CATIVO
Oiteiro, 16 -2-1901.
Todo esse amor, tão vivo e tão profundo,
A que me apega um lúgubre destino;
Faz-me descer ao desespero mais fundo,
Quanto seduz o teu perfil franzino!
Todo esse amor celestial, divino,
Que faz-me alheio, indiferente ao mundo,
Como ele é casto e puro e adamantino,
Que mata a dor e que o pesar confundo!
Basta que em mim o teu olhar retenhas,
Para que me libertes das ferrenhas
Garras cruéis da negra desventura!
Quando implorar os lábios num sorriso,
Abres–me a porta azul do paraíso,
Da sedutora e florida ventura!
Juvenal Antunes
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