quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

POESIAS ACREANAS - Justo Gonçalves da Justa - 1910


“Do além túmulo”
                  Justo Gonçalves da Justa

O’ tu pérfida mão que a mim feriste,
Na bruta mata proditoriamente,
A forte vida de meu peito ardente
Em tão nefando crime exauriste!

Jactancioso, entre o povo que aqui existe,
Gozas, com ele, a vida impunemente.
E estreita à sua a tua mão inocente,
Como a mim, tu, a minha já cingiste.

De além túmulo, ouve, te malsino –
Uma voz a clamar sempre: ASSASSINO!
Sou eu que te maldigo e que lastimo

O povo que maldito sevo abriga,
Pois seres como tu segregam limo
Que alimenta a perfídia e gera intriga.
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
"Esse soneto foi publicado no jornal Correio de Acre, de 25 de setembro de 1910, e se refere à morte de um herói assassinado traiçoeiramente, numa alusão ao amigo e companheiro de combate Plácido de Castro, que morreu em uma emboscada preparada por seus ex-partidários, entre os quais, cita-se o Coronel Antônio Antunes Alencar. Interessante observar a forma culta como JUSTO escreve. Conclui-se, portanto, que o mesmo teve acesso a uma formação diferenciada e que talvez tivesse sido desenvolvida fora do Brasil. Fato este muito comum naquela época."

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