quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

MAUS LAMENTOS DE 91 - 1991 - Nazareno Lima


              -XLIV -

Mãe, minha vida hoje é uma insônia,
Ante as injustiças e violências!
De tanto implorar por meras clemências
Vivo padecendo de grande afonia!
Talvez quem sabe, Por eu ser do Acre...
Depois destes 20 anos de massacre,
Minha vida é uma vil acrimônia:
O meu viver já é tão obsceno
Que nem sei porque me chamam Nazareno
E nem porque te chamam de Amazônia!
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    - LVI -
Deste meu triste eco, o impulso,
Vem do desespero das Classes Dominadas;
Pelo insano Capital, violentadas
E trazem consigo o ideal convulso!
Esse infeliz grito atabalhoado
É a vil saída do homem explorado
E que traz na alma o pensamento avulso:
E é esse maldito eco desordenado...
A herança da exploração do passado...
O lamento do seringueiro expulso!
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Um comentário:

  1. Este Poema que faz parte da Antologia "A BOCA DO VARADOURO", retrata a expulsão dos seringueiros da floresta acreana onde viviam a quase 100 anos,
    Essa expulsão deste pobre povo que não tinham instrução nem habilidades urbanas, foi o maior contraste já havido em toda a história da Amazônia. Nessa luta que começou em 1968 e foi ate 1988, isto de forma violenta, destacaram-se alguns líderes como Wilson Pinheiro, assassinado em Julho de 1980, Jesus Matias também assassinado, Evair Higino, também assassinado além de outros. Depois da morte de Chico Mendes assassinado em Dezembro de 1988, as expulsões continuaram porém de forma pacífica. O Prof. Nazareno Lima foi também um dos expulsos em 1972 quando tinha apenas 17 anos. Estudou na cidade porém, jamais esqueceu seu povo expulso e daí seus Poemas críticos e por incrível que pareça ele é o único poeta crítico de toda a história do Acre.

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