domingo, 28 de janeiro de 2018

POESIAS ACREANAS - Océlio de Medeiros - 1971

CANTO DE NÚPCIAS
Océlio de Medeiros
Fui buscar nas constelações as mais lindas estrelas
para o meu manto de mago.
Fui buscar nas felpudas nuvens os macios chumaços
para fazer teu colchão.
Fui buscar no firmamento os retalhos mais azuis
para fazer teu lençol.
Fui ao fundo do mar buscar os mais suaves musgos
para o teu travesseiro.
Trouxe à superfície calma do oceano as ondas
para balançar teu sono.
Retirei da garganta dos uirapurus o canto
para eu te fazer dormir.
É da seda das brumas o teu véu de noiva, que eu
costurei com finos fio do luar desfeito.
Era da alva corola das orquídeas raras a tua grinalda
de pétalas que eu tirei sorrindo.
Por fim pedi à noite um pouco do seu escuro
para envolver a alcova de sutil penumbra.
Pedi ao tempo que parasse nesse instante
e o tempo parou,
parou,
parou,
até que amanheceu.
* * *
Eu sem meu manto de mago,
E tu despida de brumas,
Nós dois como crianças num colchão de nuvens,
num lençol de algas, nossas cabeças sonhando sobre
musgos.
E ambos despertamos para a vida!
Rio Branco, 1971

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