quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

ECOS AMAZÔNICOS - 1992 - Nazareno Lima



O pio da inhambu-azul de madrugada,
O urro de um capelão desvairado
E o grito de um janaú revoltado
Diziam que tua vez era chegada.

Um pica-pau à procura de comida
Reproduzia uma voz assustadora:
Parecia o som duma metralhadora
Disparando contra a tua pobre vida!

Chamando chuvas, o pio da saracura...
Sobre um lago, piavam três marrecas
E o canto do uirapuru nas várzeas secas
Enunciavam tua morte prematura!!!

Enquanto à noite um ‘canoeiro’ cantava...
Eu defumava sobre o ronco da fornalha
E triste cantava uma rasga- mortalha
Avisando que teu fim se aproximava !

O barulho dos morcegos voadores,
O canto coletivos dos ratões
E o canto cansativos dos corujões
Premonizavam os teus exterminadores !

Ainda à noite, gritava a ‘mãe- da- lua’
Junto ao misterioso ‘canuaru’ !
Pensando no amanhã gritava um uru,
Prevendo realmente a morte tua !

A poronga era soprada pelo vento...
As mariposas querendo apagá-la
E o macaco-da-noite não se cala
Predizendo tudo isto e eu desatento!

O cantar do bacurau no amanhecer,
O desajeitado vôo do caburé
E num lago esturrando um jacaré
Profetizavam o final do teu viver!

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