segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Biografia do General Gomes de Castro - Nazareno Lima 2010




                                                     Major Gomes de Castro em 1905
Agostinho Raymundo Gomes de Castro, nasceu na cidade de Viana no Estado do Maranhão em 02 de Março de 1864. Fez o curso preparatório em São Luiz e assentou praça em 1882, transferindo-se para a Escola Militar da Praia Vermelha em 1883. Em Dezembro de 1888 saía Alferes-aluno, nessa época aderiu aos pensamentos Republicanos, tornando-se um admirador de Benjamim Costant e Floriano Peixoto... assim torna-se um divulgador e propagandista ideológico da República. Em 1891 era 1º Tenente. Em 1895 era Capitão e torna-se, por indicação de Benjamim Constant, Professor da Escola Superior de Guerra. Em 1900 passa a Major. Em agosto de 1901 parte do Rio de Janeiro para o Pará com ordem do Comando Militar para sondar o Estreito de Óbidos, com objetivo da construção de um Forte Militar naquele estreito fluvial, ainda no Pará o Major Gomes de Castro recebe ordem do Alto Comando Militar do Rio de Janeiro para chefiar junto ao Alferes Azevedo Costa, uma missão com 30 praças do Exército Brasileiro no Acre em litígio com a Bolívia e no dia 04 de março de 1903 partiram de Manaus no vapor "Cidade de Manaus". No Acre em litígio, o major Gomes de Castro escolheu o lugar onde iria ser o acampamento geral das forças e o local escolhido foi o hoje, Bairro do 15 no seringal Forte Veneza - Volta da Empreza - Alto Acre. chegando as Forças Militares ao Acre, foi o major uma espécie de linha de frente do General Olímpio da Silveira e para todas as missões perigosas dentro da grande Floresta Equatorial Acreana fronteirça à República de Bolívia, como:  a sondagem no seringal "Gavião" em 17 de abril de 1903;  constante observações da movimentação de piquetes e espiões bolivianos que semanalmente apareciam nos varadouros e caminhos dentro das florestas nos seringais "Capatará",  "Gavião", "Campo Central", "Campo Esperança", "Missão" e "Tambaquy". Nesses trabalhos de levantamentos de movimentação inimiga nas fronteiras do Acre em litígio, o engenheiro e major Gomes de Castro fez uma das maiores bravuras de sua vida e de todo o Acre e quase que a história lhe passava por desapercebida se não fosse o próprio Plácido lhe relatar em seus apontamentos: no dia 14 de maio de 1903, Plácido com 300 homens (franco-atiradores) cercando o grande General Juan Manuel Pando em Porto Rico - Thauamano - Bolívia e este que dispunha de 500 homens bem armados...  faltando apenas 3 horas para o início do combate ...  quando aparece então o Major do Exército Brasileiro, Gomes de Castro  no acampamento de Plácido com o aviso do acordo do Brasil com a Bolívia de 21 de março de 1903... evitando assim o maior combate de guerra da Amazonia em todos os tempos ... e é talvez por isso que... se faz presente a biografia deste grande militar... na literatura acreana... fechando uma lacuna injusta nos últimos 100 anos de História do Acre. O major Gomes de Castro volta ao Rio em Janeiro de 1904, depois de cumprir sua missão nas terras acreanas. Ao retornar ao Rio de Janeiro passa a integrar a Comissão Glorificadora Marechal Floriano Peixoto e ao Club Militar onde era Secretário antes de seguir para as missões na Amazônia, - é bom explicar que o Exército Brasileiro após a proclamação da República adquiriu um valor muito grande no país e criou uma propaganda republicana imensa encima da figura dos Marechais Floriano, Deodoro, Lauro Sodré, Serzedelo Corrêa e outros chegando a cultua-los depois de mortos - além de suas constantes conferências sobre vários temas científicos, políticos, filosóficos e até religiosos. Acontece que o major Gomes de Castro era formado em Engenharia pela Escola Militar da Praia Vermelha mas, jamais construiu alguma obra, ele era mesmo especializado na Oratória, no Diálogo e na Filosofia Positivista de August Comte, era mais um Filósofo que um construtor, admirado e respeitado por todos os intelectuais do Rio de Janeiro e de 1900 a 1923 pouquíssimos intelectuais se assemelhavam a ele na arte de discursar em público no Brasil. Em 1908 passa a Tenente-Coronel e em 1911 foi reformado como General-de-Brigada. Em 1922 escreveu " A Pátria Brasileira - 1822 - 1922", um Documentário sobre a História do povo brasileiro com objetivos de comemorar o centenário da Independência do Brasil. O General Gomes de Castro faleceu no Hospital Militar no Rio de Janeiro na madrugada de 02 de Julho de 1927.

