quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
SOLILÓQUIO Á MINHA MÃE - Nazareno Lima e Chico Mendes - 1982
⦁ VI –
Ao ver a orfandade futura, meu tino
Sofre um terrível susto ...
Tal aquele que sofreu Augusto
Quando escrevia “As Cismas do Destino”.
Tua derrota, ó Mãe, é tudo aquilo...
Onde não há forças que à abrande...
Te vejo como Alexandre, o grande
Tentando descobrir as nascentes do Nilo!
O seringueiro entrou em extinção ...
A seringueira também entrou:
Foi o capitalismo quem obrigou,
Esta destruição de irmão sobre irmão!
Tal o seringueiro amava o látex forte,
O sulista no Acre ama a grilagem
E tal qual a hévea odeia a friagem;
Tu foges sem poder, do poder da morte!
Quando as chuvas de Janeiro te encharcam,
Do teu duvidoso futuro não me lembro
E as flores das héveas no mes de Setembro,
São as poucas cousas que ainda me marcam!
Ó Mãe! Tal qual causa pena um aborto,
O teu genocídio causa pena ...
Essa gente te olha tal como a hiena,
Ao aproximar-se de um animal morto!
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