Nazareno Lima
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O cansaço que me vinha ao fim do dia;
Num balseiro, o chiar duma mucura
E o cheiro da baunilha já madura
Prediziam a chacina que viria!
O sol brando vez ou outra inda brilhava;
Com anelo, esperava-se o noteiro
E um cachorro que latia no terreiro
Predestinavam essa sina que chegava!
O pio agudíssimo dos tucanos
Que eu ouvia em abril após as chuvas
E o chiado sufocante das saúvas
Prediziam o teu fim em poucos anos!
O assobio estridente de um soim,
O alto chalrar de um papagaio ...
E os matutinos pingos do orvalho de Maio
Já previam o início do teu fim!
O agudo pio do gavião-tesoura,
O vôo do urubu-rei fazendo festa
E o zumbido de um serra-pau na floresta
Premonizavam esta ação devastadora!
O pio de um araçari esperto,
Percebendo o ninho de um bentivi
E o zunido da colmeia de jaty
Profetizavam o teu ser virar deserto!
O pio da inhambu-azul de madrugada,
O urro de um capelão desvairado
E o grito de um janau revoltado
Diziam que tua vez era chegada.
Um pica-pau à procura de comida
Reproduzia uma voz assustadora:
Parecia o som duma metralhadora
Disparando contra a tua pobre vida!
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