sábado, 18 de agosto de 2018

Dr. Inojosa Varejão e sua luta no Acre - Nazareno Lima - 2010

                                           Dr. Inojosa Varejão em 1922 em Rio Branco - Acre

Dr. José de Inojosa Varejão, perseguido pelo Cangaço em Monteiro na Parahyba onde era Promotor em 1911, veio para Senna Madureira em 1913, ajudar ao Dr. Alberto Diniz no Tribuanal de Apellação. Desentendeu-se com os Coronéis do Purús ( Principalmente o coronel Agostinho Meirelles) por conta dos desmandos que estes cometiam à sombra da Justiça por falta de mecanismos desta para detê-los. Foi transferido para a Villa Rio Branco e daí lutou na montagem da implantação da Justiça no Rio Abunã, onde era o maior esconderijo de bandidos, capangas e assassinos de todo o Acre. Em um primeiro momento montou a Comarca do Abunã no seringal Orion, aí então começaram as perseguições dos chamados "Alexandrinistas" e por conta disso o Tribunal de Apellação de Senna Madureira o transferiu para a Villa Plácido de Castro na confluência do Igarapé Rapirrã, onde o Dr. Varejão com muitas dificuldades conseguiu remontar aquela comarca debaixo das maiores críticas dos jornais da época. Depois de montada a comarca da Villa Plácido de Castro foi aquele doutor mais uma vez transferido, desta vez para montar a Comarca de Brasiléa que naquela ocasião era um distrito de Xapury, debaixo das maiores críticas, tanto do Jornal "Folha do Acre" de Rio Branco, comandado pelo Dr. Gentil Norberto, como também pelo Jornal "Correio de Acre" do Xapury comandado pelo Coronel Simplício Costa e Rodrigo de Carvalho. Não tendo o Dr. Varejão, condições de montar a Comarca de Brasiléa e por motivo de afastamento do Juiz de Xapury, o Dr. Varejão assumiu a Comarca de Xapury. Não suportando mais as críticas que recebia as quais já se transformava em ataques particulares a sua pessoa, teve uma ideia: montou o Club Parahybano em Xapury, participando desse Club vários Coronéis da Borracha, entre eles Childerico Ribeiro Maciel, que era proprietário do seringal Velho Porvir. Com a fundação desse Club Parahybano, que inclusive fazia parte também o Presidente da República Epitácio Pessoa, cessaram as perseguições Alexandrinistas. Em agosto de 1927 foi o Dr. Varejão transferido da Comarca de Brasiléa para a Comarca de Feijó. Em março de 1928, ainda era Juiz em Feijó. Não se tem notícias de quais as causas que o fizeram sair de Feijó e ir para o Rio de Janeiro e lá conseguiu um emprego de Delegado Regional na cidade de Jacarezinho no interior do Paraná onde um comerciante o assassinou covardemente no dia 3 de junho de 1930.
Sua esposa, D. Clotilde mais 4 crianças menores que se encontrava em Belém, tiveras que pedir ao Governador do Para uma passagem para o Rio, com fins de encontrar sua família.
O Dr. José de Inojosa Varejão descendia de duas famílias de intelectuais e militares da Paraíba, era filho do Dr. Maximiano José de Inojosa Varejão, advogado e lente de Português do Liceu Paraibano e de D. Anastácia de Inojosa Varejão, irmã do Desembargador Federal Geminiano Monteiro da Franca e do General de Divisão Octaviano Monteiro da Franca. Formado pela Faculdade de Direito do Recife em 1909 o Dr. José de Inojosa Varejão teve como companheiros de formatura: Aprígio dos Anjos e Alfredo dos Anjos(irmãos do grande poeta paraibano Augusto dos Anjos); João Suassuna (pai do grande escritor e dramaturgo brasileiro Ariano Suassuna); João Agripino Maia, futuro Governador da Paraíba) e mais 25 concludentes. Nasceu em João Pessoa ou Cidade da Paraíba (antes de 1930 a Capital chamava-se Cidade da Paraíba), no dia 28 de março de 1886.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Biografia do Cel José Plácido de Castro - Nazareno Lima - 2010




