MAUS LAMENTOS DE 91
Nazareno Lima
- X -
Mãe, estou perdido sem achar caminho;
Cheio de dúvidas e de incerteza.
Fazendo preces a avó natureza,
Vivendo triste e a chorar baixinho!
Amargurando pois a triste revolta,
Tal qual o dia em que escrevi "A Volta",
Para enunciar o meu desalinho...
Antes de preocupar-me com o teu fim,
Eu não pensava que acabasse assim,
Aquele meu trabalho de tanto alinho!
- XI -
Eu não perdi a fé de vencer
E ainda penso que nada perdi.
Quando me perguntam, digo que venci
E o Conhecimento me ajuda a crer!
Abrirei hoje outra alternativa
Para dar trabalho a mente repressiva
Do vil homem pobre que quer ter poder.
Homem particular de filosofia vã,
Perderá para o universal de amanhã
Para que a evolução torne a crescer!
- XII -
A minha vida sempre valeu nada
E para o mundo nada significo:
O pobre alienado é igual ao rico
E ambos seguem pela mesma estrada!
Sei que é funesta essa minha arte
Porém, estou fazendo a minha parte,
Para recompensar minha caminhada.
Se acaso eu vencer após ter morrido:
Fica a lembrança do dever cumprido
E o choro da energia desprezada!
* Aqui, num trecho do Livro
" Maus Lamentos de 91", o poeta retrata
um seringueiro amigo e companheiro
de Chico Mendes e que se vê na desilusão
de além de não vencer ainda perder o principal
líder e companheiro de luta.
A "Mãe" a que se refere o poeta é a Floresta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário