MAUS LAMENTOS DE 91
Nazareno Lima
- LVIII -
Não
espero ó Mãe, que a elite note
A bendita fome que tenho de escrever!
Essa
fome é a forma de me defender
Tal
qual a cobra quando arma o bote!
É
através desta escrita horrenda
Que
consigo vazar minha dor estupenda,
Já
que não me ouve, um desse magote!
Sem
poder combater o que me consome,
Aumenta
à cada dia a minha fome,
Tal
qual a fome que dominou Cazotte!
- LIX -
Seria
bem melhor eu não viver aqui;
Sob
más rejeições e necessidades;
Sofrendo
repressões das autoridades,
Sentindo
na vida o que nunca senti!
Não
vale a pena os meus conhecimentos
Faltando-me
os principais instrumentos
Vivo tal a profissão de um faquir!
Seria
melhor beber as águas turvas
E
andar nas côncavas e convexas curvas
Das
estradas de seringas do alto Xapuri!
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Obs. do Livro "A Boca do Varadouro"
Nazareno Lima - 2008
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