Esta imagem do Cel. Plácido de Castro foi a mais divulgada no Acre depois de sua morte, ela foi impressa na Itália em 1911 e foi publicada em vários jornais do Acre durante toda a década de 1910, além de ser disposta à venda ao público nas oficinas de vários jornais entre eles "Folha do Acre" de Rio Branco e "Commercio do Acre" de Xapury pela quantia de 20 mil Réis cada unidade medindo 60cm x 40cm. Esta foto foi retirada de um exemplar do jornal "Commercio do Acre" de Xapuri do dia 06 de agosto de 1916. (Nazareno Lima)
"José Plácido de Castro era o primogênito do segundo matrimonio do Capitão Prudente da Fonseca Castro, com Dona Zeferina de Oliveira Castro. Tinha o nome de seu avô paterno, o Major José Plácido de Castro, covardemente assassinado em 1830.
Nasceu a 12 de Dezembro de 1873 na cidade de São Gabriel, no Estado do Rio Grande do Sul.
Aos 9 anos de idade começa a trabalhar no comércio em São Gabriel, aos 11 fica órfão de pai e continua no trabalho no comércio, em seguida aprende o ofício de relojoeiro, atividade que desenvolve vez por outra.
Em 1890 assentou praça no 1º Regimento de Artilharia de Campanha, como 2º cadete. Mezes depois, matriculou-se na “Escola Tactica do Rio Pardo”, cursando-a com o maximo aproveitamento. Voltou ao seu regimento, onde serviu por algum tempo como 2º sargento. Ao rebentar a Revolução de 1893, era alumno da “Escola Militar de Porto Alegre” e figurava entre os primeiros da sua classe.
Já como official participou do cerco de Bagé, onde a haste da bandeira que plantou junto a trincheira principal das forças sitiadas foi cortada por um projectil. Serviu á Revolução com extremo devotamento. Partilhou de muitos combates. Quando o Rio Grande do Sul foi pacificado, era major e tinha dirigido temerarias arremetidas no Caverá e na varzea do Vacacahy, em disputados combates. "Genesco de Castro in Estado Independente do Acre e J. Plácido de Castro - Excerptos Históricos - 1930".
Terminada a revolução Federalista de 1893, os revolucionários foram anistiados por uma Lei do Congresso Nacional de 1895, depois disso Plácido segue para o Rio de Janeiro onde passa a trabalhar como Inspetor de Alunos da Escola Militar (set de 1997 a abril de 1998).
Em agosto de 1998 passa a trabalhar nas DOCAS de Santos em S. Paulo no serviço de processos quantitativos de importações de alimentos. nesse trabalho, Plácido recebe vários elogios, mesmo depois de haver saído em 1899.
O Curso de Agrimensor: Plácido adquiriu os seus conhecimentos em Topografia na Escola Militar de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul que possuía um dos melhores cursos de Agrimensura de todo o país, existindo desde 1884 e organizado desde 1888, oferecido na época a militares e civis - Plácido fez esse Curso de 1891 a 1893.
Plácido de Castro no Amazonas e no Acre:
A maioria dos Historiadores Modernos do Acre, dizem que o Cel. Plácido de Castro foi um oportunista e veio para o Acre com fins de comprar terras e ganhar muito dinheiro com a produção extrativista da borracha, porém esta é uma ideia puramente Alexandrinista.  Estes nossos historiadores, estão confundindo o Cel. Plácido com um "Paulista" dos anos 70.
Plácido chegou ao Acre em 1899, por puro acaso. Estava ele em 1899, trabalhando no porto de Santos na Companhia Docas, quando recebeu uma visita de um seu conterrâneo, o Engenheiro Gentil Tristão Norberto, que trabalhava para o Governador do Amazonas e tinha negócios no Acre. O Dr. Gentil vinha do Rio Grande do Sul e parou em Santos para visitar Plácido, com objetivo de trazê-lo para a Região Amazônica por puro interesse econômico: é que o Dr. Gentil tinha uma empresa de Agrimensura com sede em Manaus e queria trazer Plácido para trabalhar na execução dos serviços desta empresa, uma vez que Plácido era muito trabalhador, honesto e cumpridor dos seus compromissos. Gentil conhecia Plácido muito bem e sabia que seria muito rentável para ele Gentil, trabalhar com um agrimensor daquela qualidade, tanto é que Gentil bancou toda a despesa de viagem de Plácido até Manaus e ainda lhe comprou alguns equipamentos necessários. Gentil Norberto prometera a Plácido que em pouco tempo ele ganharia cinco contos de Réis nos serviços de Agrimensura na Região. Acontece que chegando a Manaus, Plácido fora trabalhar nos serviços repassados a ele por Gentil, ou seja, o Dr. Gentil contratava os serviços e repassava estes para Plácido com um valor inferior. Em outras palavras: Plácido era uma espécie de empreiteiro do Dr. Gentil Norberto e para piorar ainda mais a situação, os serviços oferecidos a Plácido estavam nos lugares mais difíceis: no alto rio Purus, no rio Pauini, no Yáco e rio Antimary, este último era um dos rios mais doentios de toda a Região Amazônica, tanto é, que Plácido logo adoeceu de impaludismo e beribéri e os pouco mais de três contos de Réis que conseguiu ganhar nestes serviços gastou todo com tratamento de saúde em Manaus. Isto durou aproximadamente até o final de 1900, quando Plácido, doente, chegou à Manaus, vindo do Pauini e do Antimary de carona no Vapor Solimões da Expedição dos Poetas e sem dinheiro para se tratar e o Dr. Gentil dizendo não ter, uma vez, segundo ele, não tinha recebido o dinheiro do Governo do Amazonas.  