quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - 1982


               Nazareno Lima e Chico Mendes
 
                     - X -

Nada neste mundo me acalma o tédio
Ao ver minha terra transformada em frágua;
Meus olhos secos se enchem de água
E para a minha angústia não há remédio!

Torna-se cansativo lutar sem vencer ...
Onde todas as lutas tornam-se ilegais...
O protesto à chacina dos vegetais,
Poucos são os que querem fazer!

Mãe! Tua existência provocas atraso;
Tu és uma causa do subdesenvolvimento,
Essa é a filosofia deste confinamento,
Que para tua extinção já marcou prazo!

Na caminhada de teu fim não há pausa,
Tal quem corre para imensos precipícios,
Nem as oposições políticas nos comícios,
Hoje ousam defender esta triste causa!

Talvez da vida, nos seja esta, a sorte
Que os grandes, guardaram o segredo,
Nem Teotônio e depois Tancredo,
Pra não defender-te preferiram a morte!

A técnica da farsa que hoje sujeita
Ao velho ficar novo com a mesma filosofia.
Queria ser adepto desta covardia
Porém, minha consciência não aceita!

A etognosia tocando nossos sentidos,
Vemos homens comprando a Democracia
E até este governo de ginecocracia,
Nega os direitos dos pobres sofridos!

Esta democracia que das matas veio ...
Dizendo ajudar a quem nas matas vive:
Foi a maior decepção que eu tive
Pois, é antagônica ao nosso meio!

Andando nas praças... olho para os lados
E sem querer ver, vejo atravessadores,
Comprando votos de outros eleitores,
Como se fossem mercadorias nos mercados!

Tal muitos eleitores são também os eleitos,
Comprados pela predominante plutocracia,
Para administrar uma mórbida burocracia,
Que, contra a nossa causa não faz efeitos!

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