quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014


 AGOSTOS
- III -

Atribulado por estes meus meios
Que hoje creio, ser o meu pecado,
Articulado por poucos anseios...
Eu lembro enfim do meu pobre passado!

Impulsionado por mil devaneios...
Por entre veios... Desarticulado...
Uma estrutura que faltam os esteios
Que está no meio do povo explorado!

Seguindo assim nesse vil ditame,
Longe de ter alguém que me ame
E que defenda minha utopia

Mas nesse vil descontentamento,
Vivo na paz de um confinamento,
Na articulação da minha Poesia!

      - IV -

Na solidão do mundo em que me encontro,
Vejo um oceano de desilusões
E neste palco de mil frustrações
A Natureza me impôs esse afronto...

Depois deste terrível desencontro
De mim com as felicitações,
Restou-me enfim as explorações
Que do pobre, é o saldo que vem pronto!

Depois de 50 anos de lutas
Nas planícies, nos vales e nas grutas,
Cansado... resta-me então rezar...

E a lembrança das lutas me acende
E a resistência enfim surpreende:
A este ser que faltou tempo para amar!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014


AGOSTOS 30 - 08 - 2014 -

                         Nazareno Lima

       - I -

Onde será que andam as minhas flores?
E os bons amores onde se esconderam?
No passado, sempre apareceram
E hoje somente vejo as minhas dores!

Nos meus perfumes não há mais olores
E minhas cores amareleceram
Os meus amigos se entristeceram
E em mambembes, os meus bons atores!

Depois de tanto escrever nas lousas
E lutar tanto contra o fim das cousas...
Eu me tornei dos homens, o mais triste:

Mas o consolo que me ainda resta,
É ver na vida algo que ainda presta:
É poder sentir que a Poesia existe!

       - II -

Sol amazônico, já nem o sinto mais...
E à noite, nem vejo a cor do seu luar;
Vozes não ouço: é inútil falar
E nem o orvalho, emoção me traz!

O som das cigarras, que me dava paz...
A música de um rádio, em algum lugar...
Nem mesmo a aurora, é inútil raiar...
Nada mais hoje, me alegre faz!

Mas tudo isto que me faz ser santo...
E tudo o qual me entristece tanto
Fazendo-me descer esse vil declive...

Partindo dessa ordem da Natureza,
Sinto hoje a maior certeza
Que felizmente a Poesia vive!

domingo, 24 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2001


        P E C A D O R   -   09/09/2001

O homem traz geneticamente a maldade
E foge, geralmente à realeza ...
É licito, nos seus atos, a leveza ...
Guinando a lógica da infelicidade !

Acovardando-se pois, à capacidade,
Caminha juntamente à tristeza;
E pôr mais forte que o homem seja,
Também participa da saudade!

Eu também faço parte dessa raça:
Mal-agradecedora do bem que alguém lha faça
E somente pôr necessidade se move ...

Hoje, talvez mais vulgar que uma meretriz,
Senti saudades daquela “Flor de Lis”,
De 28 de Setembro de 99 !
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sábado, 23 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014

RESGATE - Abril de 2014

Depois de tempos desesperadores
Onde mil flores murcharam pra mim;
Quando eu pensava que era a vez do fim,
Arrebatou-me a lei dos amores!

Aquelas cores, sem brilhar pra mim,
E o ar assim ... Reproduzindo dores,
Tantos olores, sem olor, enfim...
Até choravam meus computadores!

E a Razão de tudo quanto pensa,
Com uma força por demais imensa
Me redimiu das transgressões mundanas.

E aqueles todos que me perseguiam
E aquelas todas que só me traíam,
Fizeram vir-me o maior dos Nirvanas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima = 2014

ANDANÇAS

   - III -

Por todos estes lugares
Em que vi muitos olhares
Os quais me diziam tanto...
Em qualquer que fosse o canto...
Em grande ou pequeno espaço...
Era enorme o meu cansaço
De ouvir os maldizentes:
Uma espécie de indigentes
Que a ciência consagrava...
Na órbita em que eu estava
Vi tantas opiniões...
Mas eram vans as razões
E também as qualidades...
E as tais felicidades
Não consegui ver chegar!

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Ainda quis ajudar,
Mas nem me quiseram ouvir,
E a razão que percebi
Foi deixar continuar!

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Às vezes me dava pena
Daquela terrível cena...
Mas o que fazer, não tinha...
Gente que ia e vinha,
Da mais diferente escória:
Cada um com sua história,
Que ouvi sem entender! ...
Enorme o vosso sofrer,
Das mais diferentes formas,
Todas, às margens das normas,
Que regem qualquer Estado.
Somente ser explorados,
Era o direito que tinham, 
E no rumo que caminham,
Nem a fé, consegui ver!

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Com calma, tentei dizer,
A causa daquilo tudo...
Quando falei de estudo,
Saíram quase à correr!

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Notei que o pobre homem,
Que de tudo ele tem fome,
Sem ter oportunidade...
No campo ou na cidade,
Seu futuro é sempre incerto...
A Injustiça por perto,
Atada aos seus destinos...
Mulheres, homens, meninos;
Numa exploração eterna,
Naquela imensa Caverna,
Que Platão conceituou! ...
Aos que Marx retratou
Na complexa Mais-valia...
Que não sei como viviam
Naquele Inferno de Dante!

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Tal qual um ignorante,
Quis da Ciência, ter uso,
Mas aquele povo infuso,                                                         
Era Naturalizante!

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Vi Pastores que pregavam,
À Jesus, alto rogavam,
Por estes povos malditos...
Mas a razão de seus gritos,
Era dinheiro e usuras...
E chamavam de loucuras;
Conhecimento e Ciência!
Protegendo a experiência
E condenando o moderno,
Chamavam o mundo de inferno,
Mas nele estavam contidos;
Num sentido sem sentidos,
Atados pela Semântica,
E na palavra romântica,
Dominavam as criaturas!

      ******
Estas reais estruturas,
Quis dizer como se criam...
Mas de mim, zombavam e riam,
Foi melhor crer nas agruras!

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Vi políticos se benzendo
E ao povo prometendo
O impossível de fazer...
E a plebe sem entender...
Era o jeito acreditar!
Vi Professor ensinar,
Da forma mais transgredida,
Mas a Razão sucedida,
Era o Livro feito errado,
E o Poder do Estado,
Dizia que estava certo
E eu, olhando de perto,
Pensava no meu passado...
Como pode eu ter logrado
A toda esta hipocrisia?

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Aquilo tudo que eu via,
Não tinha transformação,
Pois a Constituição,
Apoiava essa razia!

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Alguns Irmãos Evangélicos,
Com ares maquiavélicos,
Tentando imitar Jesus...
Diziam viver na luz
E o mundo viver nas trevas;
Tentando enganar as levas,
Falavam em línguas estranhas,
Providos de artimanhas,
Iludiam até doutores,
Diziam tirar as dores
De toda a população:
Bastava Fé e Ação
E mais um pouco de Amor!
Mas o mal de seu labor,
Era usar o nome de Deus.

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Daqueles trabalhos seus,
Quis dizer que estava errado:
Disseram que meu pecado,
Era estar entre os ateus!

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Vi muitos desocupados,
Da vida desesperados,
Oriundos da Amazônia,
Formando grande colônia,
De netos de Seringueiros,
Sem empregos... Sem dinheiro,
Vivendo de fazer bicos,
Puxando o saco dos ricos,
Com a miséria na cola,
Os filhos fora da escola...
Com saúde e paz restritas,
Morando nas palafitas,
Era grande o sacrifício
E ainda tinham o vício,
Pra compor a transgressão!

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Eu disse que aquela ação,
Era algo pré-fabricado
E a replica que foi me dado,
Que era a predestinação!

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2014


ANDANÇAS – 19/02/2014

              Nazareno Lima

       - I -

Andei por muitos lugares;
Olhei em muitos olhares,
Vi algo que não se diz...
E a Razão que me faz crer;
Vi prazeres... Vi sofrer,
Mas não me senti feliz!
Fui descendo... Fui subindo...
Vi mulheres que, fingindo,
Enganavam multidões...
Pela Fé que me guiava,
Em reflexos, eu me alertava,
Pra fugir destes sertões!
Vi mulheres revoltadas
Por amar sem ser amadas.
Vi crianças a chorar...
Vi casais desentendidos,
Vi homens sendo traídos
Por não ter amor pra dar!

Vi idosos como Eu,
Lutando mais que Orfeu
Por uma esmola de amor...
Mas nas lutas só perdiam
E a traição que recebiam
Aumentava a sua dor!

Vi crianças rejeitadas, 
Suas mães desesperadas,
Na idade prematura...
Por não ter algo de novo,
A revolta desse povo
Já virando uma cultua

    - II -

Vi Jovens perambulando, 
Cheirando pó e fumando
Para fugir da rotina...
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domingo, 17 de fevereiro de 2019

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 2000


       OS  MUDOS   -   10/04/2000

Eu tenho tanto à falar ao mundo,
Pena que ele não me dê ouvidos:
Sou dos anônimos que vivem escondidos,
A sustentar este pesar profundo!

Quantos tal eu estarão perdidos?
Vítimas do vil anonimato infundo,
Semelhante a um pobre vagabundo,
Na alheia dependência dos sentidos!

Talvez pior do que foi Canudos:
É triste esta multidão do mudos,
E não há quem conte este acervo...

E muitos morrerão emudecidos ...
E eu para não ser um dos vencidos ...
Já que não falo, ao menos escrevo!
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