Acontece que o Dr. Gentil ficou insatisfeito com Plácido, por este ter deixado o serviço por concluir, no Rio Pauini, à procura de saúde em Manaus. Depois disso Plácido larga os trabalhos com Gentil e passa a trabalhar por conta própria apoiado pelo engenheiro Orlando Correia Lopes, que se tornara seu amigo além do Cel. José Galdino, Cap. Macário Miquelino da Cunha. Cel. Manoel Felício Maciel, além de outros. Quando enfim, Plácido resolve lutar no Acre contra os bolivianos, em julho de 1902, estava ele demarcando o seringal Victória do Cel. José Galdino no Alto Acre, acima de Xapury.
Na Revolução Acreana: participou Plácido de 7 dos 16 combates da Revolta, entre eles o segundo Combate da Volta da Empreza (11 dias de fogo) e o Combate de Porto Acre (9 dias de fogo). Com o Acre liberto do domínio boliviano, Plácido foi aclamado Governador do Território no dia 26 de janeiro de 1903. Com a chegada do Exército Brasileiro para fazer a segurança do terrotório litigioso, Plácido mudou seu governo para a cidade de Xapury (capital do Acre Meridional) e deixou que o General Olímpio da Silveira administrasse o Acre Setentrional com sede na capital Porto Acre. Quando desentendeu-se Plácido com as tropas do Exército Brasileiro e principalmente o próprio Gen. Olímpio da Silveira, Plácido dissolveu o Exército Acreano e voltou para o Rio de Janeiro - Essa atitude de Plácido foi o ponto fundamental de seu prestígio perante o Barão do Rio Branco e as autoridades brasileiras, isso levou ao Barão do Rio Branco e o Governo Brasileiro a reorganizar o Exército Acreano e entregá-lo a Plácido em Xapuri. Com a assinatura do Tratado de Petrópolis em novembro de 1903, a transformação do Acre em Território Federal e a continuação da administração do Cel. Cunha Mattos, Plácido então resolve então liquidar seus negócio no Acre e voltar para o Sul do Brasil, nesse caso aparece o Cel. Pedro Braga, filho do Cel. Souza Braga e cunhado do major Rôla, propondo a Plácido uma sociedade na compra do grande seringal "Capatará" por 120 Contos de Réis. (Plácido entrava na sociedade apenas com seu trabalho administrativo). Surge aí o grande administrador Plácido, quando faleceu em 1908, seu capital estava em torno de 1.300 Contos de Réis.
A morte de Plácido: muitos são os historiadores modernos do Acre e da Amazônia que hoje criticam o Cel. Plácido de Castro, mas nenhum deles tiveram a coragem e a ousadia de dizer porque o assassinaram... A principal causa da morte de Plácido foi a grande cobiça nas indenizações que o Barão do Rio Branco dizia ter aquelas pessoas ou empresas que tiveram prejuízos com a dita Revolta sem se envolverem na mesma. Os companheiros de luta de Plácido não entenderam essa Lei e posição do Barão, achavam os companheiros de Plácido que direito a indenização deveriam ter aqueles que lutaram e não aqueles que fugiram como Neutel maia, major Anselmo Melgaço, Cel. Silva Paula e outros... Então... Gentil Norberto, Simplício Costa, Antunes de Alencar, Alexandrino e outros, queriam que Plácido invertesse frente ao Barão esse acordo. Plácido foi emboscado na foz do igarapé "Distração", próximo do Barracão de Benfica, na manhã de domingo 09-08-1908 e faleceu no dia 11-08-1908 as 16:00h no Barracão de Benfica.
O Heroísmo de Plácido - Tem hoje muitos historiadores que condenam o heroísmo do Cel. José Plácido de Castro, não se sabendo por qual a razão - Plácido em vida não pediu para ser herói, pelo menos jornal nenhum afirma isso. O heroísmo de Plácido foi aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro em 2004.  Leonel Brizzola é herói nacional; Getúlio Vargas é herói nacional, Euclides da Cunha é herói nacional; Santos Dumont e tantos outros... Mas porque só criticam Plácido de Castro e Chico Mendes? será que é porque são heróis lutando pelo Acre. Será que o Acre é tão pobre que não tenha direito a um ou dois heróis.... ? Nazareno Lima in Acre - A História da História - 2010.

