segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

POESIAS ACREANAS - Océlio de Madeiros - 1974


O QUE RESTOU
Océlio de Medeiros

O nosso velho amor!... Que está restando agora
de mim, de ti? De mim, a bronzea enrijecida
apolínea figura que se foi na aurora
do teu ventre exraizada em nossa despedida?

O nosso velho amor!... Que está restando agora
de ti, de mim? De ti, a Vênus esculpida
em curvas de alabastro que eras tu outrora
e cuja carne é agora flor emurchecida?

O que restou de mim, de ti, – quando é sumida
a libido do corpo à arrefecente idade –
restou em ti e em mim, é o que restou da vida...

São cinzas, nada mais, do amor da mocidade,
e na nossa quaresma onde o passado é a ermida
o coração só tange os dobres da saudade...
Rio Branco, 1974

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