quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

POESIAS ACREANAS - Dr. Francisco Mangabeira - 1898

SONETO DE DESOLAÇÃO
Francisco Mangabeira

Vai-te, pois, oh visão ideal do meu desterro...
Vai... Porque em teu lugar me fica o desangano...
São fundas e sem fim as trevas em que erro,
Como um barco sem leme entre os parcéis do oceano.

Num fúnebre caixão feito de bronze e ferro,
Vai um morto... Não tem para cobri-lo um pano.
É meu amor... Ninguém assiste ao enterro...
Ninguém chora... E quem chora a morte de um tirano?

Ai! mas uma outra dor dentro de mim se agita...
O amor que eu sepultei renasce na saudade,
E esta saudade atroz meus prantos ressuscita...

E amo-te ainda mais do que te amava outrora...
Porque este meu amor é como a imensidade,
Onde há o horror da noite e os encantos da aurora
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Um comentário:

  1. Esse e outros poemas do médico-poeta Francisco Mangabeira, foram escritos entre os horrores da Campanha de Canudos, onde houve os mais diversos tipos de covardia e violências de toda a história brasileira.

    ResponderExcluir