sábado, 28 de julho de 2018

Chalet do Seringal Guanabara em 1913.

Chalet do Seringal Guanabara - rio Yáco, Sena Madureira - Acre - Brasil. Essa era a residência do Dr. Avelino Chaves, proprietário do dito seringal. Foi nessa casa onde nasceu o Prof. Nazareno Lima em 25-11- 1955, quando aquele seringal pertencia ao Coronel Alfredo Vieira Lima e o guarda-livros do coronel Alfredo era Júlio Lima, avô do Prof. Nazareno. Esse imagem foi captado pelo Dr. Avelino Chaves em 1913 e publicada na revista carioca "Fon-Fon".

terça-feira, 24 de julho de 2018

Biografia do Dr. Virgolino de Alencar - Nazareno Lima 2010

Doutor Virgolino de Alencar, fotografado pelo jornal "Commercio do Amazonas" em Manaus, no dia 15 de setembro de 1907.


Dr. João Virgolino de Alencar, nasceu no Estado do Pernambuco, no dia 15 de setembro de 1867. Bacharelou-se em Direito na Faculdade do Recife em 1892-93.... advogou por alguns anos no Recife e por volta de 1895 foi para o Rio de Janeiro onde passou a trabalhar como Promotor em algumas cidades do interior do Estado de Minas Gerais e do Estado do Rio de Janeiro. Em 1903 passa a trabalhar como Delegado de Polícia na Cidade do Rio de Janeiro. Em 1906 foi nomeado pelo Presidente da República Prefeito do Alto Juruá. Durante a sua curta administração na Prefeitura do Alto Juruá envolveu-se numa confusão com o português espalhafatoso Fran Pacheco e este era protegido do General Taumaturgo de Azevedo, resultado: o Dr. Virgolino foi demitido pelo Ministro do Interior Tavares Lyra em Junho de 1907 e volta ao Rio de Janeiro. Em 1909 se candidata a Deputado Federal e se envolve em outra confusão pois ganhou a eleição, mas o acusaram de ilegibilidade, porém continuou lutando por seu mandato, o Presidente da República vendo que havia perseguição contra o Dr. Virgolino, o nomeou Juiz de Direito do Alto Purus no Território do Acre em 1911 e o Dr. Virgolino vem para Senna Madureira. No Território do Acre como Juiz, trabalhou em Sena Madureira, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. No dia 11 de agosto do 1919, justamente no aniversário de 11 anos da morte do coronel Plácido de Castro, apoiou um motim da Companhia Regional, articulada pelo Jornalista e Advogado Estevam Gomes de Castro Pinto mais 30 comparsas, (segundo alguns boatos da época o dr. Virgolino apoiou os revoltosos por medo de ser preso por estes) essa foi a última escaramuça revolucionária que houve no Acre. O Dr. Virgolino faleceu quase à míngua em Sena Madureira no dia 28 de dezembro de 1930 e a sociedade acadêmica do Direito Acreano não tiveras a coragem de lembrar aquele batalhador da Justiça do Acre com uma biografia na Internet.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Biografia do Cel, Joaquim Victor - Nazareno Lima - 2010



