terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


        REI DO DESCONFORTO      
                             Nazareno Lima
Há  algo no mundo que não acredito:
É na grande miséria que estou passando!            
Pôr isso mesmo eu vivo estudando,
Este mau tempo, pôr demais desdito!

Enquanto eu vivo, pôr demais aflito
E os homens me vão multidescriminando,
A Natureza vai fenomenalizando,
A minha alma para ser um mito!

E nesta luta de injustiça e guerra,
Sou desvalido nesta tosca terra
E o que ainda peço é que ela me perdoe...

Mas... Ainda serei Rei neste desconforto,
Mesmo que seja depois de morto,
Tal Inês de Castro depois de morta, foi!
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                    VISÃO  -  II
                                      Nazareno Lima
Trocando olhares com a Natureza
E, vendo a beleza que ao homem fez:
Eu percebia a minha mesquinhez,
Diante daquela divinal grandeza!

Eu perguntei com grande estranheza,
A todas as energias que Deus perfez:
Pôr que o homem com sua hediondez,
Ataca aquela que lhe deu firmeza?

Eu vi, exatamente nesta ocasião,
A humanidade indo para a extinção
E dizendo-se a espécie que não erra...

E foi nesta infeliz introspecção
Que descobri a precoce finalização,
Da Espécie Humana pela própria Terra!
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             IDEALIZAÇÕES
                             Nazareno Lima
Pôr um desespero hediondo, perseguido ...
Pôr um descrédito social, crucificado ...
De uma luta sem resultado, cansado:
Vivo um momento sem ter sentido!

Para tudo isto pois, não fui nascido:
Eu tenho um ideal obcecado ...
Pôr que o mundo me considera errado,
Se é do mundo o que tenho aprendido?

Sei que não nasci para tudo isso:
Eu tenho neste mundo um compromisso
E está claro na minha raridade!

Hoje sem ter qualquer espaço aberto
Vejo que o próprio mundo me faz incerto,
Causando ao homem a inutilidade!
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2 comentários:

  1. No primeiro soneto o Poeta retrata também a vida do homem simples oriundo da Floresta e que por circunstâncias econômicas, políticas e sociais habita a cidade de Rio Branco - Acre sem as mínimas condições de sobrevivência. Mesmo o Poeta, com Nível Superior, era obrigado a receber 90 dólares mensais trabalhando na Prefeitura Municipal de Rio Branco - Acre em 1993.
    No segundo Soneto, o Poeta retrata a devastação ambiental ocorrida no Acre e Na Amazônia naquela ocasião e indo ele mais adiante diz que com o fim da Natureza a Espécie Humana também se acabará.
    No terceiro Soneto o Poeta retrata a falta de apoio a Cultura e aos ideais dos filhos do Acre pelas autoridades políticas e administrativas do próprio Estado.
    Enfim é este o ponto de vista sobre a Poesia Crítica deste autor que se destaca na Crítica Literária do Acre e da Amazônia.

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  2. A Poesia do Prof. Nazareno Lima, em algumas partes, está ligada à Fenomenologia de Merleau-Ponty e também à Fenomenologia do Espírito de Martin Heidegger. Isso impressiona quando, em algumas partes ele faz um auto análise da situação crítica em que vivia na década de 1990. Talvez a maioria dos seus leitores não tenham observado esse fato, uma vez que isto ocorre em alguns de seus sonetos, como é o caso do "Rei do Desconforto", aqui aparecendo sem data, o que é também raro, um outro que também retrata a relação com a Fenomenologia é "Minha Falta".

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