sexta-feira, 31 de março de 2017

POSEIAS ACREANAS - Nazareno Lima e Chico Mendes - 1982

SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - 1982
              Nazareno Lima e Chico Mendes
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Muitas vezes com a dor no coração...
Vejo quem matou-me a grande fome:
Devorada pela máquina e a mão do homem
Sendo paga nesta triste profissão!

Os negros corpos em ruínas nas queimadas,
Mortos pelo fogo; não parece ser sério...
É tal ossadas humanas no cemitério,
Quando expostas para ser exumadas!

Não sente o homem, a dor no coração,
Quando com o ferro, da árvore fere a casca?
É impossível analisar esta grande vasca,
Que a mesma sente na sua destruição!

Perlustrando o cinério cinerário,
Lembro a cremação de humanos corpos
Que o fogo queima, depois de mortos,
Após a celebração de um funerário!

Estes seres, ó Mãe, não são ascetas;
Teu fim é transformar-se em hulha...
E eu, sem poder ouvir a arrulha...
Sinto a angústia de todos os poetas!

Dos nossos inimigos, vejo os liames;
Assim como das árvores, vejo a laca!
A caça é substituída pela vaca
E o capim substitui os enxames!

Nenhum comentário:

Postar um comentário