SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - 1982
Nazareno Lima e Chico Mendes
A
inchação das cidades escorraça
A
composição natural das simbioses...
Chama
a miséria humana em altas vozes
E
cria o ser moderno em ameaça!
Porém
não nega a justiça, a Natureza:
Esta
vetusta região que o exótico ataca:
Seus
restos mortais; tanino ou laca,
Cobrará
aos netos inimigos, com certeza!
Mãe!
Eu porém sei que vais revidar,
Disso,
até eu próprio sinto medo:
Antes
que se intemperize um penedo,
Há
de expulsá-los para não mais voltar!
Cara
“peitica”, cale seu triste canto...
Após
a “friagem”, o verão chega:
Deixai
cantar os sapos chamando quem rega
A
este futuro campo santo!!!
A
vida hoje, Santa Mãe, é impetrar!
Os
teus filhos não são trânsfuga...
Organizando
a luta contra quem suga
Aquilo
que jamais torna-se a encontrar!
Vejo
a escara no tronco dos sobreviventes
Que,
calados não reclamam desta sina:
Com
o látice transformado em resina,
Esperam
melhores dias para seus sucedentes!
Hei
de pisar o caulin, um dia...
Entre
as clareiras praticar a cinegética,
Ver
a clorofila como a arte poética
E
o Ar puro dar-me mais alegria!!!
* Aqui, o Poeta Nazareno Lima e o
Ecologista Chico Mendes, nas periferias
de Rio Branco - Acre, escondidos da perseguição
da Ditadura Militar Brasileira e dos
pistoleiros dos Fazendeiros escreviam esses
versos para passar o tempo e se
distraírem da saudade das Florestas Acreanas.
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