segunda-feira, 8 de maio de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima e Chico Mendes 1982


SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - 1982
    Nazareno Lima e Chico Mendes

A inchação das cidades escorraça
A composição natural das simbioses...
Chama a miséria humana em altas vozes
E cria o ser moderno em ameaça!

Porém não nega a justiça, a Natureza:
Esta vetusta região que o exótico ataca:
Seus restos mortais; tanino ou laca,
Cobrará aos netos inimigos, com certeza!

Mãe! Eu porém sei que vais revidar,
Disso, até eu próprio sinto medo:
Antes que se intemperize um penedo,
Há de expulsá-los para não mais voltar!

Cara “peitica”, cale seu triste canto...
Após a “friagem”, o verão chega:
Deixai cantar os sapos chamando quem rega
A este futuro campo santo!!!

A vida hoje, Santa Mãe, é impetrar!
Os teus filhos não são trânsfuga...
Organizando a luta contra quem suga
Aquilo que jamais torna-se a encontrar!

Vejo a escara no tronco dos sobreviventes
Que, calados não reclamam desta sina:
Com o látice transformado em resina,
Esperam melhores dias para seus sucedentes!

Hei de pisar o caulin, um dia...
Entre as clareiras praticar a cinegética,
Ver a clorofila como a arte poética
E o Ar puro dar-me mais alegria!!!


* Aqui, o Poeta Nazareno Lima e o 
Ecologista Chico Mendes, nas periferias 
de Rio Branco - Acre, escondidos da perseguição 
da Ditadura Militar Brasileira e dos 
pistoleiros dos Fazendeiros escreviam esses 
versos para passar o tempo e se 
distraírem da saudade das Florestas Acreanas.


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