                                                   Cel. Joaquim Victor em 1905

Cel. Joaquim Victor da Silva, nasceu no Ceará em 15 de junho de 1863, veio para a região do Acre em 1892 trabalhar como gerente do seringal Caquetá de José Augusto de Oliveira, tornando-se em 1894 sócio deste explorador com a firma Oliveira Filho & Victor. Em 1895 adquiriram por compra o seringal "Bom Destino" com a mesma firma. Em 1897 associou-se com Aprígio Soares da Silveira que era procurador da firma Motta & Antoginy nos seringais São Paulo e Santa Filomena, no Baixo - Acre, uma vez que Motta ,& Antoginy estavam passando para o ramo da especulação imobiliária no centro de Manaus. Com Aprígio Soares da Silveira o Cel. Joaquim Victor montou a grande firma Soares & Victor e montaram o Complexo de Bom Destino, um aglomerado de 8 seringais somando mais de 800 estradas de seringueiras. 

O Cel. Joaquim Victor da Silva foi um dos maiores capitalistas da Borracha em todo o Acre. Participou de todas as rebeliões que houve no Acre. Era ele uma espécie de líder em todos os momentos de auge ou de queda na sociedade acreana. Foi Joaquim Victor o único coronel que ajudou o Dr. José Carvalho – advogado e jornalista cearense - a depor os bolivianos de Porto Acre em maio de 1899. Foi ainda um dos principais auxiliares do Império de Galvez no Acre. Depois da queda de Galvez foi ele e o Cel. Antônio de Souza Braga quem ficaram na liderança política da Região do Acre, participou também da Revolução dos Poetas e junto ao Dr. Avelino Chaves financiaram toda a despesa desta malograda empreitada.

Foi ainda o Cel. Joaquim Victor da Silva que junto ao Cel. Rodrigo de Carvalho, formavam a Junta Revolucionária do Baixo -Acre, além, é claro do Cel. José Galdino, do Alto-Acre, no auxílio e execução da Revolta de Plácido contra a Bolívia para anexação do Acre ao Brasil.

Joaquim Victor sempre viveu no Acre e com os seus seringais "Bom Destino" e "Caquetá", além da sociedade em outros no Amazonas inclusive no rio Purus. Assumiu várias funções, no Território do Acre, desde Prefeito do Departamento por apenas 1 mês em 1915, Intendente da cidade de Rio Branco, Presidente da Associação Comercial, Presidente da Associação de Seringalistas do rio Acre, além de outros. Em abril de 1911 mandou construir o Vapor "Nilo Peçanha" e junto a Honório Alves das Neves e João d'Oliveira Rôlla eram os Coronéis mais abastados do Baixo Acre. Todos os seus negócios eram em Porto Acre chegando a ter mais dinheiro que Newtel Maia, segundo alguns Tabeliões da época, uma vez que suas propriedades foram avaliadas em 5.000 Contos de Réis.

