sexta-feira, 28 de julho de 2017

POESIAS ACREANAS - J. G. de Araújo Jorge - 1969

“Acre-Doce”

DSC05480
“Onde estás rio Acre?
Por que rio Acre
se suas águas são doces como "alfinim"
no mapa de minha infância?”


Sinfonia da infância:
rumor de chuva no telhado de zinco,
tão bom para dormir!
- rumor de chuva na floresta, besourada distante,
rumor das águas escachoando nas ruas,
caindo das calhas nas barricas cheias,
(que banho gostoso!)
- sinfonia da infância!

Música da banda passando na rua: do grande trombone
rebrilhante, caramujo de cobre
gorda espiral soprando rolos de "dobrados"
que eu ouvia embevecido e curioso, trepado no gradil
do coreto da praça.

DSC05473
Sinfonia da infância:
- o apito das "chatas" na curva da cadeia, rompendo a madorra
dos dias parados, iguais;
o tchá-tchá dos remos das catraias
chapinhando na água do rio, ritmados dentro da noite,
indo e vindo, Penápolis-Empresa, - Empresa, do outro lado
as luzes tremendo em fieiras nas águas do rio, -

(ó meus barcos de sonho, em rios de sombra
que ainda hoje correm sem margens, no tempo).

Onde estás
rio Acre, de Rio Branco,
rio vermelho que o tempo azulou,
que corres para a distância
e que foges de mim?

Rio Acre da minha infância
que sempre vais
de onde vim...”

Trecho do Poema "Acre-Doce" de J. G.  de Araújo Jorge 
in " O Poder da Flor  " – 1969.
PS.: As fotos são do blogueiro Raimari Cardoso
Xapuri - 2010

Um comentário:

  1. Esse Poema de J. G. de Araújo Jorge foi colhido do Blog "Xapuri Agora" do blogueiro e Jornalista Raimari Cardoso, grande articulador e revolucionista residente em Xapuri - Acre - Brasil.

    ResponderExcluir