domingo, 19 de março de 2017

POESIAS ACREANAS - Maus Lamentos de 91 - Nazareno Lima - 1991

MAUS LAMENTOS DE 91

                         Nazareno Lima

    - XLIII -
Mãe, demente mesmo é quem não assimila
A grande injustiça que sobre mim, pesa:
Enquanto o meu pobre irmão me despreza,
A minha consciência está tranquila!
A minha escrita ao invés de lírica
É esta vil Literatura Satírica
Que, sinto até desgosto em exprimi-la!
Isso tudo que à minha existência, custa,
É bem pior que a emboscada injusta,
Que em 23 matou Pancho Villa!

    -XLIV -
Mãe, minha vida hoje é uma insônia,
Ante as injustiças e violências!
De tanto implorar por meras clemências
Vivo padecendo de grande afonia!
Talvez quem sabe, Por eu ser do Acre...
Depois destes 20 anos de massacre,
Minha vida é uma vil acrimônia:
O meu viver já é tão obsceno
Que nem sei porque me chamam Nazareno
E nem porque te chamam de Amazônia!


* Essa expressão do Prof Nazareno Lima
no 43º e 44º poemas dos "Maus Lamentos de 91,
identifica a revolta em que tiveram os seringueiros
do Acre à época de Chico Mendes. Lembrando que
a mãe a qual o poeta se refere é a Floresta Amazônica,
á que sempre os seringueiros acreanos a consideraram
como uma verdadeira mãe deles.

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