quarta-feira, 23 de outubro de 2013

TUDO DE MIM - 2000 - Nazareno Lima

Este trecho de leitura 'Tudo de Mim-2000', faz  parte do livro "A BOCA                                             DO  VARADOURO" escrito pelo Prof.  Nazareno Lima em 2003 e organizado pelo
Prof. Isaac Ronaltti do TJ-AC em 2008, inclusive foi o  Prof. Ronaltti que 'batizou'
 a obra com esse título.

       TUDO DE MIM - 2000 - Nazareno Lima


    FLOR  DE  LIS   -   28/09/99

Me apareceste como a flor de lis,
Que orvalhada enfeita e perfuma:
Rara beleza que sempre acostuma,
Ao homem pobre que quer ser feliz!

Sensível e leve igual a espuma,
Foi esta pluma que eu sempre quis:
De professor tornei-me aprendiz,
Da tua força que ao espírito exuma!

Eu te agradeço pôr me aparecer:
Mesmo que um dia me faças sofrer,
Nestes caminhos de uma só descida...

Futuramente, quando eu for passado,
Lembrai ao menos de ter me ajudado,
A escrever esta pré despedida!!!
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       OS  MUDOS   -   10/04/2000

Eu tenho tanto à falar ao mundo,
Pena que ele não me dê ouvidos:
Sou dos anônimos que vivem escondidos,
A sustentar este pesar profundo!

Quantos tal eu estarão perdidos?
Vítimas do vil anonimato infundo,
Semelhante a um pobre vagabundo,
Na alheia dependência dos sentidos!

Talvez pior do que foi Canudos:
É triste esta multidão do mudos,
E não há quem conte este acervo...

E muitos morrerão emudecidos ...
E eu para não ser um dos vencidos ...
Já que não falo, ao menos escrevo!
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    TANTAS  E  POUCAS  -  08/06/2000
       Nazareno Lima e Evandro Teixeira             

Tanta gente que lutou ...
Tanta gente que morreu ...
Tanta gente que perdeu ...
Pouca gente que ganhou ...

Pouca gente que fingiu ...
Tanta gente que chorou ...
Tanta gente que ficou ...
Tanta gente que partiu !

Quanta gente se empenhou
Para mudar os sistemas ...
Lutas que causaram penas
E de nada adiantou!

Nas Américas, nas Europas ...
Vi surgir tantos fracassos ...
Vi o som de tantos passos ...
Vi o fel de tantas copas!

Vi o som de tantos tiros ...
O gemer de tantas bocas ...
Vi cabeças quase loucas
E o ar de tantos suspiros !

Vi mulheres entre gritos ...
Crianças desesperadas ...
Vi famílias separadas
Ao som de altos apitos !

Allende, Fidel e Che;
Força mansa e força bruta.
Adiantou tanta luta?
Hoje resta ainda o quê ?

Lênin, Stalin e Trotsky;
Que luta vocês fizeram?
O tempo as desfizeram...
Nada mais existe ali!

Zapata, cadê você ?
Huerta e Pancho Villa?
O México virou tequilla!
Tanta luta para quê ?

Hitler e Mussolini,
Para quê tanto Nazismo?
Foi um desidealismo
Que o mundo não define!

Franco, porquê razão?
Que pensavas, que dizias?
Pôr tantas vis utopias
Baldaste a revolução!

Sandino, qual teu destino?
Que pôr meras cargas d’água,
Inflamou a Nicarágua
E nosso Zé Genoíno!

A mim também inflamastes,
Neste Estado pequenino:
Chico, Eu e Osmarino
Fazendo alguns empates!

Este filme que assisto ...
Estas causas me acende!
Porquê Isabel Allende,
Me fez lembrar tudo isto?
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4 comentários:

  1. No primeiro soneto, o Prof. Nazareno Lima retrata um relacionamento amoroso comum entre um homem e uma mulher. Alguns de seus críticos disseram que, esse relacionamento aconteceu de verdade entre o Professor e uma Professora de Brasiléia - Acre, popularmente conhecida como Cyra. Não se sabe até que ponto isto é verdade ou não, até porque existiam muitos fofoqueiros no círculo de amizade do professor, principalmente nas Escolas onde ele trabalhava.

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  2. No segundo Soneto o Prof. Nazareno Lima faz uma nova crítica, desta vez aquelas pessoas que estudaram, tem conhecimento porém, não se expressam na comunicação escrita e, por estas não participar da literatura não entendem e nem tampouco apoiam esta. Ele criticamente as chamou de "Mudos". "Mudos", segundo o Prof. Nazareno Lima são aqueles que, mesmo estando nas redes sociais, vivem no anonimato, uma vez que somente publicam vídeos e fotos ou imagens porém, o mais necessário, que é seu ponto de vista, sua ideia, eles sentem a maior dificuldade de expor. E assim nem mesmo a Internet é capaz de torna-los vivos.

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  3. No terceiro trecho, o Professor critica as revoluções sociais pois, segundo ele, não trouxe fundamentações sócio-estatais aos povos do mundo moderno. Muitas revoluções, como a Revolução Russa de 1917, a II Grande Guerra, a Revolução Mexicana e o domínio militar das Américas no século XX não trouxeram estabilidade sócio-estatal aos povos americanos.

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  4. Neste terceiro trecho literário em que o Prof. Nazareno Lima escreveu no dia 8 de Junho de 2000, foi inspirado em um filme sobre a vida de Salvador Allende e que foi articulado por sua filha Isabel. não se sabe ao todo o que levou a inspiração do Prof. Nazareno a produzir este poema sem nome. Dois anos depois, sem conseguir um título para o referido poema e mostrando o mesmo para o Prof. Evandro Luzia Teixeira, um professor de literatura e também sindicalista da cidade de Betim e que era natural de João Monlevade em Minas Gerais, então o Prof. Evandro, que estava em Rio Branco Acre a convite do Governo do Estado para articular o Sindicato dos Professores do Acre que se tornara muito amigo do Prof. Nazareno, batizou o Poema de "Tantas e Poucas" e por isso ficou o nome do Prof. Evandro na autoria do referido Texto.

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