Em 1925, a borracha chega ao absoluto preço de 12 mil Réis por quilograma e o coronel Joaquim Victor liquidou toda a sua produção de borracha, caucho, castanha e madeira, pagou todas as dívidas que tinha nas praças de Rio Branco, Manaus e Belém, além é claro dos mais de 200 seringueiros que lhe produziam... Daí então, arrendou seus dois grandes seringais: “Bom Destino” que na época tinha mais de 500 estradas de seringueiras, mais um outro de nome “São João de Canindé” que ficava às margens do rio Iquiry e que somava 300 estradas de seringueiras, para José da Silva Dantas... juntou toda a sua família e foi morar em Manaus – Am. Por ter muitos negócios no Acre, vez por outra estava aquele coronel em Rio Branco e Xapury à negócios, uma vez que era Presidente da Associação dos Produtores de Borracha do Rio Acre.

O Cel. Joaquim Victor faleceu em Manaus no dia 20 de setembro de 1933 sem vender nenhum de seus seringais.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Biografia do Cel. Alexandrino José da Silva - Nazareno Lima - 2010

Cel. Alexandrino José da Silva em 1905, natural do Ceará, (segundo o Dr. Ferreira Sobrinho ele era de Morada Nova) chegou ao Purus em 1896.
Em 1898 trabalhava como aviado do Capitão Leite Barboza no seringal Humaitá no Baixo Acre. Em 1900 arrendou parte do seringal Bom Futuro, um anexo do seringal “Baixa Verde” e vizinho do seringal “Catuaba” e quando houve a Revolta do Cel. Plácido contra a Bolívia, ele ainda estava com esse contrato de Arrendamento. Participou de todas as revoltas que houve no Acre, desde o Combate de Papirí em 1901, até o cerco ao Gen. Pando no Thauamanu em maio de 1903. Era um homem de coragem e muito trabalhador. Em agosto de 1908 cometeu uma grande tragédia: incentivado pelo Prefeito Gabino Besouro, Dr. Gentil T. Norberto e os coronéis Simplício Costa, Antunes de Allencar, Rodrigo de Carvalho e outros - arquitetou uma emboscada que vitimou o Cel. Plácido. Ele sempre negou seu envolvimento nesse fato, porém seus ajudantes da emboscada o acusavam. Quando terminou a Guerra do Acre e da qual era um dos Comandantes, ele arrendou o seringal "Forte Veneza" do Major José Anselmo Melgaço, na Volta da Empreza e nessa época ficou ele responsável pelo "Vapor Independência" ex "Rio Affuá" de propriedade dos Revolucionários.

Em 1907 adquiriu o antigo seringal "Flor de Ouro" que estava abandonado desde 1900, por conta do exagerado corte contínuo e era situado na margem esquerda do rio Acre, ali entre a boca do Riozinho e Bemfica, também passou a trabalhar para a Prefeitura do Território do Acre, na função de Subdelegado de Polícia.

Logo depois da morte de Plácido, talvez por medo dos amigos de Plácido e também de seu irmão Genesco tentarem fazer alguma vingança, o Cel. Alexandrino apoiado pelo Capitão Francisco Corrêa que era parente seu e funcionário conceituado da Intendência da Vila Rio Branco, pediu sua exoneração ao Pref. Besouro, vendeu o seringal "Flor de Ouro “para o Major Rôlla e comprou algumas propriedades no Alto Acre, incluindo os seringais "Patagônia", "Porto 14 de Dezembro" e "Buenos Ayres", este último, na margem direita do rio Acre, portanto em território boliviano.  Estes seringais estavam localizados entre o seringal "Montevidéo" da firma Dias Peixoto & Cia. e o seringal "S. João" de Álvaro de Carvalho. Acontece que Alexandrino sempre teve cisma de andar na Bolívia por medo de alguma vingança dos bolivianos com relação à Revolta de 1902/1903, então arrendou o seringal "Buenos Ayres" para uma firma boliviana de nome Mariz & Rivas. (Mariz era Octavio Mariz, proprietário de duas farmácias em Xapuri e Rivas era Carlos Rivas, seringalista boliviano)

