- II -
Herdei-te pois, esta triste cinda:
Meu fraco corpo sob ti, habita
Mas, minha alma tristemente aflita
S'tá na floresta habitando ainda !
Este teu castigo, enquanto não abranda
E nem o meu nome a tua boca chama:
Meu magro corpo por justiças clama
E minh'alma triste entre vales anda!
Enquanto errada, contra mim se vingas:
Meu corpo frágil por tuas praças vaga
E minh'alma alva enquanto não se apaga
Vive nas matas à cortar seringas !
Enquanto trair-me-á por anos vindouros,
Meu corpo trilha por teus sujos becos
E minh'alma odiando estes matos secos,
Anda tristonha pelos varadouros !
Enquanto me exploras à cada vez mais,
Com tamanha mágoa, a qual me consome:
Meu pobre corpo vive à passar fome
E minh'alma vaga pelos tabocais !
Enquanto negares os direitos meus
Com estas tuas leis ultra-corrompidas:
Meu corpo anda à mendigar comidas
E minh'alma vive à se lembrar de Deus !
Este trecho de leitura que é a Parte II do Poema "AQUI" escrito em 1993, demonstra uma das expressões mais críticas da Poesia do Prof. Nazareno Lima. Na época fazendo Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente na Universidade Federal do Acre, ele ainda se expressava como um seringueiro expulso de suas matas e andando pela cidade de Rio Branco-Acre. A qualidade literária e crítica do Poema se faz por conta da realidade social existente ainda naquela época.O Professor incorpora o personagem seringueiro para na mais alta qualidade literária expressar o sentimento de revolta de um ser social de origens não urbana e que a cidade, apesar de atrai-lo não o aceita e este, sem poder voltar à sua floresta, somente anda nesta através de seus pensamentos que ele mesmo o chama de alma.
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