ENCHENTE
Mário de Oliveira - 1943
Mário de Oliveira - 1943
Faz
pouco, o rio parecia um veio
D’água,
humilde, a fluir calmo e cantante,
Modulando
saudades, se bem creio,
Do
recôndito berço já distante...
Agora,
entanto, alçando o colo, cheio,
Outro
parece, – bélico, arrogante,
Arrasando,
sem dó, qualquer bloqueio,
Que à
cavalgada infrene surja diante!
É belo,
assim, na galopada louca,
Qual um
corcel fogoso, espuma à boca,
Espumantes
balseiros conduzindo!
Espraiando-se,
túrgido, iracundo,
Parece
até querer tragar o mundo,
– Castigo
da Bíblia repetindo...
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