e aniquilados da guerra, onde se tornara amigo do Poeta chegando a lhe dar a ideia de fazer o Hino do Acre. 

Em 1910 era Delegado de Polícia em Xapury.

Em 1911 integrava o grupo xapuryense amigo de Gentil Norberto, além dele constava: Cel. Rodrigo de Carvalho; Ten. Manoel Leopoldino Pereira Leitão Cacella; advogado Antonio Brunno Barboza; Dr. Francisco D'Oliveira Conde; Cel. Francisco Simplício Ferreira da Costa; Ten-Cel. João Gomes Teixeira; Dr. Emílio Falcão; Cel. Antonio Vieira de Souza; major Arthur Benigno da Costa Lima; Cap. Alexandre Farah, além de outros.

Em 1912 era Tabelião interino substituindo o Cel. Rodrigo de Carvalho e foi nessa época que, por incentivo do desalmado Dr. Gentil Norberto, sobre a Autonomia do Acre, o Ten. Justa junto com alguns amigos seus, entre eles o guarda-livros do seringal "Santa Fé" Gastão Mavignier; Antonio Joaquim Guimarães; Raimundo Pinto Bandeira, além de outros, pegaram corda e no amanhecer do dia 20 de março de 1912 fizeram uma espécie de serenata que terminou numa rebelião em Xapury. Se amotinaram numa espécie de coreto que ficava atrás do Hotel Casa Branca, onde a Polícia, à mando do Delegado de Polícia Achylles Peret, abriram fogo e eles reagiram ao tiroteio, onde morreram o Cel. Victoriano Maia; o advogado Lydio Soutolima; o sargento da Guarda Municipal, João de Sant'anna Filho; Raymundo Terto, trabalhador do Cel. Victoriano e mais duas pessoas, além de vários feridos. Nesse incidente o Ten. Justa foi gravemente ferido e por conta disso adquiriu um problema renal que lhe custou caro e tornou-se crônico, além de ficar com um dos braços paralisado. 

Sobre esse incidente veja o que disse o "Jornal do Commercio" de Manaus-Amazonas do dia 7 de Abril de 1912, inspirado em depoimentos de familiares de vítimas e em informações do jornal "O Acreano" de Rio Branco - Acre.



A partir disso não teve mais saúde o Ten. Justa e depois de vários tratamentos em Manaus, Belém e até em Fortaleza, morreu pobre e quase à míngua no Hospital da Candelária em Porto Velho - Rondônia onde fora à bem de Saúde no dia 26 de agosto de 1920.

Esse é mais um exemplo das mazelas deixadas no Acre pelo Dr. Gentil Tristão Norberto e que foram bastante retratadas por Genesco de Castro irmão de Plácido, quando acusou aquele cidadão de incentivar a morte do Libertador do Acre, o que muitos acreanos até hoje não acreditaram. Com o Ten. Justa foi-se também informações históricas que podendo ter sido publicadas desapareceram no anonimato.