No dia 9 de setembro de 1911 estando ele neste seringal (Buenos Ayres) para acertar o pagamento da referida renda foi assassinado com um tiro de rifle 44.  Segundo o “Jornal Folha do Acre", ele estava de saída, na beira do rio Acre, sentado numa barrica esperando que seus empregados fizessem a manobra do batelão quando o alvejaram. O acusado foi um boliviano chamado Carlos Rivas, sócio de firma. Segundo o Jornal "Folha do Acre", o assassinato do coronel Alexandrino foi por contas de uma dívida de 40 Contos de Réis que ele tinha à receber do advogado Brunno Barboza, genro do Dr. Emílio Falcão, ambos de Xapuri. Em 1920, Octávio Mariz (o munheca de tatu assado) foi preso por contas do assassinato do coronel Alexandrino porém, em seguida fora solto, uma vez que Carlos Rivas, o principal assassino, já havia falecido.

Era casado com dona Francellina Maria da Silva e deixou dois filhos: Elisa Maria da Silva e Antônio Alexandre da Silva. Em 1914, dona Francellina e seus filhos ainda estavam trabalhando com estes seringais inclusive com um seu genro, esposo de Elisa, o Capitão Renato Souza.  O seringal "Buenos Ayres" arrendado para o Cel. José Raymundo Pimenta que era também proprietário do seringal Nazareth onde hoje está localizado a cidade de Brasiléia no Alto Acre.

A família do Cel. Alexandrino, depois de sua morte, sempre viveu no Alto Acre e liderada pelo Cap. Renato Souza, casado com Elisa desde maio de 1913, era ele um cidadão muito educado e sabido, administrava e fazia a contabilidade dos seringais "Patagônia" e "Porto 14 de Dezembro". Em 1912, na reorganização do Território do Acre comandada pelo Prefeito Dr. Deocleciano Coêlho de Souza, foi nomeado 1° Suplente de Juiz Preparador do 3° Termo (de Brasiléia).

Em 1915, o Cap. Renato arrendou o seringal "Corcovado", que se localizava um pouco acima do seringal Montevidéo, da firma Dias Peixoto & Cia e ali ficou até 1917, quando arrendou o seringal "Reducto" que se localizava abaixo do seringal "Canindé", ficando ali até por volta de 1919. Em 1920 Renato Souza já havia arrendado o seringal "Natal", que ficava um pouco acima do seringal "Porto Carlos" de Dom Lizardo Arana.

Com a grande crise da borracha aumentando cada vez mais no Acre, o Cap. Renato passa a trabalhar de guarda-livros, escrivão e Juiz de paz nos seringais "Carmem" e "Porvir", entre Brasiléia e Xapuri, ali trabalhando até 1930, quando passa a estabelecer-se em Brasiléia e trabalhando na Contabilidade da Prefeitura Municipal.

Em 1926, por conta da morte do Coronel Antônio Vieira de Sousa, escreveu uma crônica elogiando os feitos deste coronel e outros revolucionários falecidos e a publicou no Jornal "Folha do Acre", essa crônica impressionou os grandes jornalistas do Território do Acre e de Manaus. Por conta disso passou a colaborar com o Jornal "O Acre" a partir de 1929.

Depois da desvalorização da borracha, a partir de 1932 em diante, estabeleceu-se definitivamente em Brasiléia e continuou na Contabilidade daquela Prefeitura.  A partir de 1948, passou ele a contribuir com a Imprensa Acreana de Xapuri e Rio Branco, através de suas crônicas. Ainda em 1948, fundou a primeira Cooperativa dos Produtores Rurais de Brasiléia e neste mesmo ano passa a organizar o "Processo Arantes" na produção de Borracha daquela região.

Em 1958 foi agraciado pelo então governador do Território Fontenele de Castro com uma pensão vitalícia por ser ele veterano da Revolução Acreana.

Em 1961, o Governo do Território baixou uma portaria passando a pensão vitalícia para Elisa viúva do Capitão Renato.

Aquela rua do Bairro do Bosque em Rio Branco - Acre que leva o nome do Cel. Alexandrino, se faz por contas de uma antiga reivindicação do Cap. Renato Souza, através de suas crônicas em jornais do Território.

O Cap. Renato Souza nasceu no dia 9 de novembro de 1885, possivelmente no Estado do Ceará e faleceu no dia 10 de novembro de 1959, depois de 45 anos de casado com Elisa Maria de Souza, filha do Cel. Alexandrino.