terça-feira, 19 de janeiro de 2016

SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - 1982

            Nazareno Lima e Chico Mendes
            
             - VI –

Ao ver a orfandade futura, meu tino
Sofre um terrível susto ...
Tal aquele que sofreu Augusto
Quando escrevia "As Cismas do Destino".

Tua derrota, ó Mãe, é tudo aquilo...
Onde não há forças que à abrande...
Te vejo como Alexandre, o grande
Tentando descobrir as nascentes do Nilo!

O seringueiro entrou em extinção ...
A seringueira também entrou:
Foi o capitalismo quem obrigou,
Esta destruição de irmão sobre irmão!

Teu passado brilhante eu não explico:
Pois, te vejo em profunda coma ...
Tu estás mais triste que a cidade de Roma
Quando caiu em poder de Alarico!

O que haveremos de fazer a esta raça
Que te disputam, tal o prêmio no jogo?
De todas as formas; a ferro e a fogo,
Estão te transformando em fumaça!

Tal qual a ferocidade dos cações
E o instinto destruidor de Nero:
Esta classe com objetivo severo
Ataca-nos sem pensar as razões!

Tal o seringueiro amava o látex forte,
O sulista no Acre ama a grilagem
E tal qual a hévea odeia a friagem;
Tu foges sem poder, do poder da morte!

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Um comentário:

  1. O poeta Nazareno Lima e o ecologista Chico Mendes em 1982, em plena devastação das florestas do Acre, expressavam através deste livro as mais revoltantes expressões poéticas da Amazônia em todos os tempos. Daí nota-se as causas que levou os Seringueiros do Acre a fazer uma nova Revolta, quase que semelhante aquela feita pelo Coronel José Plácido de Castro em 1902/1903.

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