terça-feira, 28 de março de 2017

POESIAS ACREANAS - Nazareno Lima - 1992

Ecos Amazônicos  05- 09 - 1992
                          Nazareno Lima
Enquanto à noite um ‘canoeiro’ cantava...
Eu defumava sobre o ronco da fornalha
E triste cantava uma rasga- mortalha
Avisando que teu fim se aproximava !

O barulho dos morcegos voadores,
O canto coletivos dos ratões
E o canto cansativos dos corujões
Premonizavam os teus exterminadores !

Ainda à noite, gritava a ‘mãe- da- lua’
Junto ao misterioso ‘canauaru’ !
Pensando no amanhã gritava um uru,
Prevendo realmente a morte tua !

A poronga era soprada pelo vento...
As mariposas querendo apagá-la
E o macaco-da-noite não se cala
Predizendo tudo isto e eu desatento!

O cantar do bacurau no amanhecer,
O desajeitado vôo do caburé
E num lago esturrando um jacaré
Profetizavam o final do teu viver!

O bramir das onças me assombrava ...
O pio da ‘peitica’ me assustava ...
Uma cobra que chiando, coleava ...
Previam que tua morte já chegava!

A paisagem do tempo frio, era feia ...
Tal o som dos meus passos de covarde,
A noite chegava as 4:00h da tarde
E eu sem pensar em quem hoje te ateia!

O barulho dos ventos das friagens,
O ranger dos cipós nas árvores tortas
E um grilo à cantar nas folhas mortas
Premonizavam a maior das bandidagens!

O barulho mandibular das queixadas,
O assobio agudíssimo de uma anta
E o vôo da inhambu-preta que se espanta
Já previam teu futuro de queimadas!

Um comentário:

  1. O Poeta Nazareno Lima no texto "Ecos Amazônicos" em 1992 descreve realmente a vida de um seringueiro no corte da seringa no Acre na década de 1970. No sentido figurado o poeta sente que oa animais e plantas da florestas com seus sons tentavam avisar ao seringueiro do breve acontecimento da invasão dos povos do Sul brasileiro.

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